Resenha: Frenesi Sonoro
Artista: Ratatat
Lançamento: 08/06/10
Selo: XL Recordings
Myspace: http://www.myspace.com/ratatatmusic
Rockometro: 8,7
Como é bom acompanhar uma banda. Em 2004, quando o Ratatat lançou seu debut homônimo, lá estava eu, apreciando sua arte. Um duo instrumental que, com uma guitarra, um baixo, e um sintetizador, conseguiu chacoalhar meu esqueleto com um electro-rock inteligente e dançante. Desde então, bons álbuns foram lançados, mas foi agora, em 2010, que o Ratatat lançou sua verdadeira obra-prima. É a perfeita prova de que os anos fazem sim diferença no som de uma banda.
Se em Ratatat (2004) a banda ainda estava tentando descobrir “a batida perfeita”, aqui em LP4, eles conseguiram ir muito além disso. Conseguiram seu disco perfeito. E não é exagero: quem escutou o debut da banda, com toda certeza percebeu uma crueza nos sintetizadores, e uma timidez em soltar seus verdadeiros poderes. Fazendo uma rápida comparação entre o primeiro disco e o atual, percebe-se facilmente que a maturidade enfim chegou para Evan Mast e Mike Stroud. Agora sim eles dominam seus instrumentos melhor do que nunca.
Isso fica claro logo no começo do disco: “Billar” demonstra uma riqueza sonora gigante, com sintetizadores que são um verdadeiro turbilhão de sons equivalentes. “Drugs” não poderia ter um nome mais adequado. Começa de leve com um piano calmo e tristonho, para depois explodir em uma melodia alegre e mística (sem ironias, ok?). Logo depois vem “Neckbrace”, talvez a melhor música do álbum: a atmosfera densa e pesada toma conta da música com o forte e impulsivo baixo, que é guiado por alguns resmungos graves e um ritmo dançante ao extremo. Já consigo ver as pistas de dança bombando.
Depois da calminha “We Can’t Be Stopped”, eis que surge “Bob Gandhi”, com sua percussão à la África e que conta até com um violão simplório. “Mandy” vem com batidas firmes, que lembram um pouco do rap. Sintetizadores inteligentes embalam a música e por vezes conseguimos ver pontos eletrônicos que lembram um pouco do 8-bit, aquele estilo que tira dos Nintendos da vida seu som. Nada mal.
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“Sunblocks” abre com sons de cigarras, grilos, e todos aqueles insetos que se rebelam à noite. Logo depois começam as batidas ocas sustentando a leve linha de baixo que vai ecoando junto das dormentes guitarras pela música. “Grape Juicy City” traz de volta os resmungos/beat boxes/vozes aleatórias para embalar os tambores dessa vez à la Índia com um ritmo envolvente e denso. “Alps” fecha a obra com seu ritmo alegre e viajante contando com o mesmos sintetizadores da faixa anterior, numa mistura incrível de sons.
Seria mentira e acima de tudo hipocrisia de minha parte dizer que LP4 não é tecnicamente um irmão gêmeo de LP3 (2008). Os nomes das obras, por mais simples que possam ser (Long Play 3 e 4), podem realmente representar mais que uma simples ordem sequencial. Irmãos ou não, pelo menos uma coisa essa incrível pérola que é o LP4 conseguiu provar: os caçulas realmente são mais inteligentes e melhores que os mais velhos.