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Tibério Azul – Em silêncio

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silencio

Nessa segunda feira as zero horas e quinze minutos eu me transformei em pai. Me transformei de forma mágica e incrível como um encanto transforma um sapo em um príncipe ou coloca uma princesa para dormir até que receba um beijo apaixonado. Me transformei como o sol dá lugar a lua e a lua cede lugar ao sol. Me transformei na mesma impossibilidade que a água líquida consegue ser pedra, consegue ser vento e consegue ser líquida de novo. Me transformei sem esforço e sem controle. Mas com toda a percepção possível.

Descobri rápido que um bebê recém-nascido tem cheiro de infinito.

Descobri de mim problemas, pensamentos variados, agonias, desesperos, ansiedade, fome, sede, raiva, pressa… e como se fosse o único caminho a seguir eu fique em silêncio.

Um silêncio profundo de dentro para fora.

Um nada com tudo dentro.

Agora acho que é daí que nos surgimos, que surge a arte. Do silêncio profundo.

Imagino alguém em completo encanto, sapo e príncipe, princesa e beijo apaixonado, livre das amarras tolas que nos consomem, em total imersão no silêncio… como seria? Um ser que talvez passasse despercebido da nossa razão, da mídia e dos palcos grandiosos. Um ser que dialogaria com o nosso não diálogo. Me peguei pensando que esse seria um artista completo, em toda as direções.

Tudo o que faço, as letras que abraço, as melodias que desenho, as canções que eu modelo, visam somente imitar a plenitude de um momento presente como um pai que pela primeira vez recebe sua cria.

A melhor canção que já cantei e cantarei foi esse silêncio. E espero que ele reverbere por toda a vida em mim.

6 COMENTÁRIOS

  1. Lindo!!! Parabéns, Tiba! Que a Branca seja motivo de muuuuitaaaas cores em sua vida! 🙂

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