Rafael Castro – Um Chopp e um passo em direção ao pop

Semana passada o lençoiense Rafael Castro soltou seu novo disco “Um Chopp e um Sunday”, sucessor do elogiado “Lembra?” (2012), disponibilizado para ser ouvido através do site Deezer. Também é possível baixá-lo de graça em http://rafaelcastro.com.br/

Financiado através de crowdfund, o disco traz uma roupagem new wave/pop-rock oitentista para as letras ásperas, espertas e divertidas de Rafael.
Transição que pode vir a chocar antigos fãs de Rafael, acostumados com o rock econômico e letras raulseixistas do cantor.
Trazendo a frente os teclados e deixando a guitarra em segundo plano. A ideia é de um disco pra dançar. Diferentemente do anterior, que era mais voltado para a cabeça, Um Chopp se direciona para os quadris do ouvinte.

E a proposta é um sucesso.

Cantor consegue soar oitentista sem soar datado, dando um importante passo em direção ao pop. Algo parecido com o fazem os cariocas do Dorgas e Séculos Apaixonados. Também tem um quê do som que fez o Cidadão Instigado em seu último álbum “Uhuuu” (2009), só que com muito mais apelo pop.

O disco abre com “Ciúme”, que também é o primeiro single, revelando o clima do álbum todo. Sintetizadores (com citação a “Kids” do MGMT nesta faixa) e bateria eletrônica fazem cama para uma letra sobre ciumeira de namorada quando você vai dar aquele rolê com os brothers.
Além de “Ciúme” há duas faixas de grande destaque no álbum. “Preocupado” uma faixa recheada de deliciosos timbres de teclado, refrão chiclete e com Rafael sussurrando a letra num tom agudo, mostrando mais uma de suas facetas vocais (que em “Gostosa” soa como Chico Buarque).
Outro destaque é “Aquela”, uma inesperada versão new wave para uma musica de ninguém menos que os Raimundos. Banda admirada mas pouco citada como influência pela nova geração de artistas brasileiros. Mas que tem muito a ver a figura debochada e divertida que é Rafael Castro (a exemplo da capa do disco).
O disco tem pontos não tão altos como nas faixas “Bixo Solto” e “Víbora”, mas nem por isso são faixas ruins, que deixam a bola do disco cair.

Neste disco Rafael se afirma como o artista “mutante” que é, capaz de se reinventar sem perder a excência. Brilhante como compositor e arranjador. Se colocando como um dos grandes artistas independentes do Brasil e com grande probabilidade de cair no gosto do público. Só resta saber se o nebuloso público de rock irá fazer o côro.

O lançamento do disco acontecerá dia 7 de fevereiro na CHOPERIA do Sesc Pompéia. Castro promete uma noite de “beats eletrônicos, sintetizadores, chorus e re-quebradeira!”.