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Resenha: Curto e Grosso

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Álbum: King of The Beach

Artista: Wavves

Lançamento: 03/08/2010

Selo: Fat Possum

Myspace: http://www.myspace.com/wavves

Rockometro: 9,2

King of The Beach é o terceiro disco de inéditas do Wavves e, além de nos trazer boa música, mostrou que a simplicidade sonora, se feita com real sentimento, pode ser muito mais estrondosa do que qualquer produção milionária. Quem acompanha a carreira da banda sabe que o lo-fi sempre veio em primeiro lugar nas suas composições. Isso não mudou em sua nova obra, mas o som está claramente mais limpo e seu noise punk misturado com um surf rock por vezes psicodélico logo se torna uma sinfonia para os nossos ouvidos.

Nathan Williams, frontman do Wavves e maconheiro assumido (1:20), usou a mesma fórmula em todas as músicas que compõem King of The Beach: melodias cruas, rústicas e engraçadas. O diferencial é que cada canção tem seu brilho, sua graça e seu poder grudento. Por trás das guitarras barulhentas surgem alguns efeitos eletrônicos com um pé na psicodelia e o clima óbvio do surf rock envolve cada pérola com seu manto. Tudo isso somado ao senso de humor lírico exacerbado de Nathan não podia dar errado. E não deu…

A trip começa com a faixa-título: os riffs de guitarra simplórios são o bastante para fazer a canção grudar na cabeça. O mesmo acontece com a ótima “Super Soaker”, que segue uma linha despojada e flui em um ritmo mais acelerado do noise punk. “Linus Spacehead” começa com um baixo denso que logo abre espaço para a bateria e seguidamente para a guitarra arrastada. Logo depois o ritmo muda e “When You Will Come” abre a seção das poucas faixas calmas do disco com seu arranjo fofíssimo.

“Baseball Card” relembra os tempos do lo-fi excruciante do Wavves e abre alas para a sequência imbatível de três músicas que vem logo a seguir: “Take On The World” é a mais acessível do disco com o seu refrão viajante digno de arrepios na espinha. “Post Acid”, como seu próprio nome já indica, tem seu potencial lisérgico e debilóide explorado em seus curtos e ágeis minutos. “Idiot”, a faixa mais interativa e engraçada, começa com risadas e Nathan expele os versos “laugh, I bet you laugh” com sua voz e jeito de cantar lembrando mais do que nunca Liam Gallagher nos seus tempos de glória.

Depois de tanta brincadeira sonora (o efeito da maconha devia ter passado…), Nathan resolve levar seu lado gênio finalmente à sério com “Green Eyes”, uma faixa com uma letra/desabafo genial que mescla a rara aura calma do disco com a potente. “Baby Say Goodbye” fecha o disco com uma cara incrivelmente pop e doce, mas não deixa de fora seu lado barulhento, formando o noise pop.

King of The Beach é, sem mais nem menos, um retrato de Nathan. O rapaz fala o que quer, toca o que quer, e não se preocupa em agradar ninguém. Talvez isso faça dele um rapaz solitário no fim das contas, mas quem disse que ele liga? É como ele mesmo diz em “Green Eyes”: “My, my own friends hate my guts. So what? Who gives a fuck?”.

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