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Uma proposta pouco recorrente que proporciona o encontro entre técnica e intuição ganha corpo com o trio instrumental, REC. Desde o nome até a execução, o projeto carrega originalidade e entrosamento. Apresentando o primeiro disco, gravado em um unico dia, Rafael Bacellar (Apráticos, Lapso), Edgard Felipe (Paradoxa) e Caio Fonseca (Zéfiro e Stoyca) mostram, na prática, como as referências que cercam seus trabalhos são importantes para criação de sonoridades específicas.

Seguindo um caminho bem mais livre, os músicos não se preocuparam com a duração das músicas ou com os nomes. Sem conversarem durante a gravação ou construírem uma linha de trabalho previamente, eles conseguiram desenrolar linhas melódicas que conversam entre si passando pelo jazz contemporâneo e pela música de concerto moderno.

REC – REC

A gravação foi realizada no Estúdio Confraria, em Brasília. Mixado e Masterizado por Edgard Felipe, o disco é um lançamento do selo Gris Records. A arte da capa é do artista plástico Lucas Aguiar.

Para saber mais sobre esse projeto que está só começando é só acompanhar a entrevista que fizemos com o Caio Fonseca, baterista da REC.

Como surgiu a ideia de realizar a REC?

No final de dezembro, participamos de algumas jams de música improvisada durante a ocupação do departamento de Música da UnB. Percebemos desde o início que houve muito entrosamento musical entre os três. Posteriormente, nos encontramos em um show de alguns músicos da cena brasiliense (Pedro Martins, Daniel Santiago, Zé Krishna.). O show nos empolgou tanto que surgiu a ideia de montarmos um trio. E a ideia vingou.

Chegar no estúdio, não trocarem nenhuma palavra durante as gravações, cada um na sua onda, construindo algo juntos. Poderia ter dado muito errado mas é incrível ver o resultado disso, e perceber que há um entrosamento entre vocês três. Qual foi a sensação de viver um processo desse?

Para nós foi um momento muito libertador. Nós três viemos do ambiente acadêmico de Música, e apesar de todas as facilidades que isso nos proporcionou e proporciona também às vezes peca pelo excesso de regras e fidelidade às tradições. Por causa disso, a improvisação livre do REC acabou sendo um momento de desapego dessas regras, onde pudemos fazer o que gostamos de maneira orgânica e sem preocupações. Todo o processo foi muito satisfatório e divertido. Ao mesmo tempo em que há muita liberdade, essa liberdade também exige de nós muita atenção e confiança uns nos outros. O ouvido afiado acaba sendo uma demanda da liberdade.

Vocês se inspiraram em algo, ou alguém específico para fluir a ideia?

Cada um dos três tem suas próprias influências, e algumas dessas influências acabaram se casando. Ouvimos Mehliana (duo de teclado e bateria de Mark Guiliana e Brad Mehldau) antes de alguns ensaios. As influências do jazzista McCoy Tyner se mostram em peso na nossa música “2017”, e tem muito de Herbie Hancock em “João”. Por mais estranho que pareça, há muito de Metal nas nossas músicas também. A nossa forma de lidar com os sons, texturas e técnicas estendidas tem bastante influência na música erudita contemporânea também como se vê na faixa “A Tragédia do Inseto”.

Pretendem prosseguir com o projeto? Quem sabe fazer outros materiais?

Pretendemos sim. Ficamos bastante satisfeitos com o lançamento do primeiro álbum e pensar que ele todo foi gravado em um só dia, de forma tão natural, com certeza nos motiva a mais um encontro e quem sabe mais um álbum logo de cara. Então podem esperar mais um novo álbum do REC em breve.

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