The Outside Dog Lança Novo EP, o Primeiro de Uma Trilogia
A mudança foi, do ponto de vista linguístico, radical para a The Outside Dog: o inglês de Shakespeare e Neil Young que reinava nos versos do quinteto paulista foi substituído pelo nosso português no folk /rock da banda em seu novo trabalho, o EP Outros Caminhos I. O registro de quatro faixas foi lançado na segunda semana de março e é, como o título sugere, a primeira parte de uma sequência. Dela, virão mais dois.
Formada por Pedro Gama (voz, banjo e violão), Ciro Jarjura (gaita e percussão), Rafael Elfe (voz e violão), André Sanches (contrabaixo elétrico e acústico) e Mateus Polati (bateria), a banda adicionou aos característicos instrumentos, sanfona e as participações de Bruno Peretti e Bruno Orefice, ambos da Monoclub, nas faixas “Dias de Chuva” e “Esperança”, respectivamente. A parceria entre as bandas surgiu após as duas integrarem o All Folk Fest em São Paulo, em novembro de 2012.
“Contramão” abre Outros Caminhos I com vitalidade e deixando bem claro que a banda não compra o que é vendido, não crê no que se crê e nem cai “nessa história que tudo foi em vão”, de que está na contramão. Depois, passeia pelo pop em “Dia de Chuva” e segue olhando para frente com “Esperança”. O que dá a beleza à música é a participação do acordeon de Bruno Orefice. Fechando com “É Preciso Lutar”, o EP diminui um pouco a velocidade enérgica, mas traz uma mensagem repleta de força de vontade, quase um grito de guerra assobiado.
Para baixar gratuitamente o EP, é só clicar aqui e digitar “0” no “Name Your Price”. Mas também, se gostou e quiser ajudar a banda…
Outros Caminhos I veio dois anos após o disco de estreia homônimo à banda. A decisão de dividir o novo trabalho em três partes surgiu desde o início do processo de produção. “Estávamos discutindo ideias para o ábum/EP (ainda não sabíamos o que ia ser) e todos concordaram que a banda só se ‘consolidou 100%’ com a entrada do Mateus e do Elfe. Ou seja, passamos por algumas etapas/fases até chegarmos onde estamos. Decidimos estender essa ideia e mostrar a ‘nova cara’ da banda em etapas/fases também”, contou Ciro em conversa com o RockinPress.
“Acreditamos que lançar EPs hoje tenha um impacto igual, se não maior, que lançar um álbum completo. A banda tem que se superar em cada etapa. E mesmo que ao final elas venham a compor um único álbum, não podemos nos dar ao luxo de acertar a mão no início e não manter a qualidade ou superá-la nas etapas seguintes”, acrescentou Pedro.
A banda ainda em sua fase de letras em inglês
Ao lançar o EP, a banda publicou em sua página do Facebook uma mensagem de agradecimento em que comentava também sobre sua evolução. Dizia que Outros Caminhos I marca uma mudança de “postura da própria banda em aceitar que as cartas já estão na mesa há muito tempo e que somos nós que escolhemos qual destino trilhar.” Estas tais cartas fazem parte do baralho do amadurecimento e da decisão de levar a música a ultrapassar a difícil barreira de hobby. “Nesse momento, você tem que decidir se haverá uma inversão de nomenclatura, e consequentemente postura, na maneira como você encara tudo isso. Músico independente nem sempre vive só de música, mas vive só pra música e faz de tudo para continuar a fazê-la”, explicou Pedro, que trabalha com cenografia de exposições de Arte e na produção do All Folks.
Já Rafael e o Ciro são designers, André Sanches já foi professor de sociologia e hoje trabalha como professor de baixo e com vendas de instrumentos e Mateus Polati “é nosso único músico /professor de música 100% do tempo.” Mas não importa as atividades paralelas exercidas pelos cinco integrantes da Outside Dog, suas músicas refletem bem a vontade de compor histórias e tocar os ouvintes em suas rotinas. Parafraseando Belchior, Rafael ressaltou que “você fica perdendo o sono, pretendendo ser o dono das palavras, ser a voz do que é novo. E a vida sempre nova acontecendo de surpresa, caindo como pedras sobre o povo.”
Fotos: Divulgação