Resenha: O Duo de uma Pessoa Só

Álbum: La Roux

Artista: La Roux

Lançamento: 29/06/2009

Gravadora: Polydor

Myspace: myspace.com/larouxuk

Rockometro: 7

Junto com Little Boots e Lady Gaga, o duo britânico La Roux foi uma das grandes apostas para 2009. Realmente. Desde o final de 2008, eles começaram a provocar a curiosidade dos que ansiavam por música nova. Lançaram aos poucos três singles – “Quicksand“, “In for The Kill” e “Bulletproof“. Esse último foi o que mais marcou, sendo elogiado até como obra-prima pela Lily Allen no twitter. Como os singles são muito diferentes entre si, o álbum prometia ser um oásis de experimentações.

Eu sei o que é esperar vazar um CD. Esse primeiro disco do duo pelo menos me causou mais ansiedade que as outras promessas do electro-pop desse ano. Paralelamente à Gaga e Little Boots, que lançaram seus debuts antes, La Roux veio ao mundo para se diferenciar. Além da androginia de Elly Jackson – a frontwoman da dupla -, as batidas oitentistas dão uma atmosfera mais retro-futurista (contraditório?) à música deles, chegando, em certos momentos, a assemelhar-se a um funk carioca sintetizado.

Entretanto, o álbum decepciona. A batida dos anos 80, os sintetizadores e o funk carioca são deliciosos de se ouvir. Mas usar isso em TODAS as faixas é exagero. Não chega a ser um álbum tão enjoativo quanto o dos Ting Tings, mas o “diferencial” de ser um duo acaba virando um fardo para os nossos ouvidos. Já que eles aparentam possuir apenas um sintetizador e um microfone para as músicas. Algumas das faixas ainda continuam ótimas, porém com tratamento inferior às mesmas músicas nos singles, como é o caso de “Bulletproof”.

A dupla também mostra que o talento para fazer músicas dançantes é inversamente proporcional ao para fazer músicas mais calmas. Além de usar as mesmas batidas, as músicas mais lentas são jogadas para o fim do álbum, enquanto os singles ficam na primeira metade. Essa disposição contrastante das faixas quebra totalmente o momento dançante do disco, fazendo com que a vontade de escutar o álbum se esgote lá pela 6ª música – afinal, as faixas nos lugares certos ajudam a construir um bom álbum, não?

Eles prometeram demais (ou eu que esperei demais) e decepcionaram. La Roux continua ótimo, mas teria ficado melhor lançando vários EPs do que esse álbum mediano.

por André Matiazzo