Não sei a que ponto chega a ser contraditório um fã de Los Hermanos nunca ter assistido uma apresentação de seus conterrâneos e, em contra partida, já ter assistido os projetos paralelos dos seus integrantes. Mas é gostoso ver as vertentes alcançadas por cada um. Hoje (06/02), tive a oportunidade de assistir ao emocionante show do Little Joy, projeto de Rodrigo Amarante e Fabrício Moretti, junto com Binki Shapiro. Melhor ainda quando é anunciada a gravação do DVD da banda em seu penúltimo show (sábado eles estarão no Recife), e sem retorno anunciado. Mas sabe-se que num futuro, mais música ouviremos desses jovens compositores.
Já com ingressos esgotados desde o início da noite, a banda entra muito ovacionada pelo público, ao ponto de não conseguir começar a tocar e esperar dois minutos para ouvir o primeiro acorde de “Play The Part”, terceira faixa do álbum. Bem, só o acorde que deu para ouvir. Um canto oníssono vindo do público encantou os músicos, arrancando sorrisos verdadeiros. O público deu mais um show em “The Next Time Around”, deixando Fabrício extasiado e declarando diversas vezes que estava muito feliz, e o mais feliz alí era ele.
Daí veio uma sucessão de músicas pouco conhecidas do grande público, mas os maiores hits da Terra para quem estava naquele Circo Voador lotado. Amarante brinca, apontando para o público e dizendo para Moretti: – Eu não falei?, se referindo à paixão que o povo carioca tem ao se entregar em um show. Não foi à toa que eles escolheram essa noite para gravar seu DVD Ao Vivo, e de surpresa.
Antes de começar “Unattainable”, o público gritou a plenos pulmões o nome da bela vocalista “Binki! Binki! Binki”. Tadinha da moça, ficou tão surpresa que quase não conseguiu entrar na música. Sua maior mania é tapar um ouvido quando canta, para saber se está no tom certo. Calada, a surpresa foi a comunicação que teve com o público, um tanto inesperada. Ela mesma apresentou a versão de “Walking Back to Happines”, de Helen Shapiro (que não é parente da cantora do Little Joy) e ainda levou sozinha na voz, como a cantora que é. Binki ainda mandou o clássico “Muito Obrigado!”.
O momento de Fabrício Moretti foi quando o cantor novato elevou a voz, e mandou o rock clássico do The Kinks, “This Time Tomorrow“, arrancando uma resposta fácil do público e os gritos de “Fabrício! Fabrício! Fabrício!”. Muito falador, o baterista dos Strokes agradeceu em diversos momentos, disse que sente que voltou para casa e dava para notar de longe a sua felicidade. Quando Binki cantava, e as atenções se voltavam para ela, Fab olhava em volta, para o público, e ficava impressionado com o que via. Fabrício é carioca, sua família mora em minas e ele está desde os 9 anos nos Estados Unidos.
Amarante estava muito mais comunicativo do que nos shows dos Hermanos. Seu nome também foi gritado pelo público e viveu um momento máximo de Crooner ao notar o silêncio dos presentes para ouvir o bis “Evaporar”, cantada sozinha por ele. Claro, se os ouvintes não ocultasse sua voz no meio desse canto maravilhoso e gratificante ao artista, o canto de aprovação do público. Rodrigo já trata os fãs como amigos. Ele olha para o rosto de algum espectador e faz uma careta, diz que vê vários rostos amigos e fala diretamente com alguém da platéia, como se fosse um velho amigo. Sim, as dancinhas dele ainda estão lá.
As faixas mais cantadas definitivamente foram “The Next Time Around”, “No One’s Better Sake”, “Evaporar”, “Keep Me In Mind” e “Brand New Start”. Essa última encerrou o bis e a apresentação, teoricamente. Fabrício brincou com o perigo. Bastou o novo guitarrista/vocalista cantar as palavras “Eu encontrei”, as duas primeiras palavras de “Último Romance” dos Hermanos, para fazerem o público cantar a música de maneira única, sem instrumental e somente à capela, emocionando os únicos integrantes da banda no palco ainda, Fabrício e Amarante, que em agradecimento ao público, brincaram, dançaram, Moretti deu um beijo no rosto de Rodrigo, Amarante pegou Fabrício no colo e daí que se vê a felicidade dos dois.
O trio ainda veio acompanhado da banda de apoio de Devendra Banhart, chamado The Dead Trees e que é composta por Todd Dahlhoff (baixo e que parece integrante do Kings of Leon no começo de carreira), Noah Georgeson (guitarra, teclados e cara de filósofo musical) e Matt Romano (bateria e que parece um Fabrício Moretti muito mais forte e maior).
A gravação do DVD pareceu ter sido ótima, bem aos moldes dos dvds do Los Hermanos. Sem paradas porque uma música ficou mais ou menos ou não, vários momentos para afinar as guitarras e muita conversa dos faladores Rodrigo Amarante e Fabrício Moretti. O único momento que o público vaiou foi quando a música do dj começou a tocar ao término do bis. O público queria mais, muito mais, e ainda vale ressaltar que ninguém pediu para que tocasse uma música dos Hermanos ou do Strokes, todos só queriam mais um pouco de Little Joy para mais uma vez eternizarem em suas mentes.
Foram belos momentos, que, apesar de alguns meios, ou apenas um, falar que não vale a pena, a graça está na cumplicidade entre Moretti e Amarante, nas brincadeiras de Rodigo com Binki, ouvir uma música inédita e ainda sem nome, encontrar amigos e comemorar que a boa música ainda está em forma e tocando no Brasil. Que venha o Los Hermanos de volta e os Strokes, porque o Little Joy sempre estará aí!
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Para ver todas as fotos que o Rock In Press tirou durante a apresentação carioca do Little Joy em sua gravação do DVD, você pode clicar aqui.
E para ver a resenha do show de abertura da banda, a cargo dos cearenses do Cidadão Instigado, você pode clicar aqui.
É cara, um pouco mais de Little Joy não seria nada mau, acho até que iria denovo se tivessem marcado mais de uma apresentação, valeria a pena.
Na boa, eu gosto do Little Joy, mas não me sacrifiquei a comprar ingresso p/ vê-los. Aqui em SP parecia o bilhete dourado do Willie Wonka.
Enfim, acredito que todo esse histerismo seja pelo amor entre os fãs de LH e Strokes. Não estou desmerecendo o LJ, mas é engraçado como certas coisas viram hype por tudo, menos pela qualidade em si.
depois desse comentário do Wans eu anuncio minha aposentadoria.
Qualidade foi o que a banda mostrou ter, tanto no cd, quanto no show. Realmente os fãs eram do Los Hermanos, mas isto não apaga o valor da banda.
Que isso, Marcos? Eu fiquei com muita inveja de quem foi. Essa é a verdade, mas não era algo que eu, como disse, necessitava.
Realmente, Fábio, não apaga.
Nossa, vocês não deixam nem eu ser dramático!