Há uma serenidade, uma presteza com as palavras, com a forma como elas saem e chegam as pessoas. Há um cuidado, por parte de Raquel Reis, que é um convite para morar nessa Quitinete. Prestes a lançar seu álbum de estreia, a brasiliense mostra que a cautela, na construção desse trabalho, foi necessária e primordial.
O álbum, previsto para Junho desse ano, já tem três acústicos lançados pela Mais Brasil. Esse material contou com fotografia de Yvã Santos e edição de Adriano Pasqua, que também assina a produção do disco, ao lado de Fernando Vaz, figura importante na concretização desse trabalho.
A banda que gravou o álbum é formada por Marcos dos Santos (bateria), Jota Cohen (baixo), Fernando Vaz (piano), Tom Suassuna (violino), Gabriel “Migão” (guitarra). Com a mudança de Jota para São Paulo, Zé Assumpção assumiu os baixos nos shows ao vivo.
Quitinete propõe acolher seus ouvintes. Uma chamada para sentir-se em casa. Ao lado de amigos e pessoas importantes em sua construção como cantora, Raquel quer levar um pouco dessa vivência, em um lugar familiar e amoroso, aqueles que escolherem adentrar esse espaço.
Para saber mais sobre a trajetória da cantora e suas referências nos encontramos com Raquel, em um café de Brasília, ambiente que parece mais do que propício para esse papo. Entre cafés, tortas e conversas paralelas, foi possível ouvir Raquel contar, com muito carinho, sobre o trabalho que vem fazendo. A entrevista você pode conferir abaixo:
Aos 12 anos você aprendeu a tocar violão e guitarra, aos 17 percebeu que suas composições intimistas tinham potencial. Como você vê a construção desse caminho entre se inserir na música, compor e colocar no mundo seu trabalho?
Eu era uma guitarrista que virou vocalista. Sempre quis cantar só que sempre tinha o receio ou um pouco de vergonha. Então comecei tocando guitarra. Com 17 anos conheci o Fernando Vaz, que foi o cara que mudou a minha vida por completo. Eu compunha só que não tinha confiança no que eu fazia. Sempre foi uma válvula de escape compor. Sempre gostei de escrever mas não tinha confiança de cantar para ninguém isso. Ai cheguei pra ele com as minhas composições, ele é professor de canto, e ele chegou pra mim “Raquel, isso é lindo, isso é de verdade. Vamos fazer isso acontecer?”. Aí eu fiquei tipo, “Vamos!”. É um projeto bem bonito que a gente passou construindo nesses quase três anos. Ele que deu a ideia de tudo. Ele é o cara que fez as coisas funcionarem. Porque eu tive alguns projetos antes do solo. Cheguei a participar de uma banda cover de Paramore. Era guitarrista e tinha vergonha de cantar, e não era meu foco cantar, era mesmo tocar. Entrei em um projeto que se chamava Morais, que era um duo, com a Vivi Morais daqui de Brasília. E isso me fez ter muita confiança em mim. Ali comecei a cantar e compor em português.
“Medianeras” além de ter sido inspirada no renomado filme argentino de mesmo nome, conta com a poesia de João Pedro Doenderlein. Esse encontro de vocês dois é recente, ou são amigos de longa data?
Somos amigos a um bom tempo. Primeiro show que eu fiz foi em um sarau que ele me convidou pra fazer em um prédio dos amigos dele. Fui lá e cantei uma música que tinha feito a partir da poesia dele que era “Meu bem ancore amor em mim”. Achei aquilo lindo. Peguei a poesia e tive um monte de ideias. Fui escrevendo. Acho que o processo de composição com ele é muito bonito porque eu vejo a poesia do João e aquilo bate muito em mim. Faz muito sentido pra mim. Quando você lê e se identifica com um livro, só que esse livro é de um autor que é amigo seu, então isso é muito bom, você pode se inspirar naquilo, e usar partes. Acho que é muito verdadeiro. É um processo em conjunto que eu fiz com ele das três músicas que saíram. “Vermelho” é inteiramente um poema dele. “Medianeras” tem parte da música que sim. E “Cuidado” é muito especial porque eu li a poesia dele e tipo três dias depois eu vinha a compor “Cuidado” e foi muito natural. Foi como se eu tivesse um registro emocional, emotivo e afetivo na minha cabeça, da poesia, e veio do nada a música. Então acho que é uma energia muito compatível a nossa.
Raquel Reis – Medianeras
Como foi reunir a banda que toca com você hoje?
Foi um processo muito bonito. Foi a banda dos meus sonhos e eu não esperava. Tenho muitos amigos músicos, mostrei pra eles o projeto inicial, com as músicas só voz e violão. Dei liberdade pra eles, e disse “A música é nossa, você fazem o que estiver no coração de vocês. Coração e alma. Vocês podem fazer o que vocês quiserem”. Eu quis muito que a Quitinete fosse a nossa quitinete. E aí o Adriano só guiou tudo pra acontecer, e foi a coisa mais linda. A banda que gravou foi uma, e a banda que hoje tá comigo é um pouco diferente. Quem mudou foi só o baixista. Tem umas outras coisinhas, tem um violino, tem um trompete, mas ao vivo a banda é menor. Então a banda que toca nos shows hoje é um pouquinho diferente da que gravou, porque o baixista não mora mais aqui, mora em São Paulo. Mas os arranjos são exatamente os mesmos.
Como foi para você lançar os acústicos?
Eu sempre quis lançar versões mais intimistas das músicas porque foi onde eu comecei tudo. Eu queria lançar esses acústicos antes do disco porque achei que seria especial para as pessoas verem isso e ver como realmente foi. Eu compus daquele jeito, voz e violão, bem sincerão e viceral. Foi bem bonito fazer isso. Eu imaginei todo o clipe, cheguei pro Yvã Santos, que é um amigo meu e fotógrafo incrível, e ele deu todo apoio do mundo. Ele dirigiu e o Adriano que editou e fez o áudio. Fiz os acústicos e quis que isso fosse uma coisa muito minha e intimista. Fiz a parceria com a Mais Brasil, do Marcelo Bezerra, e foi uma parceria linda.Foi bem incrível ver as pessoas tendo conexão com a música. Fiquei desacreditada. Acho que tudo começou a surgir depois dos acústicos, devagarzinho.
Tem mais algum vídeo dos acústicos pra sair?
Não, foram os três. Agora vai sair dois clipes do álbum, dois singles, que vão ser dois curtas metragem, um ligado ao outro. E eu vou ter o prazer de dirigir junto com a Vivi Morais, que foi a responsável por muita coisa disso tudo. Ela que me deu confiança. Uma mulher incrível. Minha melhor amiga. Vamos dirigir juntas esses curtas, o que é bem especial para gente. E vai ser lindo. Estou bem, bem animada para isso. Aí saí o primeiro antes do cd e o outro depois do cd lançado. Estamos começando a produzir o roteiro para já filmar no próximo mês. Mas vai ser uma coisa muito sensível. Ainda mais porque vai ser o meu olhar e o dela juntos.
Você tem alguns shows por Brasília divulgando seu trabalho. Há alguma perspectiva de ir para outras cidades, estados, para levar a outros públicos o que você tem feito?
Tem! Depois de lançar a Quitinete em junho vamos fazer uma turnê. Mês que vem vamos para Goiânia, vai ser o primeiro passo pra fora de Brasília. Aí depois do cd vamos começar a fazer show no Brasil inteiro. Vamos pro Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, inicialmente, no próximo semestre. Esse é o foco. Levar essa Quitinete pra outros lugares.
O que você diria para as pessoas que ainda não conhecem seu trabalho?
Eu vou falar no meu papel como fã. Por exemplo, eu sou muito fã do Phill Veras, do Rubel, esses caras eu acho absurdamente incríveis. Eu fui no show do Phill Veras semana passada aqui em Brasília, e eu fiquei de queixo caído, chorando. É muita beleza que vejo no trabalho dele. Então acho que o porque de escutar Raquel Reis, talvez por se identificar e de alguma forma fazer bem, acalmar o coração. Para poder sentir aquilo. Acho que quando eu escrevo, escrevo de uma maneira que as pessoas conseguem sentir da vida delas, é um processo reflexivo. Quando eu escuto Phill Veras, ou esses caras que eu admiro muito, Los Hermanos que é minha banda preferida, eu escuto e isso me acalma, isso me deixa muito bem, isso me dá motivação. Meu sonho é que as pessoas sintam isso. Acho que esse é meu maior sonho. Por identificação. De lembrar de coisas boas. Que elas se sintam bem vindas. Por isso o nome Quitinete. Que as pessoas se sintam acolhidas. A primeira música do cd é “Seja Bem Vindo” então que todo mundo se sinta assim quando ouvir minha música.
Si estos factores de riesgo no se corrigen, la enfermedad vascular avanza y puede producirse un infarto de miocardio y enfermedades vasculares en el cerebro, en el corazón y en todas las arterias del organismo.