Resenha: Até o Chão
Artista: Robyn
Lançamento: 14/06/10
Selo: Konichiwa/Cherrytree/Interscope
Myspace: http://www.myspace.com/robynmyspace
Rockometro: 8,5
Depois de passar cinco anos por debaixo dos panos e sem lançar discos, a cantora sueca Robyn volta agora em 2010 com não um, mas três álbuns para lançar em um único ano. Realizar essa façanha pode parecer difícil para muitos artistas, mas, depois de Body Talk Pt. 1, o primeiro disco da trilogia, afirmar isso é a última coisa que passa pela cabeça. Essa mulher nasceu para desafios.
Em 2009, Robyn comandou os microfones em “The Girl and The Robot”, ótima música do último disco do Röyksopp. A sonoridade e a temática dessa música se mostram escancaradas e influentes em Body Talk Pt. 1, um disco que aposta muito nas pistas, e que mesmo assim consegue reservar um lado mais intimista, mais pessoal da cantora. Grande parte das letras do álbum se baseiam em fatos da própria Robyn, que é indiscutivelmente, o centro do disco, com sua voz inconfundível.
Não vai demorar muito para músicas como “Don’t Fucking Tell Me What to Do” começarem a aparecer pelas pistas de dança do mundo inteiro. A canção é agressiva na medida do possível, com a batida firme ao fundo e a letra que relata vários fatos que estão matando Robyn. Repetitiva e genial, esta é uma das músicas mais empolgantes do ano. Logo depois dela vem “Fembot”, uma das primeiras músicas do disco a vazar, que traz a aura robótica de que Robyn tanto gosta com sintetizadores bem dançantes e alegres.
“Dancing On My On”, terceira faixa, tem um sintetizador pesado que permeia pela música inteira que empolga, mas sofre poucas variações, perdendo um pouco seu potencial. Poderia ter sido mais bem aproveitada, como foi “Cry When You Get Older”, uma verdadeira obra do dance-pop, tão doce que deixa o mundo até mais colorido. Uma outra prova de que Body Talk Pt. 1 misturou vários ingredientes é “Dancehall Queen”, que tem uma pegada bem pop e que mistura uma espécie híbrida de um reggae eletrônico, com os sintetizadores substituindo as guitarras. Esplêndido.
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O Röyksopp, que ajudou na produção do disco, também ganhou uma participação em “None of Dem”, que começa com uma cara meio minimal, e que vai se mostrando linda e intensa. Lembrou bastante o debut da Fever Ray, tanto na voz quando no ritmo mais obscuro. A estética sonora muda nas duas últimas faixas: “Hang With Me”, uma doce bolacha acústica levada por um suave piano, por mais bonita que possa ser, não chega aos pés de “Jag Vet En Dejlig Rosa”, uma música tão linda, mas tão linda, que chega a doer o peito, e que demonstra as raízes suecas de Robyn.
No meio de tantas cantoras iguais, que dizem ser copiadas umas por outras, temos Robyn, uma pérola no meio de tantas decepções. Body Talk Pt. 1 é um disco irresistível, que aposta em várias vertentes e que ainda assim mantém uma originalidade intocada. É o perfeito exemplo de que a música e o universo pop podem ser mais do que simples rostinhos bonitos e efeitos computadorizados. É aí que entra o que chamamos de talento, e é ele que vence no fim das contas.