“Aquele olhar é só ele que tem,
aquela voz engraçada também.
Vou me ligar em todos os seus lançamentos!”
– Eu vou baixar,
por Matheus Mota em “Desenho”.
Segundo semestre de 2012 e, mesmo após já ter lançado algumas várias músicas, Matheus Mota, sua voz engraçada, como ele próprio descreve, e seus sintetizadores mesclados a letras icônicas e provenientes de seu próprio cotidiano conturbado e movimentado entre Recife, São Paulo, o caos de ambas as metrópoles e seus personagens característicos, certamente chamaram atenção em meio a todo o clichê das bandas mais populares e até as novas, que lançaram álbuns durante a mesma época.
“É um sentimento do momento”
Descreveu Matheus, em singelas palavras, “Desenho”, seu ilustre disco, lançado em 2012.
Pergunto sobre a similaridade entre suas letras, que, em grande parte referem-se à situações corriqueiras ou histórias cotidianas:
“Há muita ficção na minha música, não trabalho só com entorno e realidade.
Procuro dosar, por que aí vira puramente confissão, quando não é apenas o caso…
Esse tipo de confusão pode acontecer porquê há muito o uso do “eu” em diversas músicas.
É claro que preciso me basear em muita coisa que vivi,
mas se não há algum tipo de artesania no discurso, vira reprodução de confissão.”
É engraçado e também interessante, fortalecer a multiplicidade de Matheus e sua mente voltada para as mais diferentes formas de representação de arte, não decepcionando em nenhuma delas, sempre mantendo sua forma singular e incomparável de lidar com as mesmas. Uma boa denúncia de tal fato, é que além dos dotes artísticos em seus desenhos e ilustrações, como a que estampa a capa de seu último disco, ele se descobriu músico ao se encontrar na necessidade de compor trilha sonora para seus curtas.
“Eu queria fazer pros curtas, comecei a buscar entender música pra isso…
Mas eu não faço curtas desde 2004, justamente quando comecei a levar musica a sério.”
Procurei então saber o porquê da falta de tal conteúdo, se houve desistência da linguagem áudio visual e, se de fato ocorreu isso, qual o motivo:
“Eu fazia filme amador e não tinha muita qualidade…
Fazer vídeo se tornou acessível, mas não barato.
Eu nunca me afastei, todos os meus empregos foram ligados
a vídeo pra publicidade, cinema ou animação, mas nunca mais produzi nada.
Basicamente é isso, nunca existiu musica pra curta, eu tenho a vontade, mas anda difícil.
Eu procuro fazer os curtas imaginariamente, ao compor as musicas.
E isso vem sendo muito presente no novo disco.”
Porém, o que se esperar, desde então, de alguém imensamente recheado de boas histórias, estórias e criatividade tão forte, pronta pra ser exposta, mas encontra-se meio quieto demais, de uns tempos pra cá, já que, apesar do lançamento do “Pombo Amigo”, e-book rico em crônicas valiosas, com bastante bom humor (clique aqui e faça o download do e-book), e muitos shows, 2013 passou meio apagado, sem lançamentos musicais, para Matheus? Conversamos então sobre esse seu novo disco citado acima, que deve ser lançado em breve e que, não pretensiosamente, chega também pra sanar tal ausência de conteúdo:
“Tem sido difícil terminar ele, mas ele tá bem adiantado.
É bem diferente do desenho, outra sonoridade, mesmo.
Mantém talvez o meu estilo, mas não sei definir isso bem.
Cabe ao ouvinte”
E pelo que se observou, durante a conversa tranquila com o Matheus, cabe também ao ouvinte ficar de olho e ligado que, em breve, poderão aparecer mais novidades sobre o novo disco e sobre os shows de uma figura das mais excêntricas da nova música pernambucana.