Por Dayze Rocha, em Goiânia.
Com colaboração de Eduardo Araújo e fotos de Marcus Turíbio
Céu, principal atração da primeira noite do Festival Vaca Amarela
Que a água de Goiânia deve ter algo de especial, por todas as bandas nascidas por aqui, já não é mais segredo. Além de seus já tradicionais festivais como o Goiânia Noise, Grito pro Rock, La Bomba Latina, Bananada e o Vaca Amarela, que está acontecendo agora, é uma ótima oportunidade para entender o que rola por aqui. A cidade cativa por sua simpatia, acolhimento e claro, pelo rock (não apenas no sentido musical da palavra). Se você quer entender melhor, bem.. só estando aqui. Se quiser ter uma pequena noção, posso tentar resumir: a cidade é tipo um camarim de banda a céu aberto, com tudo isso que você está pensando mesmo.
Essa é a 13º edição do festival e, ao olhar a programação, você já saca o que tem de diferente: das 49 bandas, 37 são locais. A curadoria prima por escolher artistas daqui, dando oportunidade para diversos estilos, idades, acordes, cores e credos.
Realizado no Jaó Music Hall, o festival conta com dois palcos: um de frente para o outro. Assim que acaba um show, o outro começa e para acompanhar tudo, basta virar-se para o outro lado. Você só perde alguma música, se quiser.
O local conta com área de alimentação que não deixa a desejar, nem pela comida, nem pelo preço, um verdadeiro paraíso, ao menos pra mim. Um hambúrguer duplo com queijo e bacon, custa R$ 10,00. A cerveja R$5,00 e a dose de uísque, R$ 10,00. Claro que tem água, refrigerante e outras opções para comer, todas mais ou menos com o mesmo preço. Ainda há o espaço de conveniência, com barracas onde é possível encontrar material das bandas, cds, camisetas e mais. E nada de área vip. Para os convidados, imprensa e músicos, a organização montou um camarote na parte lateral do espaço, uma espécie de Camarim Coletivo. Ali, conhecidos e desconhecidos conversam como amigos de infância, sem frescura, acompanhados de cerveja, vodka, pinga, risadas e empolgação. É uma festa dos mais chegados, mesmo que você esteja sozinho.
O público é um show a parte: dificilmente vi gente mexendo em seus celulares ou com falta de atenção com quem estava no palco. A faixa etária do público, já caracterizada por receber gente mais nova (entre 17 e 23 anos), é maioria. A classificação é a partir dos 16 anos, acompanhados com os pais. A produção conseguiu a autorização uma noite antes e eu entendi o porquê, sim, eles comparecem. Ouvi falar que a galera aqui é acostumada a ir nos festivais desde cedo e apoiar a cena local.
Tudo começou às 18:00 horas, com as apresentações de Gutto Sansaloni que mostra uma vocação, mesmo que crua, muito inclinada para o erotismo e irreverência de Ney Matogrosso, Lust For Sexxx com um eletro-rock que nos lembrou os tempos estridentes de No Porn e Montage e ainda bandas como The Crooked Lines e Fernando Manso.
Bruna Mendes entrou em palco as 20h30 com a missão de reunir um público disperso que chegava aos poucos no festival. Com todo o carisma de uma garota fofa e cheia de sentimentos, ela trouxe uma banda afiadíssima e apostou em um formato guitarra, voz e bateria usando uma percussão eletrônica, o que não poderia ser melhor já que Bruna se desafia entre a mistura elementos modernos e tradicionais da música popular brasileira.
Bruna Mendez cativa pelo carisma e sutileza
Os Rios Voadores foram a surpresa da noite, do Dístrito Federal, eles chegaram ao palco as 21 horas, com um leve atraso na programação. Em uma aposta de rock e blues vimos um show enérgico recheado de elementos visuais que chamou atenção pela sintonia dos músicos no palco, e a presença dançante da vocalista Gaivota Naves e letras bem humoradas.
Na sequência, o Carne Doce mostrou porque antes mesmo de lançar um disco é uma prata da casa. Com suas letras que falam de amor, intimidade, separação e desejo, o casal Salma Jô e Macloys Aquino expõe um pouco da intimidade que criaram em palco. O público se rendeu logo nas primeiras canções do EP “Dos Namorados” e algumas inéditas do próximo disco, canções como “Fruta Elétrica” e “Passivo” fizeram com que essa apresentação fosse um divisor de águas para a popularidade da banda.
Carne Doce
O Catavento veio de Caxias do Sul de Kombi e virou a lenda do festival. Levando seu estilo definido como psicodelic garage noise ao palco 1, chamou atenção do público. A guitarra distorcida e o ótimo teclado mandam aquele tipo de som que você precisa de tempo para digerir e entender. Empolga porque é sujo, psicodélico e progressivo. A banda está há 13 dias na Estrada. Eles vieram diretamente da cidade natal e, na próxima semana, estarão em São Paulo.
Os headliners começariam a partir das 22 horas, onde o power trio da Bahia, Maglore, chegou e fez todo mundo dançar. Era possível ver o público, na beira do palco, cantando e dançando cada música. Até uma música inédita, foi acompanhada em coro e deixou com sorrisos quem viu os 30 minutos cravados apresentados.
O Shotgun Wives, outra banda goiana, entrou e já arrancou aplausos antes mesmo da primeira nota. O grupo com seu folk alegre e dançante é diversão e empolgação certa. A banda só pecou por mandar duas covers na sua apresentação de meia-hora.
A Banda Uó parecia a queridinha do público goiano, o trio faz até o ouvido musical mais chato bater o pézinho por um minuto. Não é funk, rock ou pop, mas agitou o público arrancando gritos e aplausos, porém o show parecia não encaixar no resto de toda a programação, tão deslocados eles estavam que ultrapassaram os 30 minutos o estabelecidos e atrasaram os próximos shows.
Já os Boogarins, depois de passar pela Europa, fez sua apresentação de uma hora sem decepcionar. Lucifernandes, música de trabalho do grupo, foi a segunda do setlist conquistando já no começo todos que estavam por ali. Banda boa é assim, mata logo no começo. Os meninos tem experimentado solos de guitarra mais longos, distorções com pedaleiras e microfonia o que só confere um charme a mais em suas músicas encerrando as apresentações do Palco 2 com o sentimento de que o rock não morreu coisa nenhuma.
Por último, chegamos a Céu, A cantora, responsável por fechar a primeira noite, era a mais esperada. Já ao entrar no palco, tocando piano, arrancou os maiores aplausos da noite. Infelizmente, pelo atraso ela entrou às duas da manhã, confesso que só vi o começo do show por esse fato. Um pena, já que Céu nunca decepciona.
Continue acompanhando aqui no Rock In Press a cobertura do Festival Vaca Amarela 2014. Até domingo tem mais!
Shotgun Wives também foi um dos melhores shows da noite, merecia uma atençãozinha ein.
Valeu Lucas, ficamos felizes q VC tenha gostado. ; )
Oi Lucas! Sim, eu adoro Shotgun Wives. O que aconteceu é que num erro de edição o parágrafo foi apagado. Já editamos 😉