Aposta: Vintage Vantage
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Há uma velha frase que diz que o ‘baixo é a alma da música’. Não deixa de ser verdade, mas também não quer dizer que os graves devem ser limitados às quatro cordas convencionais. A grande sacada é saber aproveitar as oportunidade e usar com criatividade o que tem, seja limitação técnica, de pessoas ou se realmente sua proposta é sair do formato padrão de banda.
E se é para ousar, que se faça com estilo. Bateria, guitarra e piano. É assim, sem vocal, baixo e com um piano que a Vintage Vantage se apresenta para o mundo. O trio instrumental formado por Gabriela Ila (piano), Lucas Pacífico (guitarra) e Renan Magão (bateria) nasceu em Taguatinda-DF em 2010, lançando neste mês o seu segundo registro, o EP Neblina.
Parece pouco, quatro faixas, mas muito sentido no registro. A guitarra cheia de fraseados que conversam com o ouvinte, o piano misturando a base com algum toque de melancolia e a bateria segurando todas as paisagens psicodélicas da banda, fazem um conjunto coeso e muito funcional sem se prender ao convencionado musicalmente como ‘bom’ ou ‘o certo’.
Essa ousadia da banda é, na verdade, o seu grande diferencial. Tipo “Deserto”, segunda faixa do disco, que parece um Sérgio Mendes afogado em LSD, ou a título, “Neblina”, que soa como uma trilha de um horror movie bem antigo. A verdade é que a banda parece se focar em temáticas para suas canções, não se apega a estilos e tenta expandir ao máximo o seu universo criativo para além de um potencial progressivo onde seu som originalmente remete.
E este nem é o primeiro trabalho da banda, se você contar o auto intitulado registro disponibilizado em 2013. Seis canções que mostram uma banda tentando se expressar e encontrar o melhor espaço para isso, abusando de efeitos de guitarra e ainda com um baixista na formação. Não é a melhor gravação e produção, mas é uma banda tentando.
Neblina, o mais novo e indicado EP, é na verdade um vai e vem de climagens exploradas por uma banda ousada dentro de sua essência e que sabe usar muito bem sua versatilidade dentro da própria música. O trabalho saiu pelo selo Martelo Records, com produção de Gustavo Halfeld e gravação na sala Funarte. Se você quer que sua vida pareça um filme, com uma trilha sonora para cada momento, é melhor você dar o play nessas músicas.