Resenhando Acabou La Tequila + Mallu Magalhães no Circo Voador
Numa noite chuvosa fora do comum para os cariocas, o palco do Circo seria esquentado pelo último show da turnê da Mallu Magalhães, a volta à casa de show do Acabou La Tequila e a primeira discotecagem do La Cumbuca.
Desde 1995 sem pisar no Circo Voador, o Acabou La Tequila subiu ao palco com uma difícil missão: animar o oceano de fãs à espera da Mallu, e para isso montou uma seleção de astros, com direito a formação original presente no palco: Renatinho, vulgo “Venatinho Renenoso” (Canastra) nos vocais, André Nervoso (Nervoso e os Calmantes) no teclado, Kassin na guitarra, Donida (Mantaza), surpresa da noite, no baixo, além da dupla bateria de Léo Monteiro e Rodrigo Barba (Los Hermanos).
Por serem músicos de primeiro escalão e com bastante bagagem musical, conseguiram contornar muito bem a má vontade da plateia e segundo a própria Mallu, foi “um show ninja”! Desde o inicio com “Kung Fu”, piadinhas e as canções mais loucas dos dois álbuns, ficou claro que eles tocavam para os poucos que ali os conhecia, dava para notar a perplexidade estampada nos rostos dos fãs da Mallu.
Vale lembrar que a abertura do Acabou La Tequila, foi uma escolha da própria Mallu, que os conheceu através do Camelo. A escolha por uma banda “estranha” para o público dos seus primeiros álbuns, o setlist do show, sua nova forma de se vestir, se portar , entre outras coisas, mostram a mudança que começou com o Pitanga (2011). Nessa transição, os antigos fãs da cantora estão ficando pelo caminho e, a cada dia, ela ganha novos. Quantos amigos que não a ouviam e gostam desse álbum você conhece?
Com a pitanga posicionada no fundo do palco, a Mallu subiu ao palco com seu modelito vintage. Com um ar blasé, a apresentação começou de uma forma bem burocrática, talvez pela gripe que a afligia ou o frio que tomava conta da madrugada carioca.
O show só começou de verdade quando ela soltou o cabelo. O crescimento dela veio junto com a pluralidade e qualidade dos músicos, que alternavam de percussão, a guitarras, passando por teclado, trompete, vilão, baixo e metalofone… Sem perder qualidade. Fica o destaque de “Te Acho Tão Bonito”, que teve arranjos muito bem trabalhos pela banda.
Já sozinha no palco, a cantora cantou duas novas canções, a primeira, “Lost Apetite”, precisa ser melhor trabalha, enquanto a segunda, “Me Sinto Ótima”, tem bastante potencial e animou bastante à plateia.
A terceira parte do show começou com “Velha e Louca” e trouxe uma Mallu mais performática, levantando a plateia, como ainda não tinha feito na noite. O seu jeito de menina desengonçada ainda se mostra presente nesses momentos, mas é interessante ver, que agora tem um toque mais sensual. O show ainda contou com covers de Louis Armstrong e do Manu Chao.
Já figurinhas repetidas, Marcelo Camelo e a produção da cantora subiram ao palco durante o bis, para participarem da percussão de “Sambinha Bom”, canção que finalizou o show de encerramento da turnê da cantora no Rio de Janeiro.
No fim ficou claro que a Mallu Magalhães não existe mais, a cantora renasceu, cresceu e se impõem no palco, junto com um excelente grupo de músicos. Agora, chamada apenas de Mallu, deixou de ser a jovem promessa para a mulher da música brasileira. Parafraseando o Marcos Xi em sua excelente resenha sobre o Pitanga: “Se os ventos fortes da inspiração baterem na janela daquele prédio da Zona Sul carioca, deveremos ouvir um novo Cê, um novo 4, ou melhor, um histórico disco da Mallu Magalhães em poucos anos”.
Fotos do show por Veluma Martins.