A inebriante “Voz e Violão” de Marcelo Camelo @ Circo Voador 28.09.2013
Já era meia noite de sábado, quando Marcelo Camelo, sentando em um banquinho, ao lado de uma garrafa de água, uma taça de vinho e um suntuoso coqueiro começou a sua apresentação tocando a música “Vermelho”, do seu segundo disco solo. O Circo Voador estava cheio, pois todos os ingressos haviam se esgotados para o show, mas mesmo com tanta gente, havia um estranho silêncio quando o músico carioca começou a apresentação. Um silêncio de admiração de uma plateia que há muito tempo acompanha seu trabalho.
Mas esta quietude não ia durar por muito tempo. Logo, várias vozes acompanharam o artista em seus versos, e assim se seguiria por toda apresentação, em todas as músicas. O barbudinho apresentou um repertório com canções de seus projetos solos e da época de Los Hermanos. E a cada canção, Camelo demonstrava sua felicidade em se apresentar para aquela plateia. Nos finais das músicas, entre um gole ou outro de vinho, o Marcelo sorria de agradecimento e contemplação. Sem contar os diversos “lindo, lindo, lindo” que ele dizia à plateia, com diversos “obrigados” dedicados ao show vindo do público.
Camelo chamou sua esposa, a também cantora e compositora Mallu Magalhães, para dividir o palco em “Janta”, onde os dois fazem um dueto. Como de costume, foi de se emocionar ver o casal cantando a canção que brinda a história de amor entre eles. O restante da família também estava presente no evento, e Marcelo fez questão de homenagear a sua avó Sônia, tocando a música “Porta de Cinema”, que o seu avô Luis Souza fez para ela.
Em determinado parte da apresentação, o músico agradeceu e saiu do palco, como se avisasse que o show havia acabado. Mas a plateia, entoando os versos de “Além do que se vê” do começo ao fim, fez o Camelo voltar ao palco, avisando: “Já que vocês querem mais, vou ficar tocando minha músicas até amanhã. Não preciso voltar para casa, pois todo mundo que me espera, está aqui (fazendo referência à sua família)”.
Marcelo então tocou “Conversa de Botas Batidas” que, segundo ele, nunca havia apresentado daquela forma. E o bis continuou com mais cinco canções. “Luzes da cidade”, “Teus olhos”, “Meu amor é teu”, “Samba a dois”, “Pois é”, “Fez-se mar”, “Tá bom”, “Doce Solidão”, “Liberdade”, “A outra”, “Cara Valente” “Casa Pré-fabricada”, “Morena”, “Santa Chuva”, “Ô ô” e “Dois barcos”, não necessariamente nesta ordem ou nesta parte do show, foram apresentadas naquela madrugada. Em muitas ocasiões, o músico parava de tocar seu violão convencionalmente, e o fazia de instrumento de percussão para acompanhar o canto da plateia. Em outras, Camelo regia o coro apresentado pelo público, tal como um maestro, escolhendo qual o lado da plateia entoaria qual verso da canção.
Depois de duas taças de vinho e muitas canções apresentadas, o show terminou de forma surpreendente: Camelo tocava “Além do que se vê”, a mesma que o público entoou para a volta do artista ao palco naquela madrugada, quando um trompetistas e um trombonista surgiram atrás da plateia. Eles foram para o meio do público, que os acompanhava cantando, como fez durante toda a apresentação. As pessoas permaneceram até o final da canção, mesmo sem o Barbudinho ao palco, que já havia se despedido à esta altura, com a vontade de ficar ali por muito mais tempo.
Fotos por Jéssica Menezes e Paula Marques.