Incubus: Morning View – O Disco da Manhã

Em meados de 2002 o meu gosto musical era quase que resumido ao Nirvana. Claro que escutava e conhecia várias outras bandas, principalmente em tempos de internet e trocas frenéticas de arquivos em mp3. Foi dessa maneira que uma ex-namorada me enviou uma música chamada “Drive” e disse que aquela deveria ser a “nossa música”. Com mulher a gente não discute, não é verdade? Pouco depois conheci “Wish You Were Here”, mas ainda não sabia o que era o Incubus.

Dois anos depois, quando já podia arriscar minhas notas no baixo durante ensaios de minha banda, comecei a ouvir e conhecer melhor a banda de Brandon Boyd. O motivo principal eram os solos de baixo e os slaps poderosos do baixista Dirk Lance. O primeiro album inteiro que ouvi dos caras foi justamente o Morning View, embora gostasse muito mais do SCIENCE e dos slaps velozes e agressivos de “Redefine”. Mas assim como a banda mudou muito com a saída do baixista no album seguinte, percebi o valor daquele disco com o passar dos anos.

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Morning View Sessions completo no tubão

Hoje em dia é praticamente impossível não ouvir o Morning View pelo menos uma vez por mês. (Na verdade estou mentindo, eu escuto a droga do disco praticamente todos os dias enquanto saio de casa para o trabalho). A abertura do disco (que também foi a abertura épica da apresentação no Rio de Janeiro em 2007) com “Nice to Know You” é como um elixir de empolgação. É quase como um talismã, uma “segurança” de que terei um dia vitorioso e sem problemas. Difícil dizer exatamente o que torna essa música tão boa. Seria a riff do baixo? Seriam os efeitos da guitarra? Seria o ritmo quebrado da bateria? A única resposta que tenho é que trata-se do Incubus, uma banda onde tudo se encontra e soa perfeito.

Com uma música de abertura dessas, a impressão é que os caras estavam no auge do processo criativo. Misturando peso (“Circles” e “Have You Ever”) com sensibilidade (“Wish You Were Here” e “11 Am”), o Incubus lançou em 2001 o seu album clássico e que até hoje não foi superado. A verdade é que por melhor que seja o momento técnico dos integrantes, a magia apresentada durante a composição de Morning View dificilmente será repetida no futuro. É uma outra banda, uma outra história.

Vale prestar muita atenção nos arranjos vocais em “Warning”. Assim como a banda fez em “Stellar” (faixa do disco Make Yourself, incluso na lista do livro dos 1001 Discos Essenciais), o vocalista Brandon Boyd gravou uma voz mais grave e outra no seu tom habitual. O resultado é lindo. Todavia a beleza de Morning View mora na canção “Echo”, uma das baladas mais apaixonantes e suaves da carreira da banda. O refrão é de dar água na boca, não apenas pelos versos, mas por conta dos arranjos dos instrumentos de corda.

O disco, diante toda beleza e agressividade, tinha que dar o devido espaço para a libido e é no funk “Are You In?” (recomendo que assistam o clipe) que a turma de Boyd mostra todo seu poder de sedução. Mais insinuante que isso, só se você somar um copo de vinho para o seu encontro romântico. Só não espere preservar as roupas depois… A tranquila “Aqueous Transmission” encerra o disco com um toque indiano que nos faz fechar os olhos e aproveitar o momento.

Lamentavelmente o disco é artigo raro no Brasil. Nunca consegui encontrar em nenhuma loja online e muito menos nas lojas físicas de Belo Horizonte. Morning View é o melhor disco do Incubus e absolutamente essencial para a coleção de qualquer fã de rock alternativo.