Álbum: Home
Artista: Tipo Uísque
Lançamento: Abril de 2012
Selo: SLAP
Baixe: tipouisque.com
Rockometro: 8
Eu acredito fortemente numa segunda chance. A própria evolução humana já é uma prova de que não adianta julgar algo na sua primeira vista. Já tem alguns anos desde o meu primeiro contato com as jovens do Tipo Uísque, um contato não tão interessante e que acabou me causando alguma repulsa ao som da banda. Talvez isso tenha acontecido por algum preconceito pop-feminino, mas de fato o tempo provou ser o mais sábio.
Hoje, após assistir inúmeros shows da TU, me sinto a vontade para dizer: esta aí um bom exemplo do que será o futuro da música brasileira. Home, o recente trabalho, é um junção surpreendente de vocais pop e melodias complexas, que se misturam e suprimem versos numa desconstrução da fórmula básica de uma música comercial – o que soa contraditório para uma banda que compõe o cast do selo SLAP, da Som Livre. Essa atitude própria e descompromisso com formatos básicos são o convite certo para se aprofundar no trabalho da banda, todo escrito em inglês, e cuidadosamente trabalhado esteticamente.
“Half”, faixa que abre o disco, desliza entre dedilhados e rugidos da guitarra com facilidade e leveza. A canção ganha ainda mais brilho com os efeitos que a tecladista Line Lessa usa para preencher o fundo. O refrão varia de ritmo a cada vez que é tocado, sem em nenhum momento deixar o lado acessível da música morrer. Estas surpresas fazem parecer um desafio da banda em surpreender o ouvinte a cada acorde.
“Bend Your Knees” carrega um poderoso groove funkeado, guiado pela cozinha, e pontuado com um chamativo solo de guitarra. Pin Boner aproveitou a experiência do disco anterior e mostrou sua melhor performance vocal, trabalhando melhor linhas melódicas sensuais e arriscando-se mais, como em “Crystal Balls Eyes”.
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Infelizmente, as guitarras parecem perder um pouco do peso e foram para o fundo da gravação – que como foi feita na casa de praia da tecladista, não tem preparação acústica e acabou deixando o som inteiro do compacto mais aberto e sem uma pegada mais forte. Além disso, a gravação não passa o sentido ‘casa’ do título do álbum.
Ainda mais funkeado e menos rock, a Tipo Uísque se mostra agora única: cheia de referencias, mas sem nenhuma semelhança. O interessante foi a coragem de se arriscar e se mostrar, da forma que foi feita e sem precisar se prender a esteriótipos antigos, pois o pop está lá e os formatos também, porém retorcidos e retrabalhados para nunca parecerem os mesmos. São eles, o Tipo Uísque, que estão escrevendo o seu caminho, seja no palco do MADA ou do Lollapalooza, e mesmo com um grande selo, são mais independentes que a maioria das bandas brasileiras.
Fico feliz com a segunda chance. Valeu Marcos Xi!