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Tibério Azul: Ânsia e saudade

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A criança se sentia acuada e buscava um espaço onde pudesse ser útil a si mesmo. Buscava desenfreadamente como um recém nascido procura o peito da mãe. E um dia um violão encontrou o garoto e com o violão a música. Encantou-se com o encanto daquele brinquedo complexo e mergulhou antes que pudesse pensar sobre o que ou porque. Perdeu-se lá dentro em uma alegria contagiante. Passava horas a fio desemcapando a habilidade de produzir sons harmônicos e era suficiente. Tocou uma canção. Uma cancão que durou uma eternidade. Tocou outras canções e sentiu a necessidade de mais canções. Mais canções o encontraram e passou a buscar uma canção que o envolvesse por inteiro.

Procurava com ânsia e saudade. Até que uma dessa canções o encontrou desavisado. Precisava de mais canções como essa. Precisava sentir novamente. E uma a uma as encontrava em pequenos cantos esquecidos que com o tempo se tornaram óbvios. Buscava as canções e buscava juntá-las todas. Lançou um disco. Um disco onde apresentasse a tudo fora de si as sensações que experimentava. Subiu no palco e as sensações se renovaram. E se renovaram as descobertas. Passou a buscar esse palco.

Procurava com ânsia e força. Buscava mais palco e mais público. Buscava mais pessoas que justificassem esse palco. Com o dinheiro que ganhou viu surgir mais pessoas. Passou a buscar mais pessoas e maneiras de buscar mais pessoas. Pessoas apareceram e com elas as promessas de poder. E quanto mais podia mais buscava poder. Deu o nome de liberdade a essas promessas. Passou a largar pessoas para encontrar mais pessoas e promessas e liberdade.

Procurava com ânsia e pressa. Comprou carros velozes e profissionalismo para diminuir o tempo gasto. Ficou maior e ocupado e precisou de espaço. Passou a buscar espaço.

Procurava com ânsia e agonia. Precisava de mais palco para acelerar a busca. Buscava poder largar pessoas para encontrar pessoas com promessa de onde surgisse liberdade que o dessem espaço para ter livre poder. E buscava rapidamente com necessidade e ânsia e o coração apertado e palcos maiores e mais pessoas com menos pessoas e liberdade de poder até que um dia sem buscar de frente para o mar uma brisa o encontrou como lá atrás o violão o tinha encontrado e lembrou da música. Lembrou que não buscava mais música. E lembrou que antes da música buscava um espaço onde fosse útil a si mesmo. Já tinha encontrado. Faz tempo.

 

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