Home Destaques O Hardcore nunca irá morrer, mas você irá: HC brasileiro atualmente

O Hardcore nunca irá morrer, mas você irá: HC brasileiro atualmente

24
Compartilhar

capahardcore2
Arte: Diego Max

O que seria o Hardcore? O termo vem de Hardcore Punk e teoricamente é uma pegada mais dura e rápida do punk rock. Mas julgar isso através de teoria seria uma forma técnica e burra.

No Brasil as bandas Restos de Nada, Carne Podre, AI-5 e Aborto Elétrico seriam as vanguardistas já em 1978, e tinham influências de grupos como Sex Pistols, Ramones e The Clash e mantinham a política como um dos seus focos principais.

Já em 80, São Paulo e Brasília concentravam bandas que recebiam clara influências das britânicas Discharge, Disorder e no final da década até mesmo do DooM. Algumas dessas ficaram nacionalmente conhecidas, como os caras dos Inocentes, Cólera e dos Ratos de Porão.

O hardcore e o punk rock tiveram outras vertentes, como o Crust que recebeu influências anarquistas e com letras mais darks e políticas. E aqui no Brasil não foi diferente, a cena sempre acompanhou o que ocorria na Europa, berço de diversas formas musicais dentro do gênero.

Porém no Brasil ocorreu uma descentralização, e a cena hardcore ficou mais fortes no interior. As bandas de cidades pequenas conseguiam fazer um show com mais público e retorno do que se esse mesmo show ocorresse em São Paulo ou Rio de Janeiro, coisa que raramente acontece em qualquer circulo musical e cultural. O que ainda ocorre, quando vemos bandas se apresentando e levando o pessoal da capital para cidades menores.

Em paralelo dessa cena consolidada do Hardcore, há mais ou menos oito anos, começava no Brasil uma explosão de bandas que tinham suas bases influenciadas por esse mesmo hardcore, mas compunham letras que tratavam de sentimentos. O “emocore” não era nenhuma novidade para o mundo, mas o Brasil,  naquele momento, estava prestes a destruir e deturpar toda a história do hardcore e de sua vertente mais emotiva e post-hardcore, criando mais um produto estranho.

Nasceu então um “conceito” de um “novo hardcore” no Brasil. Com músicas mais aceitáveis para a massa e, prontas para os empresários como Rick Bonadio (NxZero, Fresno) utilizarem a faca no queijo e expor uma nova “tendência” na mídia. (esse parágrafo necessitou sim das 3 aspas)

Mas após um cansaço extremo com rótulos e de bandas que produziam materiais sem conteúdo. O que seria o hardcore então? Em uma análise grosseira, vimos o que era de fato da cena undergroud continuou a ser feita e o que era produto foi dissipado e esquecido.

O hardcore nunca deixou de ser o que era como movimento cultural e político, pelo contrário ele se manteve e novas bandas foram surgindo. Então para falar dessa cena atual, convidamos três amigos. O primeiro é o Clemente Nascimento dos grandes grupos Inocentes e Plebe rude:

“Vi o Hardcore nascer como estilo em 1981, mas bem antes já tinham umas bandas que faziam “aquilo”, mas não tinha um nome pra definir o que faziam, eu inclusive. Ver que ele resiste até hoje, mostra que quem curte HC, simplesmente não se importa com modismos passageiros, ver tantas bandas novas e boas juntas, só me faz acreditar que sempre vai ter gente com atitude nesse mundo, longa vida ao Hard Core, pois nós iremos morrer, mas ele não…”

Convidamos também Enrique Gonçalves e Diego Max para criar uma seleção de 15 bandas do cenário atual. O primeiro deles, mais conhecido como Enrique DxDxOx. O cara é vocalista da banda de hardcore e grind, Dor de Ouvido (uma lenda do centro oeste) e baterista/vocalista da DEMONTERROR, ambas de Campo Grande/MS. Sendo então, um dos maiores agitadores da cena hardcore do cerrado.

E Diego Max, que reside na capital paulista, mas é natural de Assis/SP e sustenta o blog Informal Informações desde 2009 músico/produtor de quarto, frasista fracassado e  já fez muito pelo hardcore no interior.

Leia a descrição de cada banda:

DEAF KIDS (Por Enrique DxDxOx)
Crust, punk, hardcore, denso, aquele clima Europa 80’s, ateísta, fudido!

GOOD INTENTIONS (Por Diego Max)
O Good Intentions se destaca no hardcore no que se trata, se portar de forma  arbitrária em relação as letras, tratando de temas mais pessoais mesmo com um viés straight edge vegetariano ainda assim não se prende nos velhos clichês pedantes de alguns ninchos radicais que vemos por ae.

JESUS MACACO (Por Diego Max)
Energético, singular, dançante, um projeto inusitado de membros de bandas que vieram de vários estilos e juntaram tudo num aglomerado punk diferenciado, pra você que gosta de big boys ouça.

CHUVA NEGRA (Por Diego Max)
O entusiasmo e energia de uma banda iniciante com maturidade e bagagem de uma com mais de 10 anos, traz de volta aquela essência do hardcore melodico dos anos 90  com toda propriedade de quem ouviu e conhece, identidade musical, com letras pessoas e cotidianas espelhadas e vividas no cenário de são paulo.

UNDER BAD EYES (Por Diego Max)
A cena curitibana me agrada mais que a de sp, talvez por uma singularidade entre pessoas. Fiquei surpreso ao ouvir, é uma das bandas que mais chamou atenção, postura, identidade, criatividade, maturidade musical expostas em cada acorde e grito em suas músicas, uma demo que poderia chamar de disco que ao ouvir por completa você coloca pra repetir de tão bom.

O INIMIGO (Por Diego Max)
Velhos de guerra, já tiveram várias bandas, hoje com anos de estrada fazem o som que sempre ouviram, a escola melódica daquelas bandas como husker du, dag nasty, não tem muito o que dizer, hardcore profissional.

DEFY (Por Enrique DxDxOx )
Eles são de SP/SP e pra mim uma das melhores bandas de hardcore / crust atualmente, pegada bem metalizada e crua, boas letras e bons lançamentos realizados, inclusive com tour pra fora do Brasil. Fico triste por não ter visto ao vivo ainda, apesar de conhecer as perícias do vocalista Falão por ter visto ele em outra banda que fazia parte.

BULLET BANE (Por Enrique DxDxOx )
Conheci o Bullet Bane – SãoPaulo /SP – há uns 3 anos e gostei muito, hardcore punk em sua veia melódica mas sem aquele ar de “wanna be rockstar” que vinha percebendo em muitas bandas que surgiam à época. E simplesmente por isso é tão bom!

PLASTIC FIRE (Por Enrique DxDxOx )
Hardcore melódico do Rio de Janeiro/RJ me fez pegar gosto pelo mesmo motivo do Bullet Bane: sinceridade no som e um sentimento de hardcore integração, sem competição, que ainda dá combustível para continuar curtindo esse estilo de música.

BRAVO (Por Enrique DxDxOx)
Não é ser regionalista, mas esses caras aqui de Campo Grind – MS representam muito bem esse momento do hardcore mais melódico como mencionei anteriormente. Como eles dizem “EP totalmente Do it Yourself, 5 músicas, numerado à mão, participações especiais à milhão”, sendo que a banda é ativa, fazendo shows, interagindo, fazendo a coisa acontecer.

NUNCA INVERNO (Por Diego Max)
A banda tem um estilo próprio dentro do cenário hardcore, que é uma das coisas mais dificeis, não soar igual. Além dessa qualidade, vão além da música, cantam o que vivem, 10 ou 12 é a prova que a banda merece o status que tem.

D.E.R/TEST (Por Enrique DxDxOx)
D.E.R/TEST são de SP/SP e estão representando muito bem o grindcore / hardcore / punk do Brasil para o mundo. Participando de grandes festivais e shows fora do país, com uma agenda sempre cheia. Agora veja isso: Se jogar o som todo pra direita é o disco do TEST, se jogar o som todo pra esquerda é o disco do D.E.R. Isso se deve ao Barata (baterista das 2 bandas) que gravou a bateria de 4 músicas e as 2 bandas gravaram as músicas em cima da mesma bateria, em canais diferentes, resultando em 2 músicas ao mesmo tempo!

GARAGE FUZZ (Por Diego Max)
Tive a honra de tocar com eles, e foi como eu esperava, até melhor, os caras conseguem se renovar a cada disco sem perder a identidade, estão vivos e lançando coisas novas pra provar que tanto tempo se passou, muitas bandas se foram, mas o garage continua seguindo e influenciando muitas outras.

ZEROZERO (Por  Diego Max)
Conheci a banda quando eles abriram pro limp wrist, na primeira música o juliano (vocalista) já caiu do palco e cortou a cabeça, continuou o show da mesma forma, um show energético, foi o bastante pra eu ir atrás do disco completo e ainda me deparar com os clipes que dão um toque com humor sarcástico do punk garage skate capixaba tradicional.

MENORES ATOS (Por Diego Max)
Escola Rio de janeiro, essa escola tem uma singularidade muito forte que só bandas de lá conseguem,  muito bem trabalhado o instrumental, o melódico na medida certa, sem frescura, ótima banda pra você que gosta dos lendários projetos como noção de nada, deluxe trio.

24 COMENTÁRIOS

  1. Tatiane Ferreira Gente, não foi nada esquematizado. Isso até deu uma ideia de fazer uma pauta Girl Power. Mas é que foram 10 indicações de cada e acabou chegando nisso.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here