Just a Fest: Radiohead
A noite era doce no Rio de Janeiro. Avisos no minúsculo telão davam conta de ‘pedidos’ do Radiohead contra mosh e flashes, palavras em inglês não? O que mais aguardamos assistir, ver e sentir a não ser as feições ‘weird’ de Thom Yorke, um ‘nós somos Radiohead’ em sonoro português e as primeiras batidas de “15 Steps”? Assim começava o primeiro, e tão esperado show do Radiohead no Brasil.
Um desfile único de músicas inovadoras tocadas pelos seus próprios criadores no meio de uma multidão de apaixonados pelo som delirante do Radiohead no Rio de Janeiro. Pérolas como “There There” e “Idioteque”, fizeram o público tremer e cantar a plenos pulmões cada verso da música. Aquele palco jamais foi tão bem aproveitado como no primeiro show da banda em nossas terras. Quem não ficou em êxtase ao ver o brilho de “The National Anthen” ou “The Gloaming”?
O público foi um caso a parte. Apesar de eu achar que estava um tanto fraco, parece ter agradado fácil Colin Greenwood, que não parava de pular com seu baixo em punho. O set-list foi muito bem dividido, arrisco dizer que até melhor que o de São Paulo, trazendo “Air Bag”, “Street Spirit (Fade Out)” e “Just”, verdadeiros hinos da banda. Ainda, claro, teve o feito já corriqueiro dessa turnê, que foi a execução de todas as músicas do In Raibowns, último álbum do grupo. Dou destaque para “Nude” e a iluminação dos cilindros, “Faust Arp” e o duo Thom e Johnny, “All I Need” com as palmas do público terminando a música junto com Thom e a guitarra, e “Bodysnatcher”, que me fez parar na frente do palco, DANÇANDO!
Não dá para esquecer o coro emocionado de “Karma Police” – e o público acompanhando junto o fim da música – a emoção de ouvir “No Surprises”, a loucura de poder gritar em “Paranoid Android”, ver Thom errar a letra de “Everything in it Right Place” e terminar, de maneira esplêndida, com o clássico “Creep”, que é simplesmente uma música imortal.
São duas horas e vinte minutos de show. Foram 25 músicas. Acabou por volta das 01:00 e alguma coisa da madrugada, quando eu já não me importava se eu ainda estava vivo, mas ainda dava tempo de ir para São Paulo e ouvir isso tudo de novo… E eu fui…
Depois de mais ou menos uma hora escutando reggae e vendo os últimos preparativos sendo feitos no palco, as pernas já dormentes, o show do Radiohead, no Festival Just a Fest em São Paulo, finalmente começa, por volta das 22h da noite do último domingo. Começando novamente com “15 Step”, o público gritou em êxtase, quase que soando um “finalmente”, depois de anos de espera por aquele momento. Com um “Boa Noite” do Thom, a banda seguiu com “There There” – foi aí que os malditos telões deram defeito – e depois com “The National Anthem”, onde nesta entrou trechos de algumas rádios locais da cidade, causando estranhamento em algumas pessoas ali presentes.
Também tiveram músicas de álbuns mais antigos, como “Karma Police” e “Paranoid Android”, o público cantou em coro forte junto com a banda. No fim desta última música, os fãs puxaram o trecho ” Rain down, rain down/Come on rain/down on me/From a great high/From a great high…high..”, enquanto Thom Yorke vinha com a última estrofe da canção, fazendo um back vocal perfeito. Foi lindo. Ainda mais quando veio na sequência “Fake Plastic Trees”, deixando todo mundo louco de emoção. O primeiro bis foi, sem dúvida, um dos melhores momentos do show.
O segundo bis começou com “House of Cards”, única faixa que faltava ser tocada do In Rainbows, terminando com “Everything In Its Right Place”. E era pra acabar por aí.
Mas talvez pelo fato de ser o último show da tour no Brasil, ou pelo fato dos fãs não estarem demonstrando nenhuma vontade de ir pra casa, ou pelos dois fatos, ou por nenhum deles, a banda retornou. Com um “guess what is that?” do Thom, já ficou meio na cara qual seria a faixa: “Creep”. Assim, o Radiohead fechou a noite de maneira brilhante, junto com a chuva de aplausos vindo do público, que ainda não queria ir embora, mas depois que começou a rolar umas músicas indianas ou sei lá o que era aquilo, ficou na cara que era o fim.
Com uma faixa a mais e incluindo “Fake Plastic Trees” no set, muitos podem ter achado o show do Radiohead em São paulo melhor que aquele que aconteceu no Rio na última sexta. Mas é difícil de dizer. A única coisa que pode-se ter certeza é que foi um show belo e inesquecível, onde o mais louco dos esforços valeu a pena. E quem não foi, perdeu bonito.
Rio de Janeiro – Apoteose |
São Paulo – Chácara do |
15 Step Bis 1: Bis 2: |
15 Step Bis 1: Bis 2: Bis 3: |
por Nina Cairo e Marcos Xi