Resenha: Bruno Souto no SESC Pompéia
Após dez anos liderando a banda Volver, o veterano da cena independente nacional Bruno Souto tem se dedicado ao seu trabalho solo com o disco Estado de Nuvem, considerado pela imprensa especializada um dos melhores discos do ano passado.
Ontem, dia 06 de maio, o pernambucano abriu os trabalhos do Prata da Casa, no SESC Pompéia. Conhecido por revelar nomes como Céu e Vanguart, o projeto agora conta com a curadoria do jornalista Marcelo Costa. O show marcou também o lançamento da versão em vinil de seu álbum de estreia, lançado pelo também inédito selo da Locomotiva Discos.
Bruno estava à vontade ao desfilar seus versos em uma apresentação marcada por canções confessionais, que expressam situações cotidianas do compositor em meio as suas incertezas afetivas e existenciais. Sempre preciso em seus arranjos, com melodias que transparecem, porém sem exageros, as descobertas, amarguras e desilusões de uma relação amorosa, o cantor apresentou as faixas de seu álbum solo e composições gravadas pela Volver, como as ótimas “Pra Deus Implorar”, faixa que abre o disco Acima da Chuva(2008) e “Gente”, presente em Próxima Estação(2011), último trabalho lançado com sua banda.
A apresentação foi marcada pela presença de excelentes músicos, que merecem destaque especial. Acompanhando o cantor estavam Thiago Nistal na bateria, Augusto Passos no baixo, Ricardo Prado no teclado, Kaneo Ramos e Nevilton Alencar(Nevilton) nas guitarras.
O set foi aberto com “Aurora”, canção que flerta com o soul, e logo depois “Eu e o Verão”, um dos destaques do debute que sintetiza bem as influências desse registro, um disco solar e ao mesmo tempo melancólico, com fortes referencias no cancioneiro pop nacional. Na sequência, “Cansaço” demonstra a versatilidade do compositor, com arranjo baseado no reggae, impulsionado pelas marcações do baixo e evidente presença de metais, infelizmente sampleados nessa apresentação ao vivo.
Em um momento mais introspectivo do show, embalado pelo refrão “Me deixa ter a chave pra que eu possa abrir/Teu coração/Pra refazer a casa inteira” e por um teclado triste, Bruno expõe seu lado mais frágil. Em seguida, a já citada “Pra Deus Implorar”, agitou novamente a Choperia com o ar roqueiro característico da Volver.
A tríade formada por “Antes de Ser”, “Avesso” e “Por Que?” trouxeram a introspecção de volta ao ambiente. Bruno Souto apresenta cada frase de suas canções com o máximo de entrega e dedicação. Muitas vezes livre, sem a necessidade de tocar algum instrumento (na formação atual são raras as vezes que se apresenta com guitarra/violão), sobra espaço para a interpretação que cada linha composta. E o cantor não decepcionou nesse quesito.
Entre as últimas músicas tocadas no show, “Dance” alegra novamente o ambiente com um dos arranjos mais agitados e uma das letras mais otimistas de todo o álbum. Com trechos como “Dance até/ Poder cair/ Deitar no chão e adormecer” e “Deixar dormir/ A dor no chão/ E o despertar de um novo dia acontecer” a canção animou os presentes que, inclusive, ensaiaram alguns passos no salão.
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Quase no final de sua apresentação, Bruno Souto entrega “Dentro”, um dos singles do disco e um dos pontos altos da apresentação. A faixa busca referências no melhor da música denominada brega. A composição evidência o lado fortemente confessional do autor. É um dos destaques desse trabalho, que só ganhou mais força ao vivo em uma execução dedicada do vocalista e de seus músicos.
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Última faixa oficial do set list, “Estado de Nuvem”, faixa que dá nome e abre o novo trabalho do cantor, traz arranjos que fazem referências ao indie rock britânico e ao synth pop. Com guitarras e baixos bem marcados, a música segurou o bom momento deixado pela última canção apresentada e preparou o palco para o bis.
Para encerrar a noite, a escolha foi “Gente”, citada aqui anteriormente e uma das grandes composições presentes no último trabalho lançado pela Volver. Com final marcado pela presença de um forte coro, foi uma ótima forma do cantor encerrar um show marcado por belas canções, do que o próprio Souto denomina como “rock-canção”, e uma entrega total em palco para traduzir os sentimentos contidos em cada uma de suas letras