Na trincheira da bilheteria
Policiais exaltados e ásperos contendo a multidão, pessoas discutindo com vozes altas e rasgando farínges na direção dos caixas. Funcionários uniformizados com tonalidades vocais beirando a histeria e mulheres chorando. Não, você não está em uma zona de guerra ou protesto pelos direitos humanos com requintes de repressão. É apenas uma fila para a compra de ingressos, em uma quarta feira de manhã na cidade de São Paulo.
Desde às seis horas do dia de hoje, a aglomeração de pessoas em frente aos caixas do Citibank Hall, na rua Jamaris altura do número 213 era alta. Localizado no bairro Moema, conhecido pelo alto valor dos imóveis e pela casa de suingue mais famosa do Brasil, a posição geográfica permite uma certa tranquilidade para quem chega tanto de carro quanto a pé. Mas chegar ao lugar nesses tempos internéticos, não garante a ninguém um lugar ao sol da sua banda predileta.
Com atraso de trinta minutos do horário divulgado para abertura das bilheterias, os ingressos esgotaram-se em minutos. Nesse momento a fila, que já dobrava o quarteirão e ia longe, permanecia na garoa da terra boa sem ter maiores informações. Os seguranças limitavam-se a manter o povo na fila ordeiramente. Como o sistema de venda é feito pela internet, não existe controle de onde e quantos ingressos são vendidos e em quais setores. Isso ocasiona um desencontro de informações generalizadas. E como todos sabem, esse tipo de desinformação causa apenas mais tumultos.
Com a desorganização crescendo e a polícia já em quantidade bem visível no local das vendas, um funcionário trajando uma camiseta da Ticket For Fun (empresa responsável pela venda de ingressos dos shows do U2 no Brasil), passava a informação de que não haviam mais ingressos e o único setor que possuia ainda uma pequena quantidade, era o amarelo (atrás do palco). Com preços que variavam de R$ 70,oo à R$ 220,00. Alguns minutos depois, os de valor mais baixo desse setor também esgotaram-se, sobrando apenas algumas unidades dos mais caros.
Nesse momento existe um misto de frustração e revolta por entre os passantes que estáticos esperavam sua vez. Discussões acaloradas pela falta de informação e da má organização do esquema de vendas. As maior reclamação (que ficou sem resposta) era a seguinte:
a) Porque com o horário marcado para as dez horas da manhã, a bilheteria foi aberta com atraso. Informações à respeito de outros lugares de venda (Morumbi por exemplo), davam conta de que a abertura ocorreu no horário divulgado e a fila apesar de grande era fluente.
Assim sendo e sem uma resposta que convencesse alguém, os consumidores decidiram fazer além de um abaixo assinado, entrar com queixa contra a empresa Ticket For Fun no PROCON, pela má organização e tratamento dispensado às pessoas. Não havia fila para idosos e existiam pessoas da terceira idade tomando garoa e vento no local.
Uma terceira data com um show extra está sendo cogitada pelos bastidores, mas ao que tudo indica a má organização na venda de ingressos ainda vai durar pelo menos mais algum tempo.
ATUALIZAÇÃO: Conforme já era esperado, um terceiro show foi adicionado à turnê brasileira da banda U2. Será realizado dia 13 de abril, no estádio do Morumbi. O site da Ticket For Fun continua com problemas, mas a própria empresa confirmou a notícia. A pré venda acontece entre os dias 18 e 19 de dezembro (para portadores dos cartões de créditos de uma determinada marca) e dia 20 aberto para o público em geral.