Los Hermanos: O que Não Volta Mais

Sei que é de outro álbum, mas a imagem é linda.

No final dos anos 90 uma banda formada nos corredores da PUC-RJ tomou o Brasil de assalto. Marcelo Camelo e Rodrigo Barba estavam decididos a montar uma banda diferente de tudo que existia na música nacional e depois da entrada de Bruno Medina, Rodrigo Amarante e Patrick Laplan, o grupo daria seus primeiros passos gravando duas demos. A qualidade do material, recheado de letras falando sobre o amor e misturando ska com mpb e hardcore, acabou rendendo um contrato e o lançamento do disco homônimo em 1999.

O Los Hermanos era um ilustre desconhecido do grande público e quando lançou o clipe de “Anna Julia” na MTV, o público jovem simplesmente pirou. Era a versão nacional do The Wonders (aquele filme dirigido por Tom Hanks) e o clipe era estrelado por uma Mariana Ximenes em começo de carreira. A música virou um sucesso tão grande que até mesmo o ex-beatle George Harrison chegou a gravar uma versão. Mas o preço da fama foi alto demais e a banda cansou de repetir a música em suas apresentações e a riscou do repertório por muitos anos.

O debut conta ainda com as clássicas “Tenha Dó” (que abre o disco), “Pierrot” (outra canção que a banda ficou anos sem tocar ao vivo), “Quem Sabe” (essa era das poucas músicas presentes em praticamente todos os shows), “Primavera” e, uma das minhas favoritas, “Azedume”. As letras sempre foram o principal atrativo do Los Hermanos, mas aqui elas se misturam com uma parede sonora criada pelos belos e contagiantes arranjos dos metais.

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Los Hermanos numa apresentação no programa O+, com Otaviano Costa, lá em 99 – algo que seria altamente utópico nos anos seguintes da banda.

O primeiro disco nunca conseguiu o mesmo reconhecimento dos albuns seguintes. Seria uma grande heresia dizer que o debut dos cariocas consegue superar o feito realizado com o sensacional Ventura, mas será que ele fica mesmo tão atrás? Anos atrás, pouco antes do lançamento do 4, eu era um desses fãs incondicionais da turma liderada por Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante.

Porém a febre em torno da banda cresceu de uma forma assustadora e as músicas novas já não conseguiam manter a magia dos primeiros discos (e estavam bem longes de serem consideradas ruins também) e acabei me afastando dos shows e de todo aquele fanatismo. Por acaso cheguei a conferir o último show do grupo em Belo Horizonte e na época, eles já tinham vencido o preconceito com “Anna Julia” e diversas outras canções do primeiro disco tinham presença garantida nos shows.