Marcelo D2, Planet Hemp e Convidados @ Circo Voador, Lapa-RJ 18 e 19/02/2011
Texto: Marcos Xi
Fotos: Juliana Ribeiro
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O Circo Voador parecia o Maracanã em dias de clássico. A torcida gritava forte pelo nome do seu ídolo e de quem querem ver jogar. Diversos gritos e hinos cantados de cabo a rabo, mesmo com a complexibilidade que envolve os arranjos e jogadas. O time é formado por pessoas de diversos estilos, com canhotas dando o ritmo para os atacantes marcarem o gol.
Na linha de frente, o astro do time; o arquiteto das jogadas mais inteligentes; o cara que chama a responsabilidade e bate no peito, que esbraveja e xinga até com o técnico (de som) se algo está errado, assim como Tim Maia fazia. O nome dele é Marcelo D2. Ele tem um repertório de jogadas certeiras e já começa o jogo mostrando o que de melhor tem, além de ser mestre num dos mais importantes fundamentos: os passes.
D2 é modesto. Sabe dividir suas glórias com seu time e tem carisma entre os cartolas da música brasileira. Comemora seus gols com sambas clássicos ao lado dos companheiros Leandro Sapucahy e Arlindo Cruz, relembrando seus grandes ídolos como Bezerra da Silva, Jovelina Pérola Negra e João Nogueira. Nosso astro ensaia ao vivo com a garotada novas parcerias, colocando os holofotes do estádio virados em seu filho Stephan e seus amigos do Start, além de ficar muito bem na foto com o Hélio (Ponto de Equilíbrio) e o Marcio Local.
Como um bom bolero, ele também participa das peladas dos amigos. Tem jogado no time do Cone Crew, tendo até jogadas ensaiadas e bom entrosamento com os rapazes. Mas o ponto forte é a brincadeira que rola depois da partida. Tudo é improvisado e sempre faz sentido, mostrando que até os amigos de D2 tem talento, muito talento.
A partida parecia durar horas – mais de 3 horas, na verdade – cansando alguns que acompanham o Marcelinho desde seu antigo time, o Planet Hemp. Como é bom relembrar aqueles tempos áureos daquele time raçudo e que não media esforços para mostrar o porquê vieram mostrar a sua arte. Quando essa geração se reencontra, ou pelo menos parte dela, a comoção do público faz lotar arenas onde for, provocando a massa a se digladiar para melhor aproveitar o momento – mesmo que ele dure poucos 20 minutos.
É verdade que eles já não são mais os mesmos. Os cabelos mudaram e o repertório não anda bem ensaiado, causando esquecimento de suas palavras tão importantes para a juventude que os acompanhou no auge. Mas é muito importante vê-los novamente juntos, jogando em casa e no mesmo time. Tenho certeza que o DJ Nuts e o rapaz que subiu no palco para participar da confraternização irão falar com orgulho para os seus filhos que por 5 minutos na vida já foram do time do Planet Hemp.
Esse é aquele craque que nem tão cedo irá se aposentar, que nunca irá trair a sua torcida, nem irá se envolver em confusões ou convulsões, muito menos cortes de cabelo esquisitos e jamais esquecerá aqueles que deram o pontapé inicial para que a bola rolasse nos palcos e estádios do país.