O poeta Carlos Versiani abriu a noite (por Thiago Coffran)
Edgar Allan Poe foi um grande poeta americano, nascido em Boston na primeira década do século XIX. Foi um dos mais importantes autores do gênero fantástico e percursor das histórias de detive. Sua vida de excessos o levou a uma morte nas ruas de Baltimore, mas suas poesias e tratados influenciaram autores como Baudelaire e T. S. Eliot.
Parece absurdo tentar traçar uma relação entre Poe e o show do Forgotten Boys, porém no evento eles se encontraram, já que, antes da banda entrar no palco, o poeta mineiro Carlos Versiani fez uma interpretação (que ele teimava de chamar de performace) do poema “O Corvo” na tradução de Fernando Pessoa. Foi um momento divertido e completamente inesperado, e por isso mesmo interessante. Infelizmente poucas pessoas estavam presentes.
Os Forgotten Boys mostrando seu rock (foto por Thiago Coffran)
É sempre desagradável para todos constatar que existem mais pessoas envolvidas com um show do que o público em si, e foi o que aconteceu no ínicio da apresentação dos paulistas. O público rockeiro optou (ao que parece acertadamente) pelo Nasi, o que deixou a estação Minas Shopping às moscas. Era perceptível a falta de entusiasmo dos integrantes. Embora o público tenha aumentado mais tarde, nunca houve um grande respaldo da platéia.
Fazendo um som protocolar, ainda que bem realizado, os boys não traziam nada de novo e tiveram enorme dificuldade de cativar o público, o que era claro ao fim de cada canção, seguida sempre de um silêncio quase sepulcral (exceção feita à mais famosa música do grupo, “Cumm On”, do disco “Gimme More… and More” que chegou perto de empolgar). Na verdade, à exceção de duas ou três pessoas, ninguém conhecia as músicas, o que atrapalha uma banda com show tão mediano.
Público escasso na pista (foto por thiago Coffran)
Apresentando pela primeira vez em BH o álbum “Louva-a-Deus”, a banda tinha um desfalque; o vocalista Gustavo estava com o braço quebrado, por isso não pôde tocar guitarra. É difícil acreditar que o instrumento ajudaria, mas é sempre ruim um problema desses. O Forgotten Boys também estreava em terras mineiras o seu novo guitarrista, Dionisio Dazul, que substituiu o talvez mais famoso integrante do Forgotten, Chuck Hipolitho.
A saída de Chuck, aliás, gerou uma crise de identidade na banda, que contratou um percussionista, logo descartado, e um tecladista. Quem conhece o som do Forgotten Boys sabe que ele emula, sem muita criatividade ou mesmo competência, bandas como MC5, Ramones e, sobretudo, Stooges. O rock cru a que se propõe até poderia convencer enquanto proposta, se não fosse tão desinteressante. Por isso a adição de Paulo Kishimoto nos teclados à banda parece ser bem vinda. Sempre que ele se destacava, como na música “Leaving/ Home On You”, injetava um fôlego novo no público.
Longe de ser um show ruim, a apresentação do Forgotten Boys foi regular, um show simplesmente esquecível, o que sempre é chato.
por Thiago Coffran
Estava presente na performance de Carlos Versiani. Não entendi a estranheza nos seus comentários: foi, sim, uma bela performance poética. Portanto, sugiro a leitura para um melhor entendimento: Paul Zumthor: “Performance, Recepção, Leitura”. Também não entendi a qualificação “divertido”. O evento é diversão, sim! Porém, em que sentido a diversão na performance de Carlos? Cuidado com o emprego das palavras…palavras… palavras…
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