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Resenha: Indie Rock Festival @ Fundição Progresso-RJ 13/11/09

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O Indie Rock Festival é um dos festivais mais sem sorte que já conheci. Na primeira edição, uma das bandas escaladas teve de cancelar seu show porque um integrante havia morrido, o público decepcionou e basicamente não compareceu. Já na segunda tentativa, no ano passado, a festança nem chegou a ocorrer: Após anunciar ótimas bandas, o principal patrocinador sumiu e tudo foi por água abaixo. Mas o sonho não pode parar.

A organização resolveu testar sua sorte e lançou o desafio 2009. No primeiro dia de festival, em São Paulo, além de sofrerem com um apagão brasileiro sem proporções, o público novamente pouco apareceu. Sobrou para o Rio a última chance de salvar a pátria – e não foi fácil. Já no dia, uma sexta-feira 13 pouco convidativa, ameaçou chover torrencialmente e na entrada do evento não se via ninguém além de Andrei (um dos membros do backstage do Gogol Bordello) e o César, guitarrista do Manacá. Mas acredite, o Rio é a terra desse Festival.

Holger

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A única atração tupiniquim da festança entrou às 23 horas – meia hora de atraso – e enfrentou dois problemas: A falta de conhecimento dos presentes sobre quem era a banda que nunca ouviram falar e o fato de terem aberto o Indie Festival com surpreendentes cinquenta e cinco pessoas presentes, contadas a dedo por mim. E se você era uma dessas poucas pessoas, sabe bem que viu um dos melhores shows brasileiros dos últimos tempos.

Já na segunda música, a festa da banda anunciava ser quente. Sverner toma um banho de cerveja enquanto Pepe fala pelos cotovelos alguma coisa sobre sexo, fetiches e outros detalhes que o sempre desregulado som da Fundição Progresso não nos deixou entender. A troca de instrumentos e contato com o público são o ápice da mistura musical, mas sem esquecer do evidente excesso de álcool no sangue de todos os integrantes…

A banda deu play nas faixas de seu primeiro EP, o mega elogiado Green Valley e ainda deu o ar da graça em suas novas composições, que farão parte do primeiro álbum da banda – cujo as demos você baixa aqui – marcado para o ano que vem. Final apoteótico de uma apresentação sem precedentes, no meio do público, e fazendo o mais puro barulho e emoção.

El Mató a Un Policia Motorizado

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A casa já comportava umas mil pessoas quando o quinteto argentino entrou no palco e começou a destilar suas canções mezzo shoegaze mezzo alternativo. A grande maioria não fazia ideia do que a banda do gordinho vocalista com camisa do Kiss iria tocar, mesmo que eles já tenham vindo ao Brasil algumas vezes e que alguns fãs já soubessem cantar as músicas e ainda pediam incessantemente uma canção ou outra, todas atendidas.

A banda apresentou músicas de toda a sua trilogia musical, que conta a passagem da vida a partir do nascimento, a vivência e a morte. De quebra, arrecadou novos fãs. Mas o show só estourou mesmo quando o Holger – que eles conheceram uns poucos minutos antes – invadiu o palco e cantou o refrão de “Amigo Piedra”, o maior ‘hit’ dos hermanos. Ficou interessante a mistura dos vocais agudos e gritados dos paulistas com a calmaria vocal que a canção foi proposta. O Holger ainda pulou muito e brincou no palco durante a canção, quase que roubando a cena.

Mesmo com a presença de palco um tanto reclusa e a difícil proposta de tocar após o apoteótico show do Holger, o El Mató conseguiu surpreender e animar o público com poucas palavras, alguns “muito obrigado” e muito rock de primeira.

Super Furry Animals

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Uma boa parte do público esteve ali só para ver os galeses tocarem um pouco dos seus mais de 15 anos de vida. Armados de plaquinhas com dizeres como “Obrigado” e “Aplausos”, Gruff Rhys e sua trupe deram destaque para as canções de Dark Days / Light Years, álbum lançado esse ano, mas sem deixar de fora velhos hits, como “Hello Sunshine” e “Juxtaposed With U”, levando ao delírio os fãs de plantão.

A grande questão da apresentação é a inexpressão de Gruff no palco e em seu semblante que, aliado a imobilidade da banda e a repetição de batidas e versos, começou a expulsar quem não era fã do grupo, transformado a apresentação num grande culto de velhos apreciadores que se posicionaram a frente do palco.  Ao redor dos fãs, viam-se pessoas alheias ao que acontecia no tablado, conversando normalmente com amigos, bebendo e cobrando o fim do show – quando não o faziam isso gritando para a própria banda.

E ficou nisso mesmo. Um show sem muito diferencial com o feito na edição paulista do Indie Festival; sem muita graça para quem não é fã e a melhor apresentação do mundo para os fã aficionados que se aglomeravam na frente do palco. Decepcionante.

Gogol Bordello

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Lá pelas duas e quarenta e cinco da manhã, o Gogol Bordello entrou no palco com o jogo já ganho. O público praticamente lotou a Fundição e quebrou todo o carma que o festival carrega de não ter fãs para suas bandas indie. Uma massa de 5 mil pessoas se movia em conjunto, para um lado e para o outro, para cima e dançando loucamente em cima das músicas sempre iguais do Gogol, mas altamente animadas e apoteóticas em suas execuções.

Eugene Hütz e sua trupe fizeram o que já estão bem acostumados a fazer: O melhor show da noite. E não um show qualquer. Para o Rio, eles trouxeram um grupo de ciganos e tocaram – em espantoso português – “Frevo Mulher”, de Zé Ramalho, “Pagode Russo”, de Luiz Gonzaga, e de “Mala Vida”, do Mano Negra. A partir daí, foram emendando um bis atrás do outro na base do improviso e escolha na hora, culminando em maravilhosas uma hora e quarenta e cinco minutos de apresentação, sem parar para descansar e pulando o tempo todo. O mais engraçado é pensar que a única banda que tocou em português no Festival foi logo a do ucraniano Eugene.

A cartase veio em “Wonderlust King” e “Alcohol”, no final ainda teve gente reclamando que não tocaram “Zina-Marina”. Voou vinho, água e suor do palco. Todos os músicos corriam para um lado e para outro sem errar, sem perder o pique. As dançarinas estavam com aquela velha camisa do Santos que todos já conhecem e Eugene comandava aquela plateia que se entregou ao show como se fosse a última dança do tango de suas vidas, lindo demais.

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Fotos por Juliana Ribeiro
Reportagem por Marcos Xi

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