Os passos seguros do Transmissor em “De lá não ando só”, seu terceiro disco.
Por tecer dois bons discos (Sociedade do Crivo Mútuo em 2008 e Nacional, 2011) além de Jennifer Souza e Leonardo Marques terem feito lindos disco solo, o grupo mineiro Transmissor não se manteve na zona de conforto e se reinventaram produzindo um belíssimo trabalho este ano, ao lado do produtor musical Carlos Eduardo Miranda.
De lá não ando só é um disco de dinâmica, multifacetado, versátil. As doze faixas se sustentam sem esforço, atraindo o ouvinte para perto. É um ambiente de transformar algo tão particular (a dor e a solidão, por exemplo) em algo público e comum, atingindo diversas pessoas com os mesmos sentimentos. A estética do disco vai a favor da música alternativa, do mpb, do rock alternativo, se contrapondo às exigências radiofônicas que excluem ótimas bandas das estações.
“Queima o sol” abre o disco com um leque de possibilidades do que ainda está por vir. “25 horas por dia” é o ponto alto de Jennifer Souza no disco, revelando o lado surpreendente de sua voz e criando uma sensação interiorana muito boa. “Mais quente do que quis” reserva um incrível solo de guitarra comandada por Henrique Matheus. “Retiro” é a faixa mais introspectiva do álbum, contendo vazios e espaços entre as melodias. “O que você quer ouvir” é o encontro de Jennifer e Leonardo cantando juntos, e Daniel assumindo um contra-baixo incrível. “Canso a cabeça” possui outra linha de baixo, feita no pedal, e é umas das canções mais solares do disco. “Casa Branca” finda o trabalho com a frase: “Do meu lugar, longe eu sei. Mas foi o mais perto que cheguei de mim. Nada, nada faz voltar.”
A bem da verdade é que imergir num mar de sonoridades não é problema para Pedro Hamdan (Bateria), Daniel Debarry (Baixo), Henrique Matheus (Guitarra), Leonardo Marques (Voz/Guitarra/Teclado), Thiago Corrêa (Voz/Violão/Teclado) e Jennifer Souza (Voz/Guitarra/Teclado), tornando o sexteto em mente única no processo.
A audição impávida de De lá não ando permite ganhar uma companhia. É uma viagem instigante. Não andar só. Estar sempre acompanhado de afeto mesmo por fones de ouvido. Transmissor é a transmissão de um cenário rico e que enxerga o horizonte.
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