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Tibério Azul: O Caminho que vai dar no Sol

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Na canção “Nos bailes da vida” de Milton Nascimento e Fernando Brant, o grande cantor brasileiro avisa sem pormenores: “cantar era buscar o caminho que vai dar no sol”. Assim solto e no único compromisso do calor no corpo a arte se expressa e dá seus passos em uma estrada infinita. Ao receber o convite para assinar uma coluna aqui no RockInPress topei de imediato sem refletir ou pôr causa à razão, o convite era caloroso e a busca é essa afinal.

Nesse espaço pretendo (pretensão que julgo por demais arrogante) desenhar palavras ao redor da arte. Ao redor como um roda de violão ou uma conversa na fogueira. Como crianças se juntam para observar algo novo ou adultos se abraçam para observar algo antigo.

Certa vez, em uma palestra do encantador Ariano Suassuna ouvi ele declarar acachapante: me convidaram para falar sobre esse tema pomposo que está escrito na entrada, mas a única coisa que eu sei fazer é contar histórias e é isso que vim fazer, seguido de aplausos da platéia já encantada.

Eu particularmente falo sobre poesia. E por mais piegas ou brega que isso possa parecer, é o que eu faço. Não falo da poesia formal escrita em decassílabos perfeito de rimas sequenciais harmônicas, mas da poesia invisível em cada coisa que pulsa o tal calor. Falo sobre o irrelevante, ou como diz o poeta Manoel de Barros, sobre as “grandezas do ínfimo”.

Como artista acredito que mais do que afinar minha voz a intervalos específicos de uma canção, meu trabalho é estar atento. Atento ao despercebido, ao que passa em velocidade e ao que nem aparenta se mover, atento ao interno, ao externo e ao oculto.

Hoje somos obrigados a cuidar por tempo demais das formas e embalagens. Isso parece consumir minha geração e desgastar toda energia que poderia ser gasta olhando o rio passar, observando quanta coisa um casal troca além de carícias, percebendo como um filho se joga nos braços do pai sem hesitar e como nem sempre a mulher mais perfeita nos parece mais perfeita, ou seja, coisas bem mais interessantes.

Por isso, por estar exausto com moldes pré armados, caixas e recipientes que nos adequam, por estar exausto ao enquadramento da forma, pretendo nesse canto dialogar sobre a essência, sobre o que está dentro, o que completa, a inspiração, a beleza, o encanto, a mágica ou como costumo chamar para facilitar meu vocabulário já curto: a poesia. Essa é a poesia que falo.

Espero de alguma forma aqui fazer novos amigos que compartilhem comigo dessa vontade de como Dom Quixote partir pela estrada em busca de vida. Um estrada que nos cerca e atravessa e que nos leva sempre a nós mesmos, o caminho que vai dar no sol.

É um prazer conhecê-los.

Crédito da imagem: Juliana Lombardi

8 COMENTÁRIOS

  1. Quinzenalmente também estarei aqui! Não tem como resistir á poesia que é esse Tibério…

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