Mombojó @ Oi Futuro – 23/04/2010 Ipanema-RJ
Há pouco mais de um ano, o Mombojó colocou 3000 pessoas dentro do Circo Voador extasiado, num show fervoroso que nós também participamos. Agora, a banda encerra a programação musical de abril, na belíssima casa Oi Futuro Ipanema, onde os grupos pernabucanos ganharam espaço entre intervenções artísticas e peças teatrais que ali são apresentadas.
Os anos de estrada e os ótimos álbuns lançados trouxeram rápido fãs seguidores que sabem muito bem cada letra da banda. Esses fãs foram os primeiros a gritar e pedir o início do show depois de quase uma hora de atraso. Os músicos tiveram diversos contra-tempos, como pneu furado e amplificador quebrado, segundo explicou Felipe S., o vocalista e porta-voz dos poemas complexos que a banda executa(rá) nessa temporada de ingressos esgotados no Rio de Janeiro.
Para essa apresentação, o quinteto optou por um repertório extremamente focado no seu primeiro álbum, o histórico Nadadenovo, incluindo 11 canções das 17 tocadas, sendo que seria 12 se “Realismo Convincente” não tomasse a vaga de “Ser Você”. A primeira parte da apresentação foi destinada as canções mais calmas, interagindo com o esquema teatro pequeno x público sentado. Nessa pegada leve, “Duas Cores” iluminou o palco de forma calma, seguida pela inédita “Casa Caiada”, que figurará no próximo álbum Amigo do Tempo. O público deixou algumas cadeiras vazias para disputar espaço nas laterais e na frente do baixo palco, e mesmo em pé, balaçava a cabeça e cantava as músicas de ponta a ponta, mas sempre baixinho, tímido, na plena falta de costume de assistir um show em um teatro.
Apesar de no setlist estar marcando “Adonay”, a música que seguiu “O Mais Vendido” foi “Adelaide”, para aí sim, Felipe surpreender o público e assumir o erro na versão de “Anarquia” (Ronnie Von) e emendar sem medo e no ritmo da música “Errei a letra mesmo, mas agora já foi. O que importa é o sentimento que passo pra vocês”, arrancando aplausos surpresos dos presentes. Engraçado pensar que a apresentação dos músicos ocorreu durante a música “Merda”, sendo o tecladista Chiquinho o mais ovacionado e o que recebia mais gritos femininos do público.
Aos poucos, as pessoas foram se levantando das cadeiras e vendo o show de sua perpectiva real: em pé. Mas isso só ocorreu depois que “Swinga” deu final a primeira parte e “A Missa” começou o bis rock n’ roll que, se não fosse por “Realismo Convincente”, seria tomado pelas canções do Nadadenovo. Para encerrar, o quase hino “Deixe-se Acreditar” levantou o público e os convidou a gritar: ‘Tudo pode ser, nada vai acontecer não tema! Esse é o Reino da Alegria!”
Como desculpa ao atraso e um afago aos fãs, um segundo bis foi armado e tocado. As escolhas dessa vez se mantiveram com o foco do primeiro álbum e “Baú” abriu lento e romantico, para – depois de muitos pedidos do público – “Estático” encerrar a primeira das três noites gostosas de guitarras pernambucanas. Em seu site, a banda anunciou que o foco dos shows eram os seus dois álbuns e “Casa Caiada”, então provavelmente neste sábado teremos uma enxurrada de canções do Homem-Espuma. Depois, esperaremos ansiosos para que no mês que vem, vermos clipe e mais uma faixa inédita do Mombojó na internet e na sua cabeça.
Setlist:
Duas Cores
Casa Caiada
O Mais Vendido
Adelaide
Anarquia
Nem Parece
Homem-Espuma
Merda
O Céu, O Sol e o Mar
Swinga
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Discurso Burocrático
A Missa
Spalsh Shine
Faaca
Realismo Convincente
Deixe-se Acreditar
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Baú
Estático
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Texto: Marcos Xi
Fotos: Juliana Ribeiro
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