Lencinho: Eu acredito é na rapaziada!
Fui conferir um ótimo espetáculo no Teatro Municipal Clara Machado. O nome do achado é MUNDO GRAMPEADO – Uma ópera tecno-tosca. Está em cartaz as terças e quartas. Se você ler essa parada assim que for ao ar, talvez tenha a chance de ver as quatro apresentações previstas para acontecer (que acontecem dia 28 e 29/05 e 04 e 05/06). E no dia que cheguei em casa amarradão do espetáculo, a tal timeline ininterrupta da rede social encheu a tela de imagens de um show dos flautistas da Proarte fazendo uma grande homenagem para o Milton Nascimento. Inclusive com a presença do próprio!
E fico muito feliz de ver que vários desses jovens artistas, alguns conhecidos próximos, outros que não sei nem o nome, tiveram suas primeiras oportunidades, vivências e experiências no palco e na plateia da MoLA, a Mostra Livre de Artes do Circo Voador, no qual faço parte da produção desde a primeira edição, em 2005. Constatar isso dá uma sensação tão boa na cabeça e no corpo! Mais do que qualquer coisa que eu já tenha experimentado para alterar minhas percepções. E olha que não estamos falando de uma lista pequena!
Não escrevo isso para puxar sardinha para o meu lado, mas porque é bom de vez em quando sentir alegria por trabalhar em movimentações que geram encontros e esses encontros potencializam novas movimentações. A roda gira. A roda voa. A roda passa. A roda só não pode ficar quadrada. E por isso que a juventude sempre tem que ter seu espaço e se não tiver tem que conquistar. E o texto que o Ricardo Chacal postou recentemente no Facebook sobre a fissura dos editais é muito pertinente. Cito um trecho: “em vez de editais, bolsas às pesquisas de linguagem e criar um grande circuito universitário colegial de modo que a arte entre nas escolas como forma de potencializar o conhecimento. aí quem sabe em alguns anos, o artista possa viver dignamente de bilheteria e do reconhecimento do público, numa sociedade mais cordial e bem informada.”
A coisa como é pode ser algo muito prejudicial no que diz respeito à construção da cultura. Ainda mais na questão dos jovens. Estes, de todos os bairros, classes e crenças, devem ser sempre potencializados, pois a juventude é o momento de buscar os porquês, os sentidos, os poréns. Camisa aberta sem medo de resfriado. Jovens tem que se encontrar, se olhar, se tocar. E, principalmente, jovens tem que falar. Para jovens e para todos. Diziam que o Asdrúbal Trouxe o Trombone só falava do umbigo, mas eles falavam da juventude deles. E assim foram importantes para uma geração. Como a turma do Planet Hemp, quando fundada pelo Skunk, eram de jovens falando do seu comportamento e dos seus hábitos. E tiveram os jovens barbudos que ninguém entendia muito porque misturavam letras de amor com hardcore, mas mesmo enfrentando pré-conceitos foram adiante com o nome Los Hermanos. E foram bem longe mesmo.
Vinícius de Moraes já dizia que a vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida. A arte do encontro da juventude é uma rede em potencial de um grande encontro de arte! Exemplos existem. Mas precisam se multiplicar!