Resenha do ano de 2009
Acho que, quando abri esse site, não fazia a menor idéia do que iria apreciar e de como iria mudar meu ano. Esse discurso eu já dei algumas vezes e não pretendo repeti-lo, por enquanto.
Ao invés disso, para abrir os melhores, piores e todas essas listas de fim de ano que eu to prometendo a um mês, chamei um dos novatos em teste, o fiel leitor dessas linhas críticas Jairo Borges, para fazer um apanhado do que 2009 nos proporcionou. Incrivelmente, ele resumiu tudo o que falamos no ano que passou, e mesmo tendo opiniões que contrastam infinitamente com alguns membros do site, deu o resumo completo do que o ano nos deu.
Daqui para frente, Rock in Press está novamente no rumo e nos trilhos. No ritmo certo que a música bate e é lançada na web. Feliz 2010 e dê uma boa lida nesse texto abaixo.
por Marcos Xi
___________________________________________________
Um 2009 digamos… dançante!
Como todos presenciaram 2009 foi um ano excepcionalmente singular no mundo da música. De mortes de nomes importantes ao aparecimento de novas estrelas até então escondidas em bucólicas vilas inglesas, o ano de 2009 vai embora e deixa muitos rastros na curva. Rastros de All Stars que são acompanhados de dancinhas e batidas que realmente contagiaram o mundo indie este ano.
Elementos eletrônicos, vozes agudas, e refrões contagiantes, foram elementos quase que repetitivos este ano, e declararam a fórmula de sucesso para muitas bandas até então desconhecidas. Tudo realmente começou com uma galera extremamente entediada com 2008 sendo convidada por Alex Kapranos e sua trupe a “Get High”. Aliados ao psicodélico CD do Animal Collective lançado na mesma época, os britânicos ditaram qual seria a tendência, e por onde 50% das bandas teriam que passar no findado ano.
Sendo assim, desde janeiro que já caímos na pista, abrimos nossas almas ao som dos sintetizadores, e sentimos dentro de nós que este era um ano para dançar conforme a música. Fato isto que em seguida a sedutora voz de Karen O veio mais do que nunca aliada aos sintetizadores, trazendo-nos “Zero”, que sem dúvida foi uma das músicas mais marcantes do ano que se passou.
Dessa mesma época é também o fantástico trabalho da Bat for Lashes e seu maravilhoso single de estréia chamado “Daniel” que logo foi seguido pelo estrondoso sucesso de divulgação de uma novata e intensa dupla no cenário indie. Matt & Kim foram nomes amplamente divulgados este ano, a loucura e o ritmo incansável da dupla contagiou a todos que ouviram o seu som. E já que estamos falando de novatos porque não citar também da fantástica estréia do Passion Pit e seus refrões viciantes, que esconderam em pequenos segredos a fórmula para dançar e cantar por um bom tempo sem se cansar.
Nos meses que se seguiram apresentou-se mais do mesmo, e nomes como Little Boots, Frankmusic, La Roux e outros começaram a brotar neste cenário “dançante”, dentro do qual, grandes nomes como Depeche Mode e Sonic Youth também garantiram sua devida divulgação. Mas a surpresa do 1º semestre ficou por conta dos franceses do Phoenix, os quais fizeram um CD brilhante, que viria a contagiar a todos, do mais velho ao mais novo; do mais paradão ao mais dançante todos mexeram seus esqueletos com os sons de Wolfgang Amadeus.
Por outro lado, um grupo mais “Tradicional” (lê-se Rock’n Roll) também fez o possível para garantir seu espaço nesse ano que era “all about dancing”, falarei sobre eles também, já que sei que o chefe deste espaço (Xi: olha eu editando o texto aqui!) não curte nada que eu citei até agora.
U2 foi o primeiro dos grandes a abrir o ano, fazendo muito bem o dever de casa e impressionando a todos com a qualidade do novo álbum lançado, que foi seguido pelos ótimos CDs do The Horros, The Maccabees, The Gossip, Dinossaur Jr., e um que teve todo um encanto especial pra mim, que foi o Kingdom of Rust do Doves.
Outro veterano que deu um show à parte foi o Bob Dylan com seu fantástico Together Trough Life lançado em janeiro, mês também da banda estreante White Lies, que também deu seu espetáculo particular. Mas, quem veio para fechar o 1º semestre com chave de ouro foi Kasabian com o aclamado West Ryder Pauper Lunatic Asylum, que contagiou nove em cada dez ouvintes, dando a banda o título de substituta do Oasis. E por falar em Oasis é com eles que começaremos a falar sobre o 2º semestre.
Fim de bandas tradicionais como Oasis, morte do ícone do Pop Michael Jackson e excêntricas revelações musicais serviram de pano de fundo para o segundo semestre de 2009, onde para mim, ninguém brilhou mais e ofuscou tanto como a Grande Florence Walsh. Na minha humilde opinião, a partir do lançamento de Lungs só deu Ela! Com a batida de suas músicas e toda sua desenvoltura, aliados ao seu experimentalismo e a sua incrível voz, Florence conquistou toda a crítica musical e se tornou oficialmente a grande revelação de 2009.
Quem também fez bonito nessa onda experimental foram Devendra Banhart com o acariciante single “Baby”, David Matthews Band com Big Whiskey And The GrooGrux King, Grizzly Bear e o sonoro Veckatimest, Taken By Trees e o maravilhoso East of Eden, e os loucos do Dirty Projectors que agora um pouco menos experimentais que o de costume ganharam um novo público e até fizeram “grande” fama no cenário underground brasileiro.
O segundo semestre foi repleto de gratas surpresas como a maravilhosa química entre Scarlett Johansson e o Pete Yorn, que resultou em um dos mais gostosos CDs que eu já ouvi, convidando a todos entrarem nos cosmos com a suave voz de Scarlett; outras surpresas foram o mais que aguardado e perfeito CD do Monsters of Folk, com músicas completamente diversas, mas com uma sonoridade única; a volta triunfal de JET, da qual sou um grande fã e acredito que dessa vez eles finalmente recuperaram a batida perfeita; e o brilhante trabalho dos caras do Islands trazendo o que eu considero uma das melhores músicas do ano “Vapours”.
O segundo semestre também foi a deixa do ótimo Forget The Night Ahead do The Twilight Sad; da singular dupla Kings of Convenience e suas macias “ Boat Behind” e “Mrs. Cold”; da grande revelação chamada Girls e seu contagiante single “Lust for Life”; e dos veteranos do Bon Jovi e seu incrível CD, acho que não tinha ouvido nada tão rock’n roll este ano antes do CD deles. As batidas e as dancinhas no fim do ano ficaram por conta dos CDs do Basement Jaxx, Calvin Harris, e o tão esperado CD do Julian Casablancas, que fez com que o single “11thy Dimension” penetrasse na cabeça de todos os ouvintes.
Mas nem tudo foram flores no segundo semestre, de onde saíram as maiores decepções do ano (na minha contraditória opinião). Os tão aguardados Humbug do Arctic Monkeys, Ratitude do Weezer e The Resistance do Muse, deixaram muito a desejar. O primeiro por não ser democrático, e esquecer qual é a verdadeira base de fãs do Arctic Monkeys e fazer algo voltado apenas para um tipo de público, o do Weezer por fazer sempre mais do mesmo e limitar toda a capacidade criativa da banda, e o último por tornar do Muse algo extremamente comercial e estereotipado, chegando a quase parecer com Green Day.
Mas se algumas bandas deixaram a desejar, teve um país que não deixou a peteca cair e se destacou mais uma vez pelas novidades mostradas ao mundo, e foi a Dinamarca, com a consolidação do trabalho de bandas como The Raveonettes, Mew e Alphabeat.
E no fechamento do ano, nos resquícios de 2009, alguns correram contra o tempo e ainda conseguiram lançar com menção honrosa seus maravilhosos trabalhos. A revelação do ano Susan Boyle fez um trabalho do qual pode se orgulhar, assim como os algumas bandas que não poderíamos ficar sem, ainda este ano, como Them Crooked Vultures, Dashboard Confessional, Stereophonics e principalmente o fascinante e singular CD do The Bravery.
Bom, acho que estes foram os que mais se destacaram este ano. Eu queria muito falar sobre eles, mas listas são tão 90’s, então resolvi fazer este embolado texto, pra ver se conseguia falar sobre minhas conclusões musicais sobre este ano que passou.
É claro que vale destaque também para alguns nomes não citados acima como Noisettes, Noah and the Whale, Wilco, Sondre Lerche, Norah Jones, Regina Specktor, Get Cape. Wear Cape. Fly, The Rumble Stripes, V.V. Brown, Manic Street Preachers, Paolo Nutini; e menção honrosa para os destaques nacionais como Copacabana Club, Banda Gentileza, Móveis Coloniais de Acaju e Cidadão Instigado.
Espero que 2010 nos traga gratas surpresas também e que a música nunca pare de florir no jardim do mundo, pois dos mais dançantes aos mais “sads”, a verdade é que todos nós precisamos de uma boa companhia musical para terminar bem o nosso dia! Um Abraço e feliz 2010!
por Jairo Borges