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Resenha: O Grito do Cornell

7
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Álbum: Scream

Artista: Chris Cornell

Gravadora: Universal

Lançamento: 10/03/2009

Site: chriscornell.com

Rockometro: 4

O que a Britney Spears e o Chris Cornell tem em comum? Acertou quem disse que os dois tiveram seus momentos de loucura. Se a gostosa da Britney decidiu engordar e rapar a cabeça, o ex-vocalista de bandas incríveis como Soundgarden e Audioslave, decidiu fazer uma parceria com o midas do pop mundial: o produtor Timbaland. O resultado? Aquele Chris Cornell que você conhecia, morreu. O album Carry On foi seu último respiro e já flertava com uma ideia diferenciada, o que acabou acontecendo quando as primeiras músicas do novo trabalho começaram a pipocar na internet. Ou seja, estamos diante de um novo cantor. É a única forma honesta de falar de uma pessoa que recentemente ganhou destaque ao cortar os cabelos do guitarrista no meio de um show. É. Sério. Você leu isso aqui.

O cd Scream já começa com uma canção digna das boates de músicas hip hop, mas com uma pegada que lembra um filhote bastardo do trabalho do Nine Inch Nails. Grudenta e dançante, “Part of Me” até que não é uma música ruim, afinal, poderia estar em qualquer disco do Justin Timberlake.

“Time” começa como se fosse uma parte da primeira música (rá). Mas quando chega em 2’10 você tem vontade de pegar os discos do Audioslave e começar a ouvir imediatamente. Kurt Cobain dizia que a música boa era a primitiva, a simples, mas as rimas que Chris Cornell inventou de jogar na música… Nem o Black Eyed Peas faria igual.

O que eu pensei que aconteceria apenas da música 1 para a 2, tornou a se repetir. Será que o Cornell está tentando imitar o excelente Le Fil da francesa Camille? Se a resposta for positiva, credo. Um amigo comentou que só faltava os gritinhos e os passinhos para o Cornell realizar o “sonho” de ser o Michael Jackson. Tenho quase certeza que ele estava se referindo a “Sweet Revenge”. É a pior do disco até agora.

Definitivamente ele tentou imitar a Camille. Não sei se o critico mais por isso ou vejo como algo positivo. Mas a questão é que se for positivo, o que diabos ele tinha na cabeça quando resolveu brincar de ser aprendiz da Madonna? A música “Get Up” é movida aos efeitos oitentistas e sintetizadores. E não é que quando a música ganha peso e distorções, a faceta Michael Jackson surge?

Ok. Achei que não podia ficar pior, mas fica. “Ground Zero” é zero no meu conceito. Chris Cornell grita ‘When all falls down’ e mostra o seu lado alternativo. Medo. Essa música poderia estar em qualquer disco do batedor de mulher Chris Brown.

A música “Never Far Away” não é nada mais que o encontro de “Bliss” do Muse e “Cry me a River” do Justin Timberlake. É a primeira balada do Scream e estou com saudade da época em que “Like a Stone” era o mais brega possível na vida do vocalista do Audioslave. Acho que será a primeira que vou passar adiante… Não estou conseguindo ouvir esse refrão. Além de Muse e Justin Timberlake, acabo de sentir que aos 3’50 existe um bocado de Coldplay. E logo depois mais distorção seguido de um canto de uma orda de orcs saída do Senhor dos Anéis.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=dbNHaJKTk7g]Clipe da Música “Ground Zero”

Se o refrão de “Never Far Away” já era ruim, é porque ainda não havia escutado “Take me Alive”. A batida indiana é como se fosse um ritual, além do falso peso que talvez seja o único reflexo da época boa e honesta do cara. O mesmo amigo que considerou o disco ridículo, disse que essa música deve entrar na trilha sonora da novela global Caminho das Indias.

“Long Gone” foi a primeira amostra da parceria entre Timbaland e Chris Cornell. Se não fosse o nosso conhecimento das coisas que o Cornell já fez na carreira, provavelmente esta seria uma boa música para aqueles jantares românticos ou passeios noturnos. Ela tem uma pegada gostosinha de se ouvir, mas estamos habituados a julgar e imaginar que o compositor de “Cochise” fez algo assim, é meio que aceitar que os Beatles ainda é a melhor banda do mundo. O que quero dizer é que “Long Gone” é a minha segunda faixa favorita do Scream.

O Timbaland pode ser o cara no pop atual, mas acho que tem muito a aprender no rock. Essas falsas introduções no fim das músicas não ficaram legais. O que poderia ser o ponto alto do álbum, acabou sendo uma parte bem chata. Timbaland é daqueles produtores que não se conformam em ficar apenas com o crédito pelo resultado final, ele gosta de participar também. Em uma digna música da Nelly Furtado, ele solta suas rimas. “Scream” é de dar medo.

Vem cá que vou te falar umas boas verdades!

Quando pensava que o disco não poderia ficar mais bizarro, eis que a introdução de “Enemy” soa como um funk carioca. Sintetizadores. Anos 80. Glitter. Confetes. Tudo que me vem na cabeça ao ouvir Cornell gritando “Enemy, enemy, enemy”. Chegando ao final do disco, acho que uma coisa é certa: Chris Cornell e eletrônico não combinam. Por mais interessante que tenha sido a ideia de juntar forças com Timbaland, esta não é a praia do Cornell.

Uma esperança? Assim que a bateria de “Other Side of Town” começa, as lembranças do Audioslave ressurgem. Mas logo entram as novas referências do Cornell e o que poderia ser a salvação de Scream se transforma em mais um encontro bizarro. N’Sync, Audioslave e Rob Orbinson (“Pretty Woman”), sem falar nos gritos de “OoOoOo” que remetem ao Coldplay. De qualquer forma, acho que é a terceira favorita.

Thom Yorke e o Radiohead devem ser um dos nomes que sentiram vergonha alheia do Scream. Afinal, “Climbing Up The Walls” é uma das faixas do excelente Ok Computer. Felizmente (para o Radiohead) as duas músicas não tem nenhuma relação. O mesmo não pode ser dito da semelhança com The Wonders e sua “That Thing You Do”.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=pBjBFEByEDE]Clipe da música “Scream”

Finalmente a última música. Chris Cornell grita “Watch Out” em uma música que Kanye West queria ter feito. É uma boa canção, dançante e bem animada. Certamente deve fazer sucesso nas boates do estilo. Se é que eles também não enxergaram com preconceito a parceria entre duas figuras tão distintas. Se eu fosse o Chris Cornell, tomaria cuidado com o terreno que estou pisando. Nunca se sabe quando o 50 Cent vai aparecer e dar alguns tiros para manter seu lugar na música.

O resultado final de Scream é que a ousadia de Chris Cornell não cativou os fãs antigos. Não é que ele tenha feito o pior disco da história (isso eu deixo para o NX Zero), mas foi o ponto mais baixo de sua carreira. Existem músicas legais sim, mas não é a maioria e como falei antes, não é todo mundo que está disposto a deixar os preconceitos de lado e abraçar um estilo musical tão menosprezado e um produtor tão talentoso como o Timbaland. Mas essas pessoas não podem ser culpadas, o Scream pode aterrorizar muita gente. É como o “CheFí” (Leia-se o “Todo poderoso”, o qual está editando esse texto agora) disse: “A ideia é boa, é bem produzido, mas a voz do Cornell não combina com isso. Este disco logo será esquecido”.

Ouçam por sua conta e risco.

ps: Não havia ouvido o disco antes de escrever a resenha. Fiz ao mesmo tempo para ser o mais sincero possível. A primeira impressão é a que fica.

ps2: Quer uma definição objetiva para o disco? O Scream é daqueles que servem de trilha sonora para vídeo pornográfico amador…

7 COMENTÁRIOS

  1. obrigado moça! estamos melhorando e um dia faremos uma boa resenha! hahahahahahah

  2. […] O cúmulo maior. Um xingamento e destruição de um legado de 20 anos. É tão ruim que o próprio músico resolveu regravar partes do álbum tamanha a vergonha alheia que ele proporcionou na música. Depois resolveu reformar o Soundgardem para esse ano e tentar recuperar alguma moral que – será? – ainda tem. Mereceu mesmo o puxão de orelha que o Trent Reznor deu via Twitter e mereceu muito bem essa posição, pois não há uma pessoa no mundo que tenha gostado dessa bolacha – e nem o próprio Cornell. O Erro: Tudo. TUDO. T-U-D-O. Nível: PÉSSIMO Resenha: O Grito do Cornell […]

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