Nessa segunda feira as zero horas e quinze minutos eu me transformei em pai. Me transformei de forma mágica e incrível como um encanto transforma um sapo em um príncipe ou coloca uma princesa para dormir até que receba um beijo apaixonado. Me transformei como o sol dá lugar a lua e a lua cede lugar ao sol. Me transformei na mesma impossibilidade que a água líquida consegue ser pedra, consegue ser vento e consegue ser líquida de novo. Me transformei sem esforço e sem controle. Mas com toda a percepção possível.
Descobri rápido que um bebê recém-nascido tem cheiro de infinito.
Descobri de mim problemas, pensamentos variados, agonias, desesperos, ansiedade, fome, sede, raiva, pressa… e como se fosse o único caminho a seguir eu fique em silêncio.
Um silêncio profundo de dentro para fora.
Um nada com tudo dentro.
Agora acho que é daí que nos surgimos, que surge a arte. Do silêncio profundo.
Imagino alguém em completo encanto, sapo e príncipe, princesa e beijo apaixonado, livre das amarras tolas que nos consomem, em total imersão no silêncio… como seria? Um ser que talvez passasse despercebido da nossa razão, da mídia e dos palcos grandiosos. Um ser que dialogaria com o nosso não diálogo. Me peguei pensando que esse seria um artista completo, em toda as direções.
Tudo o que faço, as letras que abraço, as melodias que desenho, as canções que eu modelo, visam somente imitar a plenitude de um momento presente como um pai que pela primeira vez recebe sua cria.
A melhor canção que já cantei e cantarei foi esse silêncio. E espero que ele reverbere por toda a vida em mim.
Lindo!!! Parabéns, Tiba! Que a Branca seja motivo de muuuuitaaaas cores em sua vida! 🙂
O Ser Pai
me emocionei…
Leia isso amor Rafael Reis…
Que liiiindo!! Perfeita definição!
Só mesmo quem tem muita sensibilidade é capaz de verbalizar tamanha beleza através das palavras!