Resenha: Música com cor a oito mãos
Artista: Oito Mãos
Lançamento: 08/02/2010
Gravadora: Independente
Myspace: http://www.myspace.com/oitomaos
Rockometro: 9,0
Muitas vezes um álbum nos cativa pelo nome que o assina; outras vezes um nome nos cativa pelo resultado do álbum que assinou. Este é o caso de Oito Mãos, quarteto campineiro formado em 2005 por Leandro Publio (guitarra e vocal), Felipe Bier (baixo e vocal), André Leonardo (guitarra e vocal) e Adhemar Della Torre (bateria). Depois de um disco de demos lançado no mesmo ano e alguns singles no decorrer dos quatro anos seguintes, a banda lançou em fevereiro deste ano seu primeiro álbum de estúdio, liberado primeiramente em versão virtual e disponível no site oficial da banda.
Vejo Cores Nas Coisas foi gravado ao longo de um ano em home studio próprio, o que proporcionou detalhes e peculiaridades que os diferenciam, garantindo uma marca própria. São esses detalhes, como a gravação de rádio em “Ninguém” e o som da chuva em “Marina”, que expressam certa dose de experimentalismo e personalidade e nos aproximam do universo de cada música.
Mas não é só em experimentalismo que é baseado o som da banda. Oito Mãos é uma banda de rock com tudo o que vem agregado ao título, mas passeia entre o britpop, com influências confessas como Travis e Coldplay, e esbarra na MPB, além dos vocais simultâneos que soam como uma bela ode aos garotos de Liverpool. Com três compositores e cada um com suas influências, o álbum possui diversidade criativa e dinamismo, ao mesmo tempo em que a sintonia entre eles garante unidade ao conjunto.
A tríade guitarras + bateria + baixo cumpre muito bem seu papel, com momentos de riffs leves que se aproximam ainda mais do rock sessentista. Os vocais arrastados trazem ares quase britânicos, enquanto as letras simplistas e líricas imprimem uma atmosfera singela que remete à MPB.
Em “Ninguém” pode-se notar o máximo de experimentalismo do disco, com vocais quase ininteligíveis e a inserção de trechos de gravações aleatórias, como de um programa político de rádio. Todo esse experimentalismo é contrabalanceado pela sonoridade pop e o refrão fácil de “Alguém”.
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“Encontro de Almas”
“Encontro de Almas” ganha destaque pelos riffs repetitivos à ‘60s e pelos vocais simultâneos, aqui em sua melhor forma, aliados ao lirismo dos versos. Esse lirismo é mantido em “Passarinho” e acentuado pelos acordes suaves e os vocais quase preguiçosos, que dão à música uma atmosfera de sonho e nostalgia. “Claire” “Café” e “Verniz” chamam a atenção pela quebra de ritmo, enquanto “Marina” ganha destaque pela atmosfera simplista, com seu violão, gaita e ruído da chuva. “Quando eu for pro mar” carrega em seus versos poéticos uma melancolia que encerra o disco com saldo positivo.
A doçura de Vejo Cores Nas Coisas faz com que este seja o tipo de álbum para ser degustado e ouvido repetidamente, com a certeza de que as faixas ganharão uma cor diferente a cada audição e que a experiência será sempre plenamente satisfatória.