O Que Dizer: Top 5 – Melhores Músicas Para Começar 2011
Começar um novo ano com o que de melhor aconteceu nos 12 meses anteriores é meio clichê, mas é provável que existam muitos fãs de música supersticiosos e que escolhem a dedo quais serão as primeiras músicas em suas playlists durante os primeiros minutos do dia 1 de janeiro. Para o bem ou mal, sou uma dessas pessoas. Meu 2010 começou com uma experiência quente envolvendo “Dimestore Diamond” do Gossip e boas doses de tequila, o que me impede de relembrar quais foram as outras músicas selecionadas para aquela noite libidinosa. Para começar 2011, não contei com ajuda de nenhum líquido dourado ou bebidas místicas capazes de estabelecer as mais abusadas (e viajadas) relações com fadas ou anjos ou o que quer que você veja depois de tomar absinto. E devo confessar que não gastei muito tempo pensando em resumir tudo que vivi e ouvi durante o ano enquanto bolava a lista, trocando mensagens com meus amigos pelo twitter. O meu top 5, o primeiro de 2011, ficou assim:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=9oI27uSzxNQ]
Ready to Start @Arcade Fire
Talvez eu fique eternamente frustrado para sempre por não ter feito a crítica do disco para o RinP ou até mesmo para o Audiograma, mas vou ter que me contentar em ser apenas mais um blogueiro a enaltecer a segunda faixa de The Suburbs (também conhecido como o melhor disco do ano). Mais que o título de música do ano, “Ready to Start” é o impulso ideal para o recomeço. Após os fogos e a euforia histérica das comemorações, dificilmente uma canção pop poderia ser mais direta ao nos dar as boas vindas à mais um ano. O Arcade Fire tinha que celebrar a primeira missa de 2011.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=kE7LRKwacr8]
Best of You @Foo Fighters
Em 2001 o Foo Fighters se apresentou no Brasil pela primeira e única vez. Desde então a banda lançou novos discos e ganhou ainda mais fama e força no meio musical. A cada lançamento e projeto, Dave Grohl se revela como a figura mais genial da música norte-americana. Hoje, 10 anos depois daquela apresentação no Rock in Rio, os fãs estão esperançosos com os anúncios de uma possível turnê pelo país. Mas não é apenas por isso que o Foo Fighters entrou na minha lista. “Best of You” é sobre os dramas e superações que enfrentamos durante nosso cotidiano. Ela é o tapa na cara dos livros de motivação. Quem precisa de auto-ajuda em livros quando Dave Grohl escreve uma música dessas?
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=YMZlB7p3kpw]
Things Have Changed @Bob Dylan
Demorei 24 anos para descobrir o quanto Bob Dylan era bom. Na verdade, eu demorei esse tempo todo para redescobrir o som (há) de muitas bandas. The Doors (um quase striptease ajudou, claro), Jimi Hendrix e Rolling Stones são exemplos de bandas antigas que não tinham muito significado ou importância para a minha vida musical. Como é bom se enganar, como é bom acordar num dia e perceber que o pouco que pensava saber era bem menos que o nada que eu jamais sonharia em conhecer. Bob Dylan virou um mito na minha estante e nas minhas listas de música e tudo isso por conta do lançamento do segundo album solo de seu filho Jakob. A faixa “Things Have Changed” é a minha mais recente descoberta na imensa (e infinita?) coleção de sucessos de Dylan. Os versos “People are crazy and times are strange / i`m locked in tight, i`m out of range / i used to care but – things have changed” são o espelho daquilo que podemos esperar do futuro. Onde estão os bons corações? Morreram de tristeza ou só esperam pela chance de se mostrarem milagrosamente num dia qualquer desse novo ano? Vai saber… Começar o ano com um pouco de realidade crua faz bem.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=tkJNyQfAprY]
Comfortably Numb @Pink Floyd
Se eu tenho problemas em ser otimista diante as previsões de um novo ano? Você consegue perceber isso apenas pelas músicas anteriores ou a inclusão de “Comfortably Numb” foi o golpe final de melancolia? Preciso reforçar o fato de que passei o reveillon sozinho e sóbrio. Geralmente precisamos estar um pouco alterados para conseguir apreciar o som do Pink Floyd, mas quem foi que disse que a ocasião não faz o momento? Ninguém sabe exatamente o que vai encontrar ao longa da jornada pelos próximos 12 meses e como um certo filme de ficção disse nos cinemas: “A ignorância é uma benção”. Qual o sentido de se preocupar e esquentar a cabeça com tudo que não está em nossas mãos para resolver? “Comfortably Numb” é mais que o melhor solo de guitarra do rock n`roll, é o hino do conforto daqueles que preferem fingir não enxergar as verdades dolorosa e nebulosas da vida. Se entorpecer por um mundo melhor? Com Pink Floyd e o David Gilmour, isso faz algum sentido. Ao invés de pensar que usar branco ou ouvir canções felizes sobre superação é o ideal para um novo ano, eu prefiro ignorar a benção por alguns instantes e refletir sobre o que há de bom na vida.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=QM5NkLnVzVY]
Rock n`Roll @ Led Zeppelin
Como normalmente acontece quando eu estou responsável por alguma coisa, o final é inesperado. O meu top 5 de primeiras músicas de 2011 teve um pouco de tudo, principalmente reflexão e vontade de superação. O mais comum seria encerrar a lista com uma música do Radiohead (“How to Disappear Completely” e seus versos depressivos “I`m not here, this isn`t happening“) e fazer a alegria da nação indie. Pois bem. A última música da minha lista é para chegar quebrando tudo e que, depois de desfrutar momentos de disposição para o recomeço, de superação, de transformações e reflexões, é chegada a hora de recuperar o estado de dormência da mente e simplesmente ligar o piloto automático do inconsequente rock n`roll setentista e das melhores (Beatles who?) bandas do mundo. “Rock n`roll” tinha tudo para ser a primeira música da lista, mas isso estragaria toda a mensagem contraditória, caótica e confusa sobre o começo do ano e sua relação com a música. Afinal, não seria a música o refúgio maior conhecido pela maioria das pessoas que não tem medo de se revelarem sensíveis? E não é a música que eles dizem ser capaz de mudar o mundo e as pessoas? Nenhuma outra arte consegue ser tão completa e impactante quanto o resultado da soma de alguns acordes. O Led Zeppelin foi a banda de 2010 no meu playlist.
Depois do lançamento do disco do Them Crooked Vultures e de uma influência feminina responsável pelo meu encontro místico com “Since i`ve Been Loving You” numa dessas noites que passamos na companhia do youtube, fui tragado para um universo diferente daquilo que eu estava acostumado. As bandas modernas perderam a graça, perderam suas forças e influências. O quarteto londrino acertou um míssil na minha testa e a minha forma de consumir música modificou-se. Deixei de ser um mero adepto dos downloads para me aventurar no mundo dos colecionadores. A coisa toda mudou de figura. Baixar músicas não me realiza da mesma forma que pegar no disco e ouvir num bom (e potente) aparelho de som. Nada contra aqueles que acham (com razão) que a indústria dos cd`s acabou, mas a experiência musical é muito melhor quando se reserva um lugar especial na sua casa para guardar os discos e o grande acervo. Mp3 não é música. Ouvir bandas como o Led Zeppelin nesse formato deveria ser crime. Um crime sério. Mas quem é que se importa com isso no final das contas? Era noite de reveillon e a música precisava continuar, portanto apenas abra os braços, mentes e ouvidos e deixe o amor vir correndo. Principalmente na forma de música.
Se alguém tiver começado 2011 com uma seleção melhor, não deixe de compartilhar. Só não precisam mencionar as doses de tequilas e/ou as excelente(s) companhias. Ou não.