Marina Vello lança com exclusividade ‘Forbidden Things’ e fala sobre seus projetos para o RockInPress

Manhã de quarta-feira, abri o Instagram e dei de cara com o print do soundcloud da Marina Vello, ela acabava de liberar uma faixa de um disco solo, sem mais nem menos. Enviei uma mensagem pedindo para conversar e no outro dia estávamos no Skype trocando uma ideia para contar como isso e outros projetos tem acontecido.

Marina Vello, Ribatski, Gasolina ou só Marina. A menina de Curitiba que conquistou o Brasil por volta de 2006 tem apenas 28 anos e não usa de meias palavras, deixando claro claro que se importa muito com seus amigos, parceiros e trabalho, muito mais do que falaram sobre ela.

Antes de chegar no assunto sobre a faixa e do seu projeto solo em si, perguntamos como ela conheceu Adriano Cintra, seu parceiro no Madrid, que tem sido uma peça essencial no trabalho atual da cantora e compartilha uma história parecida quando o assunto é sua antiga banda.

Eu era fã do Adriano quando ele tocava no Thee Butchers’ Orchestra, isso, quando eu ainda tinha…sei lá, 16 anos. Eu via aquele cara de sunga de onça e ficava enlouquecida, com aquele ar rock’n’roll freak.

Mas quando o CSS foi pra Curitiba foi que a gente se conheceu mesmo. Em 2006 fizemos uma turnê juntos, na qual eu quebrei um braço e ficava muito tempo no ônibus descansando. E o Adri era o cara que mais ficava lá também, ele compunha bastante e acabamos muito próximos através dessas conversas dentro do ônibus”

De lá pra cá  rolou muita coisa e em 2011 o Madrid aconteceu. O processo de criar as músicas foi algo natural, Marina passou no estúdio de Adriano e ali, eles compunham, sem pretensões. Ocorria algo bem orgânico. “A gente se encontrou no estúdio dele e de uma vez saíram 3 músicas. Ele trazia a base a gente fechava algo junto.”

Após esse momento, Marina retornou para Londres – cidade que residia na época. Agora a cantora mora em Paris – e quando questionada de como eles criam com a distância, ela diz que  não tem um padrão, as vezes ela traz uma letra, as vezes ele uma base e assim a coisa segue, por vezes, nas visitas de Marina à São Paulo, cidade onde Adriano Cintra mora e outras via internet.

“O processo é bem singular. Enough é total do Adriano, já Truth Lips are Sealed é toda minha. Eles sempre compões separadamente, mas tipo Let Go Of Me é meio a meio. Don’t tell me Anything ele já tinha uma música, eu apenas escrevi uma outra letra e as coisas acabaram se costurando.”

Mas o que todo mundo está curioso é sobre o seu disco. Chamado “Commando”, o título é pela áurea girl power viva dentro dela, Marina explica “a tradução livre é algo como sem roupas de baixo”. Eu pergunto se ela está assim agora, rindo ela me conta “As vezes eu estava Commando até nos shows da Madrid e ninguém percebeu”, brinca.

Ainda sobre o disco ela diz “Eu tinha feito o disco antes de tudo acontecer. Nem tinha ideia do que faria, nem que iria existir o Madrid, realmente não sabia o que fazer . Então guardei ele por um período. Acho que foi um processo de maturação.”

A primeira faixa revela novidades, nada do que você tenha ouvido no Madrid ou no Bonde do Rolê. Para entendermos da onde essa nova faceta surgiu, precisamos vasculhar o passado de Vello, ela diz que a sua adolescência foi basicamente a cena de Rockabilly de Curitiba. Coisa primorosa, como sabemos. A cantora ainda dá a deixa que o disco não é apenas isso, que iremos ver muito mais pela frente.

Sobre projetos futuros

“Esse disco é algo despretencioso, eu não sei o que fazer com ele, então vou soltando aos poucos, estou curtindo-o novamente” responde quando perguntamos se ela vai fazer algo com esse material novo. “Mas vou lançar o disco pelo meu selo independente, o Anfetamina records.”

Sobre o Madrid, ela revela que nesse começo de 2013 veio ao Brasil e gravou algumas músicas ao lado de Adriano, umas 6 a 8 canções que vão fazer tanto parte do próximo EP, que será lançado em breve, como do álbum do Madrid.

Ainda no papo sobre composição dessas faixas ela fala que gosta de produzir e criar:  “Tem muita mulher na música, mas quantas compõe e produzem? O mundo ainda é sexista, algumas são intérpretes, embalagem do produto com um monte de sueco por trás. Mas tem minas fodas, como a mina do Electrocutie.” Saltando sua veia militante.

Referências, amigos e produções

Ao falar de suas referências vemos que Patti Smith e Pj Harvey são claras inspirações, mas que isso não é o limite: “gosto até de Mastodon, poxa”.

A produção de seu disco ficou por conta de Daniel Hunt, do Ladytron “Eu conheci o Dani quando ele foi em um show em 2006/2007 e ficamos amigos. Mas o disco tinha outro produtor, mas ideias não batiam. E um dia fui jantar com ele (o Dani), em um indiano – a gente ama indiano – e eu reclamando da vida, que o disco não tava rolando e que ia desistir ele disse: – Não, eu produzo! Eu nem acreditei, Daniel Hunt produzindo um disco meu.”

Marina é agitada e diz que além disso tudo está com outras ideias: “Além do Madrid e desse disco eu estou pensando em musicar poesias, fazer algum show com interpretações do Vladimir Mayakovsky e algumas da Silvia Plath”

Ainda com surpresas ela diz “Vou lançar um clipe dirigido pelo Fernando Nogari, e uma faixa exclusiva para vocês”, então, ouça “Forbidden things“: