Paramore @ Chevrolett Hall, Belo Horizonte – BH 17/02/2011
Conferir ao vivo o som de uma banda é sempre uma experiência. Quando se trata de uma atração internacional, as expectativas são ainda maiores e raras são as vezes em que a frustração toma conta do público. Mas o que dizer sobre a apresentação de uma banda relativamente nova e que conta com fãs ainda mais novos? A média de idade do exótico público que acompanhou a primeira apresentação do Paramore na cidade de Belo Horizonte não devia passar dos 17 anos. Para muitos aquele podia ser (ou era) o primeiro show de “rock” de suas vidas e a euforia da garotada era o que mais se via pelas arquibancadas e pista relativamente cheia do Chevrolett Hall.
Verdade seja dita: a ruiva Hayley Williams sabe dominar o seu público e o calor intenso ajudou a tornar o Chevrolett em um grande caldeirão. Desde a primeira música, “Ignorance” (primeiro single do album Brand New Eyes), a platéia já estava conquistada. Algumas canções depois, foi a vez de uma das principais músicas da banda ser gritada e aplaudida pelos fãs enlouquecidos: “Thats What You Get” foi cantada com força e só perdeu para “Decode”, também conhecida como a faixa-título do filme Crepúsculo. Depois de tocarem outro punhado de canções, onde o público gritava cada verso, a banda fez uma pequena pausa para um longo set acústico. Tudo bem que cansa pular e chamar a atenção do público do jeito que Hayley e seu microfone da mesma cor do cabelo fizeram, mas essa parte da apresentação acabou sendo um pouco longa demais. Mas rendeu um momento lindo durante a baladinha jovem “Only Exception”, quando o Chevrolett Hall inteiro passou a ser iluminado apenas pelas luzes dos celulares das pessoas.
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O encerramento com “Misery Business” foi o ponto alto do show, não por acaso, talvez essa seja uma das melhores canções dessa banda que tenta se afastar da imagem ‘Avril Lavigne meets Juliette and the Licks‘ e buscar algo original. Se depender do carisma da vocalista e animação dos shows (e fãs), talvez não demore tanto para acontecer. Com poucas (e engraçadas) tentativas de falar português (com direito a “Vocês são beautiful“), a ruivinha mostrou todo seu talento natural para liderar a banda, que também não deixou nada a desejar. Todos muito preocupados com o visual e “atitude” no palco, em determinado momento o animado baixista Jeremy Davis resolveu fazer uma “manobra radical” com seu instrumento e o ombro do guitarrista Taylor York. O resultado foi um salto giratório que faria inveja às maluquices que o Flea fazia no começo do Red Hot Chili Peppers. A banda ainda contava com outros dois outros instrumentistas no apoio, além do genial baterista Josh Freese.
A presença de Josh Freese na atual formação do Paramore pegou muita gente de surpresa. O que um dos mais importantes (e dos melhores) bateristas de rock da atualidade estava pensando? Depois de encarar as baquetas e o fundo de palco nos shows de bandas como A Perfect Circle, Guns n’ Roses e Nine Inch Nails, Freese aceitou o desafio e entrou como membro “honorário” da banda. Claro que a maioria dos adolescentes presentes desconhecia o repertório e currículo do músico, mas foi um show à parte para quem estava ali apenas por curiosidade. Isso tudo nos faz pensar no quanto o mundo da música é louco e que vestir a camisa e defender apenas uma causa é quase sempre garantia de um tiro no pé. Felizes são os que conseguem apenas curtir a música, mesmo quando ela vem de uma (boa) banda para adolescentes.