Lencinho: Pensando aqui…
Você conhece um agente social? Não, não estou falando de um cargo de um governo, ONG ou entidade filantrópica. E sim de pessoas que com sua vontade e seu conhecimento conseguiram fazer a diferença na vida de outras pessoas para que elas não virassem simples estatísticas.
A juventude está nas ruas. Isso todo mundo já sabe. Um clima “panela de pressão” no ar. Há quem diga, faltam líderes. E acreditem, tem muita gente querendo ser líder. Ou dono da grande ideia. Gente que agora está reunida com um monte de idéia e, sem ironias, com a melhor das intenções. Mas serão capazes?
– Você vive na Zona Sul e passa na Zona Oeste! – ouvi de uma namorada aos vinte e poucos anos. E ela tinha razão. Vinha pouquíssimo em casa. Vivia em estudos de sociologia com amigos que queriam mudar o mundo, mas tinham preguiça de ir ali no Méier. E escrevo isso sobre pessoas que até hoje são meus amigos e hoje, auxiliados com as devidas reflexões que o tempo trás, reconhecem eles mesmos essa crítica aqui que faço.
Não me considero um agente social porque acho que não faço a diferença para as pessoas. Moro longe do Centro da cidade, mas mentiria se dissesse que atuo diretamente com quem mora ao meu redor. Agora, o que vejo, é que uma mudança real e significativa nas “estruturas” só vai existir com a participação da juventude dos bairros mais distantes e das comunidades.
Por isso que iniciei o texto falando de agentes sociais, ao invés de líderes. Não sei se é o termo correto, mas eu falo de gente que está dando voz a uma juventude que tem muito a falar e desempenhar. Alguns desses agentes são até conhecidos de uma boa parcela da sociedade, outros serão conhecidos apenas em seus locais de atuação, mas ambos cumprem um papel político na vida dos jovens com quem atuam, muito mais importante que o Estado ou o militante socialista bem intencionado conseguiram em todos os seus discursos ou carta de intenções.
O jovem da periferia, das comunidades, dos bairros distante tem acesso a internet, busca cultura e não quer apenas receber um diagnóstico das possíveis mudanças. Ele quer fazer com as próprias mãos/vozes/artes estas mudanças! É preciso envolvê-lo!
E nestes tempos em que todo mundo anda tão por dentro das verdades, não quero dizer que moradores da zona Sul não devem protestar, nem poder total para o povo e vamos aos enforcamentos. Somente defendo que o diálogo deve se ampliar. Outro dia um típico pai moralista de subúrbio, destes que rapidamente ganharia a alcunha de “reacionário”, conversava comigo e disse: “quem está batendo é a polícia, e não a garotada”. Ele não viu isso na Globo. Ou o filho mostrou ou ele mesmo viu em sua conta em alguma rede social. A forma de se receber e compartilhar as informações mudou para todo mundo. Esse senhor deve ter assistido o Jornal Nacional, mas optou por aceitar a imagem que alguém gravou no sei celular ou coisa do gênero.
O mundo segue mudando e vivemos um momento bem interessante. Só não deixe a sua vontade de mudar ser tomada pela pretensão de que só você quem sabe das coisas!