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Resenha: Slash convida você e seus amigos para um bom hard rock calça de couro

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Álbum: Slash

Artista: Slash

Lançamento: 1° de abril

Gravadora: EMI

Myspace: /slash

Rockometro: 8

Esta é a minha primeira resenha de disco do ano e estou em dívida com o Rock in Press. Fora as duas coberturas que fiz pelo site (Flaming Night e Franz Ferdinand), fiquei devendo as críticas dos discos novos do Vampire Weekend e do Spoon. E como toda primeira vez, tenho uma história para contar sobre como foi ouvir e escrever sobre o album do Slash: esta é a primeira resenha que eu faço algo no computador quando a luz acabou na minha casa. Viva o notebook! Vou ser rápido e aproveitar antes que a bateria acabe e eu fique na total escuridão dessa terça-feira molhada para os moradores da região sudeste do país.

Estava com o pé atrás com o tal disco solo do Slash. Não apenas um, mas os dois pés. E nem foi por conta da participação da vocalista do Black Eyed Peas (devo confessar que já resenhei um disco da banda e o texto foi CEN-SU-RA-DO aqui no Rock in Press), mas por conta da alta expectativa em torno do projeto. Slash não chegou a imitar seu antigo melhor amigo do universo Axl Rose e o megalomaníaco Chinese Democracy, mas toda a mídia estava em polvorosa e explodindo de ansiedade pelo resultado final. Quando se imaginou que o ex-guitarrista do Guns N`Roses iria reunir Chris Cornell, Dave Grohl, Adam Levine (Maroon 5), Ozzy Osbourne, Iggy Pop e Fergie em um único disco?  E quem iria arriscar que o projeto seria muito melhor que o último disco de sua famosa ex-banda? Pois é. Slash conseguiu a proeza de ser, até o momento, o melhor trabalho que ouvi em 2010.

Slash, o album e não o guitarrista, é forte. Impactante. Pesado. Cria momentos históricos para os fãs de Nirvana e Guns (o encontro de Dave Grohl, Duff McKagan e Slash na faixa “Watch This”). E consegue fugir do risco de ser apenas mais um disco de encontros e participações especiais que ficará esquecido em breve. O guitarrista surpreende bastante no projeto, tanto nas escolhas de participações especiais quanto na sua técnica musical: Slash não é mais um guitarrista punheteiro e demonstrou maturidade na questão dos arranjos e solos de suas músicas. Vale dizer que ele demonstrou versatilidade também, já que se em uma faixa temos a presença do comedor de morcegos Ozzy Osbourne, na outra temos ninguém menos que o vocalista do Maroon 5 em uma bela balada radiofônica. Isso é para poucos.

O album já começa bem com a participação de Ian Astbury, do The Cult, na faixa “Ghost”. Da virada inicial da bateria, passando pela riff viciante da guitarra e a voz grave e poderosa de Astbury. Slash não quis deixar a desejar no cartão postal do disco e mostrou logo uma das melhores faixas do disco. Logo depois é a vez de Ozzy Osbourne cantar em “Crucify the Dead”. Pena que seus trabalhos próprios não conseguem atrair a minha atenção, pois Ozzy é dono de uma das melhores vozes do rock. Talvez a faixa 3 seja a mais polêmica do album. Slash declarou várias vezes que Fergie é a melhor cantora de rock que ele já viu em ação e que não tem dúvidas de que ela deveria parar de cantar seu hip hop pop. Não sei quanto a vocês, mas no refrão de “Beautiful Dangerous” eu consigo descobrir o motivo das declarações do guitarrista. Será que é por o timbre vocal dela ser muito parecido com um certo cantor que recentemente fez turnê no Brasil?

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O ex-vocalista do Audioslave surge na faixa “Promisse”. A participação de Chris Cornell não poderia ter vindo em hora melhor, já que o Soundgarden anunciou seu retorno e presença em diversos festivais ao longo do ano. A música, graças a Deus, está bem distante daquilo que foi produzido no terrível Scream e lembra mais o caminho dos primeiros discos solo de Cornell. O que, apesar de não ser grande coisa, a transforma em uma das minhas favoritas do disco. Destaque para o solo de Slash. “By The Sword” tem a participação do vocalista do Wolfmother e uma levada gostosa e que soa como um dos melhores momentos da banda de Andrew Stockdale.

Aliás o disco do Slash tem como único defeito (o que é grave) a falta de identidade. Tudo acaba parecendo uma versão melhorada das bandas e projetos originais dos convidados (o que é curioso). Quem pode se aproveitar disso é o cantor Adam Levine do Maroon 5, já que a faixa “Gotten” provavelmente vai tocar muito nas rádios. Bem como acontece nas canções do Maroon 5. E de fato, é uma linda canção para embalar romances ou dias reflexivos.

Para terminar a extensa crítica do debut solo do Slash, preciso comentar sobre o encontro épico entre ex-Nirvana e ex-Guns n` Roses. A faixa “Watch This” é instrumental e poderia passar (quase) despercebida, mas o peso do nome falou mais alto e o resultado foram os melhores quatro minutos do disco. De uma riff interminável e insana para um solo a la David Gilmour, com direito a uma conclusão brutal. Excelente. O final ficou reservado para o maluco do Iggy Pop e suas ideias sobre o fim do mundo. Em “We all gonna die” impera a diversão e a ordem de que, se nós todos vamos morrer, precisamos ficar doidões e bem, curtir nossas mulheres e sermos bonzinhos.

A maioria das faixas foi gravada pelo trio Slash, Josh Freese (um dos melhores bateristas da atualidade)e do baixista Chris Chaney (que já tocou com a Alanis Morissette e Jane`s Addiction). Existem faixas bônus, não presentes no disco, que contam com participações de Nick Oliveri, Flea e do baterista Travis Barker. Isso sem mencionar que Slash não conseguiu ter Jack White entre seus convidados e outros tantos que acabaram de fora da festa. Mas isso não alterou em nada o resultado final de seu primeiro disco solo: Slash é uma porrada sonora e que vai agradar dos fãs do guitarrista aos curiosos por conhecer uma nova faceta do símbolo do Guns n` Roses. Imperdível.

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