Tremula, fraca mais acima de tudo, Carne Doce
Nem os cenários quentes de Almodóvar conseguiriam retratar o fervor emocional e sexual do Carne Doce. Agridoce como o nome já sugere, eles surgiram em 2013 com o EP “Dos Namorados”, um retrato íntimo do casal Salma Jô e Macloys Aquino. Agora, quase um ano depois, eles apresentam o disco auto-intitulado “Carne Doce” e integram João Victor Santana, Ricardo Machado e Anderson Maia na banda.
Como o trabalho anterior já tinha cumprido a missão de expor a pessoalidade do casal. O novo disco traz novas abordagens e temas mais abrangentes. Não que eles tratem de assuntos casuais, pelo contrário, com o espaço de 10 faixas eles conseguem expressar a relação com as cidades em que vivemos, o sexo, o fetiche, o tabu, o saudosismo e o amor.
São esses temas que fazem o Carne Doce se sobressair, músicas como “Passivo” e “Fetiche” tomam conta de quebrar a tônica da repetição em torno de assuntos como amor, rejeição, o amado e a perda. Não é que o grupo não fale desses sentimentos tão comuns da vida, mas é a forma em que se trata disso, que é muito mais contemporânea e direta, mas de uma maneira provocativa.
Não precisamos mais viver aquele amor impossível, inalcançável para soarmos românticos, podemos nos permitir mais e trazer à superfície o tesão, a vontade, a parafilia e tratarmos esses temas tão “escondidos” de maneira mais amorosa e passional. E são esses riscos, assumidos pelo grupo de Goiânia é que o fazem essa carne muito mais doce e saborosa como a nossa carne.
Nota: 8.5