Leo Cavalcanti, Nada Surf, Mundo Livre S/A, Otto, Buraka Som Sistema e Outros @ Abril Pro Rock, Recife-PE 22/04/2012
Depois de receber Ratos do Porão, Exodus, Brujeria, Firetomb e Leptospirose, entre outras bandas, no segundo dia do festival, o palco do Abril Pro Rock fechou sua vigésima edição em grande estilo. Na programação: Bande Dessinée, Strobo, Ska Maria Pastora, Leo Cavalcanti, Nada Surf, Mundo Livre S/A, Antibalas, Otto e Buraka Som Sistema. Nomes locais, nacionais e internacionais reuniram as cerca de 3 mil pessoas numa energia contagiante. Além das atrações musicais, quem passou pelo festival durante o final de semana pode visitar ainda estandes de camisetas de bandas, pôsteres, CDs, livros, revistas e outros achados.
Com 40 minutos de atraso, quem abriu a noite foi a pernambucana Bande Dessinée. Lindamente grávida de sete meses, a vocalista Tatiana Monteiro conseguiu animar o pequeno público de aproximadamente 50 pessoas que se formava no finalzinho da tarde de domingo. O sexteto entoou as faixas de seu primeiro álbum Sinéequa non – que significa “algo indispensável” – com o acompanhamento de grande parte da plateia. E não só o nome da banda tem origem francesa; a influência de Serge Gainsbourg e Brigitte Bardot se mistura ao jazz e rock, formando um trabalho bem próprio e original. Grande parte das letras também são em francês, além de italiano e português.
À medida que mais gente chegava ao Chevrolet Hall, foi a vez da bateria experiente, da guitarra e dos arranjos psicodélicos da dupla paraense Strobo entrar em cena e surpreender a todos com sua música instrumental. Na ocasião, o RockinPress conversou com o baterista Arthur. “A banda tem menos de um ano, então ter sido chamado pra tocar num festival como o Abril Pro Rock foi bom demais. A gente tá terminando nosso quarto EP agora e já temos um CD, que na verdade são os nossos dois primeiros EPs juntos. Fomos chamados depois de termos divulgado o clipe gravado ao vivo da nossa música “Bizarro Dance Club””, disse.
Ao perguntarmos como foi esse processo criativo de juntar tantas influências, Arthur respondeu que o guitarrista Leo trouxe influencia do tecnobrega, enquanto ele estava mais ligado à música dos anos 80 e artistas como Led Zeppelin e Kraftwerk. “Foi muito bom termos o reconhecimento do público pernambucano hoje. A galera dançou sem preconceito e abraçou a nossa música”, finalizou.
O grupo local Ska Maria Pastora continuou na tentativa de animar o público. Mas estranho foi que ao tocar a música do carnaval local, o “Hino do Elefante”, pouquíssimas pessoas entoaram o refrão, quando em pleno domingo de carnaval pode-se ouvir por todas as ladeiras de Olinda os versos da música. O que mais animou a plateia foram os quatro CDs jogados pela banda ao longo do show.
Quando foi a vez do paulista Leo Cavalcanti, uma pequena legião de fãs correu para a frente do palco e revelou saber todas as músicas do cantor. Este, vestido de um conjunto verde florido originalíssimo, soltou sorrisinhos para a platéia e contagiou a todos com sua música e energia. Além de cantar Inalcançável Você, Religar, Acaso e Sem Desesperar – faixa gravada com Tulipa Ruiz-, entre outras, Leo explicou que o avô que ele não conheceu era de Pernambuco e que, assim como o nome do seu Cd é Religar, ele estavam se religando com suas origens tocando no Recife.
A primeira atração internacional da noite, o Nada Surf, pareceu agradar a uma parte do público que conhecia as letras e soltou um “é nossa primeira vez aqui” em português que, como quando todo gringo fala na língua local, levou a uma chuva de aplausos. Mas ficou um pouco fora de sintonia com o restante da programação.
Na sequência veio uma das bandas que tocaram na primeira edição do Abril Pro Rock e uma das fundadoras do movimento Manguebeat: Mundo Livre SA. A banda liderada por Fred Zero Quatro iniciou o show com Constelação Carinhoca, do seu último disco, Novas Lendas da etnia ToshiBabaa,. Como sempre, o grupo conseguiu juntar o público fiel do Recife que cantou em coro Musa da Ilha Grande, Meu esquema e Computadores fazem arte,tocada por Chico Science e Nação Zumbi no primeiro APR.
Já perto das 23h00 subiu ao palco a segunda atração internacional e a terceira banda instrumental da noite: Antibalas. Com sua batida africana e suas raízes do ska e no reggae, a plateia já grande se deixou contagiar e se animou de vez, preparando-se para o show que veria a seguir, do pernambucano Otto.
Com uma camiseta do recém-formado movimento Ocupe Estelita – em protesto a um projeto de construções no Cais de Santa Estelita do Recife-, o cantor mostrou mais uma vez sua preocupação com o projeto urbano da cidade, como já havia feito em seu show de janeiro, na prévia carnavalesca Enquanto Isso na Sala de Justiça, com outro projeto. Acompanhado pelo guitarrista Fernando Catatau, Otto também relembrou sua passagem pelo primeiro Abril Pro Rock, quando ainda fazia parte do Mundo Livra SA. Além de descer do palco e cantar junto com a plateia, o cantor ainda chamou ao palco Ortinho para a música 6 minutos e Gilmar Bola Oito (da Nação Zumbi) para cantar Da Lama Ao Caos, música homônima do primeiro CD da banda.
E quem encerrou o festival já na madrugada da segunda-feira foi o kuduru do Buraka Som Sistema. Difícil era ficar parado diante da apresentação da banda anglo-portuguesa composta por três vocalistas, dois bateristas e um DJ e uma energia mais do que contagiante.