“Japanese Food” e a singularidade de Giovani Cidreira
Japanese Food percorre um espaço muito específico e complexo. Ao apresentar sons que parecem eclodir pelos ouvidos vemos Giovani Cidreira levar seu trabalho ao limite. O primeiro álbum de estúdio do baiano é uma amplitude de possibilidades.
Cada faixa carrega uma sonoridade específica. Entre letras que vão do passado para o presente em questão de segundos, até a forma como o ritmo, quando os versos são pronunciados, se estabelece. Cada pedaço, que pode parecer não calculado ou pensado, mostra o tom experimental do álbum sem deixar de apresentar um som único e preciso.
A trajetória de Cidreira não começou agora, ele que já foi integrante do grupo Velotroz, traz consigo diversas referências que se apresentam nesse trabalho de maneira não óbvia. Chega a causar certa estranheza a forma como a melodia é tratada em certas canções, e com precisão, ele consegue sair de uma linha mais próxima da mpb ou do pop – como seu EP propôs – para caminhar por um som experimental cheio de nuances.
Há uma diferença entre ouvir o disco em sequência e encarar as particularidades de cada música separadamente. O formato do trabalho funciona, e muito bem, enquanto unidade. Separadamente a sensação é outra.
Em 50 minutos Giovani é capaz de levar o seu ouvinte do encanto a amargura, através de suas letras e induzi-lo a adentrar suas melodias e as mudanças bruscas presente nas faixas. Isso, em nada compromete a sagacidade da obra. Pelo contrário, reafirma seu caráter inovador e crescente.
A direção musical é assinada por Tadeu Mascarenhas e a mixagem pelo cantor e produtor Diogo Strausz. O disco saiu pela Balaclava Records / Natura Musical e está disponível nas plataformas de streaming para audição.