Resenhando o Show da Jennifer Souza, Laura Lopes e Luiza Brina
Sexta feira à noite, num pequeno bar de esquina da zona sul carioca. Os transeuntes, de ouvidos menos apurados, deveriam achar que era apenas mais uma ‘banda de churrascaria’ se apresentando. Porém, ali estavam três brilhantes mineiras representando nossa nova mpb e celebrando o dia internacional da mulher: Jennifer Souza (Transmissor), Laura Lopes e Luiza Brina num encontro a base de voz e violão. E que vozes essas gurias tem!
A Jenninha, para os íntimos da banda Transmissor e dona de um extenso trabalho musical na cena mineira, ficou responsável para quebrar o silêncio daquela noite quente do verão carioca. Entre raridades, canções de sua banda (Como ‘Ares e Pulmão’ e ‘Bonina’) e músicas em francês, ela comandou de uma forma excepcional o primeiro set, para uma ainda tímida plateia.
Em seguida “subiram” ao palco: a Laura Lopes, que lançou seu álbum de estreia no fim do ano passado, e a Luiza Brina, responsável pelo excelente ‘A Toada Vem É Pelo Vento’ de 2011 (CD que ficou em 46º na lista de melhores discos brasileiros de 2011 do RinP).
As duas mineiras fizeram em conjunto o segundo set e começaram com músicas do disco ‘Abaporu’, da Laura, entre elas Carta de Despedida. Das três musicistas, o único trabalho que não conhecia era o dela, que me surpreendeu com sua voz sem igual. Ainda durante o segundo set foi à vez da Luiza Brina cantar algumas músicas do seu último álbum, como ‘Catamarã’ e ‘O Mar Espanha’. Não sei se foi por que a Luiza estava gripada, ou se por me encontrar com grande expectativa do show, mas as canções perderam força apenas com o violão, a falta do ‘Liquidificador’ (sua banda) foi bastante sentida.
Na plateia, amigos das cantoras e frequentadores do Clube da Esquina 3. Esse clima informal teve um lado negativo, o grande falatório entre as canções, por exemplo, pois para eles era uma reunião de amigos. Porém, deu para notar o convívio das três durante as músicas, o que enriqueceu a noite. Bobagens que ganham novos ares dentro de uma perspectiva, como saber que são fãs de música cabo verdianas e isso ser ponto de partida para a criação de ‘Enquanto o Cais’, notar os sorrisos de cumplicidade enquanto cantavam ou perceber os gestos e a forma de se portarem despojadamente.
Depois de uma pausa, ótimos papos e CDs da Laura Lopes e Luiza Brina devidamente comprados por mim, as três voltam para fechar a noite fazendo covers de canções que admiram. Vale o destaque para a excelente versão da Laura para uma canção da Lhasa de Sela. Não conhecia o trabalho da cantora americana/mexicana/canadense, mas já faz parte da minha playlist e aconselho todos a ouvirem.
No fim, ficou aquele gostinho de quero mais e ótimas lembranças de uma noite que me ensinou a curtir um show de uma maneira totalmente diferente, um lado informal que dificilmente conseguimos num show normal.