Resenha: Bruno Vetz – EP
Eu não lembro bem como aconteceu, acho que apareceu na minha timeline aleatoriamente. Como um curioso largado, amante de belas capas de disco, cliquei na música apenas para tapar o silêncio do quarto mal iluminado. E tocou. Algumas vezes. Fiquei impressionando como ele, Bruno Vetzcoski, ou simplesmente Bruno Vetz, passeia com tanta facilidade pela simplicidade. São tão poucos elementos na música, como pode envolver-nos tanto assim?
A voz doce, quase sussurrada, é acompanhada por um tecladinho do avô, daqueles que deveriam estar no canto da sala há uns anos, esperando alguma alma criativa inventar algo nele. É isso! A simples forma de ser você, por inteiro, por completo. O que Bruno se propôs a fazer foi quase o que os americanos do Grandaddy tentaram por uma década, pegando o simples e o barato e adicionando a criatividade para expandir o universo musical naquilo que, por comodismo, deveria ser limitado.
O EP de estréia é tímido, não perfeito, mas dono de timbres interessantes, dando a impressão de serem gravados ao vivo e de forma acústica, num cantinho do quarto ou na sala de estar, assim como o músico fez. Bruno vai passeando devargazinho pelo inglês e o português, dentro da mesma canção, lembrando algo do Thiago Pethit em seu álbum de estreia, Mapa Mundi, ou o SILVA, ainda no seu EP demo de 2009.
A faixa de abertura, “Right Aqui”, é o grande destaque do registro, seguindo de perto pelo romântico aprendizado descrito em “Canção do Amor Reverberado”, uma parceria do músico gravada ao vivo em dueto com a jovem Nicole Patrício, outra promessa musical que falaremos mais a frente nestas linhas. A R&B “24/7 (Love You Less)” surpreende não só por parecer improvável, mas pela realidade e sentimento que passa dentro da faixa, mesmo parecendo que não há o menor esforço para isso, feito ao natural.
O trabalho não segue a plena perfeição. Duas faixas do registro, “Achados e Perdidos” e “Love Voodoo” soam deslocadas das outras canções, parecendo faltar um detalhe em seu arranjo e cansando a audição, mas nada que apague o brilho do registro. Um trabalho que dá uma abertura para o músico paulista, mas que ainda exige algum amadurecimento para um próximo registro, já tornando promissora a trama do músico que se divide em línguas e sentimentos no teclado do avô.