As atrações principais da noite têm muito em comum: tanto Diogo Nogueira quanto Mart’nália são filhos de famosos sambistas – João Nogueira e Martinho da Vila, respectivamente –, se ancoram em antigos sambas de sucesso, têm pleno domínio do palco e são artistas limitados. Tive a oportunidade de assistir ao final do show de Nogueira e pude presenciar uma verdadeira comunhão de um artista com seu público.
Carismático como poucos, o cantor tem sua carreira atrelada a do seu pai (que também não era nenhum Moreira da Silva), mas pouco a pouco vai conseguindo se desvincilhar disso, já que leva vantagem em um aspecto, a sua beleza quase hipnótica. Diogo Nogueira tem tudo para se tornar um fenômeno, já que congrega a velha guarda do samba (como se percebe por sua banda de apoio) com um visual muito próximo ao dos integrantes das terríveis micaretas que assolam esse país esquecido por Deus.
Mart’nália agitando o público (foto por Alex Silva)
Mart’nália já conseguiu escapar da sombra de seu pai (que também não é nenhuum Paulinho da Viola) e trilhar um caminho próprio. Apesar de seus discos contarem, principalmente, com sambas românticos mais intimistas, suas apresentações ao vivo são sempre animadas e extrovertidas. Ela leva o público na mão, que responde aos seus apelos, canta junto, pede música, enfim, participa.
Na verdade ela tem uma presença de palco absurda. A naturalidade com que leva o show, sem exageros ou falsa animação, é cativante. Contando com um bom repertório e uma excelente banda de apoio, a cantora conseguiu conduzir o público noite adentro, sem que houvesse perda de ânimo entre os presentes.
(foto por Alex Silva)
É interessante notar que dois pontos altos do show foram músicas de Martinho, “Mulheres” (que em sua voz guarda um tom levemente cômico) e “Disritmia”. Acredito que isso só prova como sua carreira corre com pernas próprias, já que não há a preocupação em evitar canções de seu pai. Apostando na mescla entre sambas antigos e novas composições, Mart’nália conseguiu fazer um show que fez todos dançarem. O ponto alto da noite.
Ao voltar do show, por volta das 04h30, todos no metrô ainda estavam animados, o que deve ser a maior realização dos organizadores, não deixar a festa terminar. Para coroar a noite (que já se transformava em dia) houve a distribuição de dois pãezinhos de sal e de um jornal, para começar bem a manhã. Mesmo com alguns problemas, o BH Music Station demonstra ser um evento inteligente e com uma proposta única e interessante. Só espero que algumas coisas sejam revistas para que ele fique cada vez melhor.
por Thiago Coffran
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