A contemplação de Rodrigo Amarante @ Circo Voador / RJ – 11/01
Essa é a segunda resenha do RockinPress para as apresentações do Rodrigo Amarante, nessa série tentamos dar uma dimensão a turnê de “Cavalo”, mostrando suas singularidades e suas constantes, seja na recepção do público ou nas apresentações das canções. Veja a primeira resenha aqui.
O Circo Voador estava estranho, com um ar estafante e o próprio setlist vagaroso do DJ ditava o ritmo que seguiríamos aquela noite. O valor do ingresso e a concorrência com o Lulu Santos na Fundição Progresso fazia a casa não ter sua lotação, aumentando ainda mais a sensação de marasmo.
Por volta de meia noite, o capixaba SILVA subiu ao palco trazendo as principais canções do álbum “Claridão”, além de uma bela versão para Mais Feliz, de Bebel Gilberto e Cazuza. A plateia carioca sempre bem receptiva, destoava e não conseguia entrar no ritmo, tornado tudo ainda mais maçante. A apresentação de SILVA é feita para teatros, ambientes fechados que possibilitam uma submersão maior, algo que não seria possível naquela noite para o público que queria o Amarante, uma pena.
Após a apresentação do capixaba, houve um silêncio contemplativo até Rodrigo Amarante de Castro Neves subir solitário ao palco do Circo Voador, ovacionado por uma plateia hermanica. A meia-luz com o violão na mão, ele matava a saudade, saudade do carinho dos cariocas, de “Irene“ e de cantar para amigos e familiares que estavam na plateia. Logo a pós foi a vez de Gabriel Bubu (LH), Barba (LH), Lucas Vasconcelos (Letuce) e Gustava Benjão (Do Amor) se juntaram ao Amarante e como se fosse “Nada em Vão“, davam a harmonia certa nas próximas canções.
Veja o setlist completo do show aqui.
O mesmo problema do show do SILVA era visto durante a apresentação do Amarante. Momentos que deveriam ser mais introspectivos se perdiam em borborinhos da plateia, principalmente quando o cantor ia para o piano eletrônico. “Cavalo” e “Fall Asleep” foram exemplos disso, sendo os pontos fracos da apresentação. Sem contar a guitarra estourada e a voz em segundo plano em “Hourglass” e a estranha versão de “Maná”.
O Circo Voador, a Lapa, o Rio de Janeiro são redutos hermanicos. Seja no show do Camelo, no final de setembro; Nas seis apresentações do Los Hermanos ano passado, no coro em todas as canções em português do álbum “Cavalo” ou toda vez que o Barba ou o Bubu se destacavam durante a apresentação. Era belo sentir o calor da plateia, que era pra ser uma antítese do show do Amarante. Ele também sentiu isso e respondia com sorrisos e floreios ao público.
No fim, ficou nítido que a voz bêbada, que é marcante no álbum, não se fez presente. Mesmo sem essa pegada, “Tardei”, minha canção favorita, ficou incrível com o coro da plateia e dos músicos. O anel de ouro na mão do Amarante era um dos poucos objetos que brilhavam no palco, sendo o desfecho perfeito para fechar a noite.
O cantor voltou para o bis com uma má escolha: “Noster Nostri” tirou toda a empolgação da plateia, quebrando o ritmo, destoando de “Evaporar“, do Little Joy, que fechou muito bem a apresentação.
Belas fotos por Paula Marques.