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Resenha: Mallu do Mundo e dos Estilos

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Álbum: Mallu Magalhães (II)

Artistas: Mallu Magalhães

Lançamento: Dezembro de 2009

Gravadora: Sony

Myspace: myspace.com/mallumagalhães

Rockometro: 8

A idade e o tempo mudam o artista e trazem um público diferenciado, onde nem sempre o resultado é o mais feliz ou a qualidade é a mesma. O tempo ainda é novo para Mallu Magalhães, e talvez agora o bom uso dele se faz presente na nova empreitada da pequena notável.

Mallu Magalhães é o segundo álbum da moça; segundo sem nome (o que vem causando alguma confusão); segunda chance de suprir o fraco álbum de estréia; segunda tentantiva de mostrar que o hype não era passageiro, que a garota tem um tal talento e competencia.

Com produção do mago carioca do samba-rock Kassim (o mesmo que produziu o clássico álbum brasileiro dos anos 00, Ventura do Los Hermanos), e o mesmo estilo Ao Vivo de gravação de Sou (de Marcelo Camelo, namorado), II – como foi apelidado – mostra a pequena se aventurando num mar de estilos variados, contrastando texturas musicais com letras que equilibram o português e inglês; indo da Jamaica aos Estados Unidos, de Bob Dylan a Mogwai, sem medo do que críticos e blogueiros meia boca tem a dizer ou a berrar contra seu talento.

O rock ainda é a tônica de seu estilo, sempre em união ao bom e velho folk, como ouvimos em “My Home Is My Man” (com toda sua afetação e gritos) e “Nem Fé Nem Santo” – essa cheia de detalhes técnicos de gravação perfeitos, coisa que o produtor do primeiro álbum (Mario Caldato Jr) se isentou de fazer. O primeiro single é o reggae ‘Bobmarleyano’ “Shine Yellow”. Talvez escolhida mais pelo susto de ver a pequena se aventurando nas praias jamaicanas do que por sua superficial beleza, já que o belíssimo samba rock “Versinho de Número Um” e a singalong “Make it Easy” seriam, de longe, uma escolha mais acessível e acertada.

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Clipe de “Shine Yellow” e Mallu de biquini para os pedófilos

Algumas músicas não tem um ar tão inspirado do que essas primeiras, como o folk ‘maisdomesmo’ “Ricardo”, a repetitiva “Compromisso” e a indecisa “Soul Mate”. Já outras dão um recheio mais saboroso a trilha, como o quase tributo ao seu namorado “Te Acho Tão Bonito”, a animada e criativa “Bee On The Grass” e o folk de “You Ain’t Gonna Loose Me” – que não é tão boa quanto sua prima do primeiro álbum, “Don’t You Look Back”, mas consegue animar com sua guitarra velho oeste.

Tudo isso passa e o final tem como aguardo a orquestração em meio a bossa nova de “É Você Que Tem”: Surpreendente canção de sentimento aflorado em suas notas e solos de violino, um tiro certo ao erro e um acerto quase inacreditável. E “O Herói, O Marginal”, com arranjo escrito pela banda Jennifer Lo-Fi, num encerramento épico e quase inacreditável para alguém que se rendeu ao experimentalisto e momentos da tropicália, trazendo de volta momentos clássicos da música brasileira e indo além do que nosso país tem dado – com ajuda de novas promessas sonoras.

É importante destacar as linhas vocais de Mallu nesse álbum e o novo foco de suas letras, mostrando maturidade e estudo. A produção, escolha das músicas e os detalhadíssimos arranjos também estão inovadores. A união com uma gravadora, segundo a própria pequena, se deu após a gravação do álbum e outras músicas foram também gravadas mas não entraram na bolacha, sem deixar rastro pro futuro.

Em meio a inúmeros acertos e raros erros, o que faltou foi exatamente um hit radiofônico para fazer a diferença na bolacha. Com base no que se ouve, a briga entre inocência e maturidade, é ganha pela qualidade. Só nos resta saber, se dessa leva sairão mais músicas ou os hits continuarão com nomes esquisitos, como “Tchubaruba” ou “J1”.

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

6 COMENTÁRIOS

  1. Xi, concordo contigo que o que falta a esse álbum é um hit radiofônico e grudento como “Tchubaruba” e “J1”. Só enxergo esse potencial em “Make it Easy”, sinceramente.

    O que mais me chamou atenção nesse novo CD, além, é claro, da evolução da Mallu como cantora e compositora, foram os arranjos muito bem elaborados e burilados. Essa é uma característica dos trabalhos do Kassin. E uma das minhas maiores curiosidades é tentar saber como a Mallu vai transpor alguns dos arranjos mais difíceis, como “É Você que Tem” e “Te Acho Tão Bonito” pro palco.

    Aliás, vai para a “Te Acho Tão Bonito” a minha única ressalva em relação a esse CD. A música, antigamente, tinha uma levada até legal. Mas, com o arranjo novo ficou uma coisa arrastada demais. Entretanto, valorizo a tentativa da Mallu de fazer uma música com roupagem antiga, tradicional e clássica.

    E, como você bem disse, esse disco é mais de acertos que de erros. E isso é maravilhoso!

  2. Olha, eu acho que não vai transpor. Ou então vai mudar a música toda e não terá graça. Até mesmo “Herói e o Marginal” deve ficar de lado.

    Queria falar com ela de novo, saber o que ela sente de diferente no talento e no peito, mas vamos ver.

  3. Infelizmente, eu também acho que existe a grande possibilidade de “É Você que Tem” e “Te Acho Tão Bonito” ficarem de fora do show, a não ser que ela apresente “É Você que Tem” como fez no Tom Jazz, por exemplo, cantando somente uma versão voz e violão. Funciona bem assim, mas eu sentiria falta dos lindos arranjos de instrumentos de cordas. 🙂

    Seria muito legal poder ler uma entrevista dela feita por você. Será que não consegue algo com a assessoria dela? Tenta lá!!

  4. acho que até consigo, moça, mas nesse período de lançamento de cd é complicado e eu to sem tempo agora. Na verdade, ainda to de férias e escrevi essa resenha meio que correndo. Prometo fazer melhor!

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