Resenha: Os Macacos de Josh
Humbug, o terceiro album do Arctic Monkeys, é um bom disco. Nada espetacular e nada indispensável. Sua importância maior será para o futuro da banda, já que muitos fãs antigos vão torcer o nariz para o resultado da parceria com Josh Homme. Humbug se destaca pela experimentação. A banda arriscou e abandonou de vez o estigma de banda para bombar nas pistas. Não que isso signifique a aposentadoria de nossos sapatos dançantes, pois existem músicas boas para dançar, mas o foco é outro. O flerte com uma atmosfera mais sombria que começou no album anterior, ganha vida e força nas 10 faixas do novo disco.
Desde o fim da turnê passada, o Arctic Monkeys começou a mudar bastante. O vocalista Alex Turner montou uma banda paralela com um sósia do Paul McCartney e evoluiu como compositor e musico. Para aproveitar a nova fase, Josh Homme foi convidado para produzir o disco. Para quem não sabe, Homme é o cara responsável pelas músicas do Queens of the Stone Age, uma das bandas mais interessantes do rock mundial. O resultado foi um disco pesado, com distorções afiadas, bateria agressiva e o baixo bem mais presente. Mas nada tem mais destaque do que o talentoso vocalista. Humbug é uma amostra de que Alex Turner é bem mais que aquele garotinho franzino que em 2006 lançou o primeiro disco com sucessos como “When The Sun Goes Down” e “I Bet you Look Good on the Dancefloor”.
Junto do Strokes e Libertines (bandas que influenciaram bastante o som do grupo), o Arctic Monkeys foi considerado por muitos como “a principal banda da nova geração” ou ainda como “os salvadores do rock”. Este terceiro disco põe por terra as afirmações daqueles que consideravam o Monkeys como uma banda passageira e sem nada a acrescentar. Humbug é rock visceral, mas não deixa a identidade do Arctic Monkeys esquecida no passado. Até mesmo canções mais pesadas como “Potion Approaching” (uma homenagem descarada a “Very Ape” do Nirvana) mantém aquela pegada característica dos dois primeiros discos.
Humbug certamente vai gerar muita polêmica entre os fãs. Existem faixas como “My Propeller’ (abertura do album, conta com uma riff hiptnótica); “Secret Door” (a beleza rara do disco. lembra um daqueles b-sides que a banda nunca colocou em nenhum dos discos anteriores) ; e até arriscaria dizer que o primeiro single “Crying Lightning” (uma das melhores músicas do disco) e “Pretty Visitors” também correm o risco de agradar tanto os fãs antigos quanto os novos, mas seria arriscado afirmar tal coisa para uma banda com fãs tão “descolados” e “cults”. Se você não se encaixa em nenhuma categoria, pode ouvir e ser feliz. Pode até não ser digno de entrar no top 10 do ano, mas certamente é um excelente cartão postal para os fãs de um rock n’roll mais jovem e inconsequente.
Nota: 6
2t dias