Resenha: Marcelo Camelo – Toque Dela

Álbum: Toque Dela

Artista: Marcelo Camelo

Lançamento: 06/04/2011

Selo: Universal Music

Myspace: http://www.myspace.com/marcelocamelo

Rockometro: 7.2

Depois da grande expectativa que criou-se em torno do segundo álbum solo do Marcelo Camelo finalmente, nestas últimas semanas, tivemos o prazer de ouvir o novo trabalho do cantor, que se mostra mais maduro e mais técnico em suas composições. Somente após ouvir e pensar muito sobre o álbum algumas ponderações foram feitas sobre essa obra que não é nem incrivelmente espetacular, nem de toda ruim. Com pontos altos e baixos Marcelo Camelo se mostra mais alegre, menos egocêntrico e muito mais direto.

O trecho “Tudo que eu fizer vai ser pra ver aos olhos dela” cantado em “Ô ô” define exatamente qual é o tom da obra: sobre ela, para ela e por ela. O Toque Dela no violão dele é visível, trazendo de volta um Camelo que não víamos desde as grandes composições românticas dos Los Hermanos. Parece que apesar dos prós e contras, Mallu fez um bem ao compositor, fazendo-o composições muito mais alegres, ajudando inclusive em um trabalho de percussão muito mais visível e consistente. Não deixa de ser um Sou, as características do cantor estão todas lá, mas muito mais exuberantes.

O álbum já abre com a ótima “A Noite” uma das – se não – a melhor música do álbum. Com uma percussão muito bem trabalhada numa belíssima marchinha orquestrada, que acompanhada pela voz de Camelo passa um sentimento gostoso e agradável, pontuado pelo solo de metal. A música é seguida pelo primeiro single do álbum, a já conhecido “Ô ô”. A música é singela e criada para grudar de tal forma em nossos ouvidos. A letra é bem repetida (e meio desconexa), com melodia bem marcada, deixa evidente que foi feita para ser “aquela que todos vão cantar”.

“Tudo o que você quiser” é uma declaração muito singela do autor em busca de um recomeço com a/uma amada. Destaque para os pratos que acompanham com ternura e discrição a melodia e ao fim dividem espaço com um melodioso acordeão de Marcelo Jeneci – companheiro de arranjos do Camelo em boa parte do álbum. Na sequência somos presenteados com a ótima “Acostumar”, outra que é bem chiclete com repetições sonoras nos versos, mas que é incrivelmente aconchegante e com ótimo um solo de guitarra.

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“Pretinha” lindamente lembra as composições do cantor no Los Hermanos. A música como diz Camelo é “Pra a gente se perder, amor”. Muito gostosa e divertida de se ouvir. “Pretinha” é seguida pela igualmente fofa “Três Dias” que deveria na realidade se chamar “Minas Gerais”. A música é manhosa, com uma bateria discreta, fazendo muito carinho aos ouvidos.

A segunda parte dá lugar a um álbum nem tão interessante assim, a pontualidade meio que é perdida e em alguns pontos quando é encontrada é atrapalhada com maestria por outros fatores técnicos. A bossa de “Pra te acalmar” tem uma melodia já bem batida na música brasileira e uma letra nem um pouco criativa, fazendo parecer ter sido tirada de algum lugar. Em “Vermelho” uma letra e melodia muito inteligentes (bem a lá Los Hermanos), encontramos um Camelo e metais igualmente perdidos, botando tudo a perder.

“Despedida” é também outra que pode ser muito bem encontrada no repertório de qualquer grande compositor brasileiro (não por acaso foi gravada primeiro por Maria Rita), com uma letra e uma melodia já bem batidas e executadas de uma forma nada interessante. O álbum tem seu desfecho com a mediana “Meu amor é teu” uma grande declaração de Camelo a Ela, mas que nem de longe remete ao brilhantismo das primeiras músicas do álbum.

A pergunta que inevitavelmente fica é: porque Marcelo Camelo que sempre teve uma originalidade de se admirar deixou suas influências transparecerem muito mais do que sua própria obra? Mostrar maturidade e crescimento em técnica não quer dizer copiar grandes nomes e clássicas melodias da música brasileira, a maturidade poderia ser própria e se mostraria muito mais interessante.