Resenha: Placebo @ Chevrolet Hall 16/04/2010
O Placebo já é figurinha carimbada no Brasil. Anos atrás fizeram uma tour quase que pelo país inteiro e como normalmente acontece com bandas gringas, possuem uma das mais fieis legiões de fãs do planeta. São diversos sites nacionais sobre a banda, são tantas mil pessoas em comunidade do Orkut e isso sem falar naqueles que apenas gostam e escutam de vez em quando. Eu me enquadro nessa categoria. Tanto que quando o Marcos Xi fez sua resenha do último trabalho de estúdio dos caras, onde ele deixou claro o seu descontentamento e o de tantos outros fãs antigos (vale dizer que o Xi é uma daquelas pessoas que mencionei que simplesmente amam a banda), eu discordei de boa parte do que foi dito.
O album Battle for the Sun pode até não ser excelente e do nível dos trabalhos anteriores, mas conseguiu me agradar mesmo com o grande apelo para conquistar novos fãs, que necessariamente não iriam apreciar a pegada original da banda de Brian Molko. Porém poderiamos concluir que, apesar de ser a turnê de divulgação do trabalho, o repertório iria valorizar as clássicas canções do Placebo. Mas foi exatamente o contrário.
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Julien (por Fernanda)
Os britânicos se apresentaram em um quase deserto Chevrolet Hall em Belo Horizonte nessa última sexta-feira. Haviam todos os tipos de pessoas no meio do público: de garotas sensuais fantasiadas de Alice (aquela do País das Maravilhas, saca?) até os preferidos do Ronaldo Fenômeno (não estou brincando). Muitos aproveitaram o grande espaço vazio para ficar em seus grupinhos, enquanto uma pequena (mas apaixonada) minoria se espremia na frente do palco.
Exatamente as 22h, as luzes se apagaram e o telão passou a mostrar a imagem de um sol. A trilha sonora escolhida foi abafada pelos gritos ansiosos da plateia que assistiu a entrada de Steve Forrest (baterista), seguido dos músicos de apoio: Fiona Brice (teclado, voz e violino), Nick Gravilovich (guitarra) e William Lloyd (baixo, guitarra). O baixista/guitarrista Stefan Olsdal e o líder Brian Molko (voz e guitarra) entraram na sequência e foram bastante aplaudidos. Sem trocar uma palavra com o público, pegaram os instrumentos e começaram o show.
As reações variavam o tempo inteiro durante a curta apresentação. Do começo eufórico com músicas como “For What`s Worth” (responsável pela abertura), ” Ashtray Heart” e “Battle for the Sun” para momentos de tédio total em diversas músicas descartáveis do novo album e que poderiam ter sido facilmente substituídas por outras músicas dos discos anteriores. Em seu primeiro (e creio que único) momento de interação com os mineiros, Brian Molko contou uma estranha história para introduzir “Speak in Tongues”, também presente no último disco.
E a ordem do set list não foi nada generosa com os fãs antigos, que só ficaram contentes ao ouvir “Every You Every Me” em um dos melhores momentos do show. A música ganhou uma pequena introdução que dificultou o reconhecimento inicial até os primeiros e inconfundiveis acordes. Pouco depois tocaram “Breathe Underwater”, uma das melhores faixas do novo disco. Pena que o telão estava atrasado e ficou mostrando a imagem da lua até que uma ou duas músicas depois passou a mostrar imagens de pessoas nadando.
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Taste In Men ( por Fernanda)
De positivo na apresentação da banda, podemos destacar o cuidado em modificar (ou estragar, dependendo do ponto de vista) canções mais antigas. “Meds” ganhou uma versão modificada e a mesma coisa se repetindo em outras músicas mais conhecidas do público. Uma pena não terem ousado mais e terem deixado a frieza inglesa atrapalhar na interação com o público. Depois de conferir um show elétrico do Franz Ferdinand, fica dificil gostar de um frontman com performance de palco tão controlada. Pelo menos o baixista Stefan atraiu as atenções ao tocar músicas como “Follow the cops Back Home” e mostrar que domina tanto a guitarra quanto o baixo.
Ao todo foram nove músicas do último disco. Com certeza seria aceitável se o disco tivesse a mesma força ao vivo, o que não acontece. O resultado foi um show apático e que se não fosse pela boa forma vocal de Brian Molko, a pegada agressiva no estilo Dave Grohl do baterista Steve Forrest e o charme obscuro do baixista Stefan Olsdal, teria sido desastroso.
O Placebo tem força e história, mas infelizmente não soube dosar bem na escolha e organização do repertório e ainda por cima foram extremamente burocráticos. Se é para fazer sempre o mesmo show, que seja cada vez melhor e mais explosivo. Como se a repetição fosse algo que valesse a pena ser vista, da mesma forma que o Franz Ferdinand fez recentemente no país. Apesar de tudo, valeu a pena só por terem tocado a sequência “Special K” e “Bitter End”. O gosto poderia ser bem mais amargo ao final de tudo.