Resenha: Benditas Patas
Artista: Pata de Elefante
Lançamento: 09/04/2010
Selo: Trama
Myspace: http://www.myspace.com/bandapatadeelefante
Rockometro: 9,0
A prova de que Na Cidade é perfeito em todos os detalhes começa no nome do disco. Mais adequado impossível, o nome da bolacha resume toda a musicalidade muito bem explorada ao longo de bem aproveitados 49 minutos. A mudança na estética sonora é óbvia, e a aura meio folk/country-rock do disco anterior foi praticamente toda substituída por arranjos mais elegantes e urbanos, além de muitas outras influências nacionais e internacionais. É a elegância do rock’n’roll instrumental em sua forma mais crua e expressiva.
A mudança repentina no som heterogêneo dos gaúchos da Pata mostra que o talento é o que vale: sair de um disco com uma cara bem camponesa e pular para um rock cru cheio de efeitos com um pé na psicodelia pode parecer bem difícil, mas quando falamos de músicos exímios como os guitarristas/baixistas Daniel Mossman e Gabriel Guedes, além do baterista Gustavo Telles, isso se torna uma coisa tão natural quanto conseguir Steve Rooke, que remasterizou discos de John Lennon, Paul McCartney, e o catálogo dos Beatles relançado ano passado para masterizar seu terceiro disco nos estúdios Abbey Road. Coisa pra poucos.
A guitarra sustendada pelo baixo desliza por entre a bateria e os teclados sessentistas quebrando tudo que vem pela frente em “Diga-me com quem andas e te direi se vou junto”. Logo na segunda faixa começam a aparecer as diferentes influências que tomam conta do álbum: “Squirt Surf”, sem firulas, mostra um surf-rock escancarado com sua guitarra tropical; “Vazio na Cerveja” vem que vem com a cuíca carioca ao fundo, dando o toque samba-rock ao CD; “Pesadelo nos Bambus” vem com a guitarra densa para junto de “À Luz de Velas” trazer ao disco a música latina, sedutora como sempre.
“Sai da Frente”, uma das melhores do álbum, consegue reunir todo o peso da música da Pata de Elefante com riffs de guitarra bem agressivos. Tais riffs se transformam em um belo arranjo psicodélico e dormente em “Um Pouco Antes de Dormir”, que põe à prova que a Pata entende mesmo de rock, seja lá em que vertente for. É essa afinidade com os instrumentos, é essa química passional que faz a banda transpôr tão genialmente toda a beleza e arte da música em sua forma mais pura e intocada. Depois de um disco desses, passamos a ter certeza de que um vocalista seria desnecessário. As patas já dão conta do recado.